A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
prevê que o comércio varejista vai oferecer 138,7 mil vagas de trabalho
no fim deste ano, o que equivale a crescimento de 0,8% em relação ao
mesmo período do ano passado. “Se fizermos uma série histórica do
crescimento dos trabalhadores temporários, será o pior resultado desde
2009. É um crescimento fraco, mas, ainda assim, é um crescimento”,
informou o economista Fábio Bentes, da CNC, à Agência Brasil, acrescentando que o período de contratações ocorre entre setembro e novembro.
Apesar
disso, estimou que os postos temporários vão contribuir para a
recuperação dos empregos no setor. Dados mais recentes do Cadastro Geral
de Empregos (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, indicam que o
comércio varejista acumula redução de 78,2 mil postos de trabalho, de
janeiro a julho. “Em todas as datas comemorativas, este ano, o setor
perdeu força em comparação com o ano passado. Por isso, o fator sazonal
ficou mais evidente, mas sem dúvida alguma vai fechar o ano no azul”,
contou.
O economista explicou que o número de vagas costuma
acompanhar o resultado das vendas. No ano passado, as contratações
temporárias aumentaram 3,2% em relação a 2012, para atender à expansão
de 5,1% das vendas. A previsão para este ano é uma elevação menor, de 3%
nas vendas, com movimentação financeira de R$ 32,5 bilhões. Ele
acrescentou que o melhor Natal no histórico recente foi em 2010, quando
as vendas subiram 9,5% e a contratação 7,2% na comparação com 2009.
O
ramo de vestuário e calçados, que em geral abre mais vagas, por causa
do impacto das vendas de fim de ano, deverá responder por quase metade
(48,7% do total) das contratações. Somente em dezembro, o faturamento do
setor costuma crescer 90% em relação ao mês anterior, por causa do
fator sazonal. “Isso acontece porque, dos segmentos do varejo, é o [ramo
em que] se encontra produtos com valores unitários relativamente
baixos. A pessoa que está com pouco dinheiro compra produtos de R$ 10 ou
R$ 15 e consegue presentear. Mesmo em anos em que o varejo não vai bem
ele se destaca”, comentou Fábio.
O segmento de hiper e
supermercados, que historicamente é o maior empregador do comércio
varejista, deverá ficar em segundo lugar com 26,1 mil postos temporários
(18,9%). Se a estimativa se confirmar, haverá elevação de 2,7% em
relação às 25,5 mil vagas temporárias criadas no fim de 2013.
Ainda
de acordo com a CNC, o maior salário de admissão deverá ocorrer no ramo
de farmácias e perfumarias (R$ 1.142), mas em contrapartida o segmento
deverá ofertar apenas 3,8% das vagas totais a serem criadas no varejo.
Bentes
disse ainda que a falta de crédito mais barato vai prejudicar as vendas
no segmento de eletrodomésticos, móveis e eletroeletrônicos. “O crédito
que a pessoa física toma no banco está muito mais caro. Isso vai
atrapalhar as vendas, que dependem do crédito”, destacou.
Segundo
ele, tradicionalmente 15% das vagas temporárias são absorvidas pelo
mercado de trabalho, mas este ano ele não acredita que isso se repita,
porque o comércio não está com o mesmo desempenho de períodos
anteriores. “É um momento de cautela, e envolve um custo relativamente
elevado. Certamente, o empresário vai esperar a virada do ano para ver
se retoma as contratações”, esclareceu.
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