segunda-feira, 11 de julho de 2016

Olimpíada do Rio aumenta o risco de golpe pela internet

Mais ataques são esperados na web.Vendas diretas também merecem atenção

A menos de um mês da abertura dos Jogos Olímpicos, o consumidor precisa estar mais atento do que nunca para não se tornar um alvo fácil de fraudes digitais. É que hackers costumam usar datas comemorativas e eventos de grande apelo popular, quando cresce o número de transações pela web, para ludibriar internautas, ao enviar e-mails com promoções e ofertas tentadoras, muitas delas, inclusive, relacionadas ao evento. Com um simples clique, ao abrir a mensagem ou fazer o download de um arquivo, o incauto facilita o acesso de golpistas a dados pessoais.
— Durante datas especiais, o fraudador vai atacar com mais ênfase, com certeza, pois há um acúmulo de transações, mais gente comprando. Temos o exemplo da Copa do Mundo no Brasil, quando houve, por exemplo, um golpe com venda de ingressos falsificados — lembra Gerson Rolim, diretor de Comunicação da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Câmara e-Net).
Um golpe comumente aplicado a usuários de meios digitais é relativo ao sistema bancário. E-mails enviados como se fossem dos bancos pedem informação de senhas, dados cadastrais e de cartões de crédito com a intenção de clonagem e uso indevido para compras. De acordo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), investem-se anualmente cerca de R$ 2 bilhões em sistemas e ferramentas para garantir operações mais seguras. Entretanto, afirma a federação, o comportamento do cliente é crucial para amenizar riscos.
A Febraban alerta que, quando o banco liga para o cliente, nunca pede que a senha seja informada ou digitada. Isso só ocorre quando a ligação parte do cliente, a fim de realizar alguma transação.
Embora as fraudes digitais sejam as mais comuns, no dia a dia o consumidor se vê vítima de golpes das mais diversas naturezas. Um dos que vêm se popularizando é o da cobrança, por telefone, de taxa para habilitar serviços que seriam, de fato, instalados naqueles dias, em nome de operadoras. A taxa, porém, não parte da empresa.
Até numa venda olho no olho, deve-se estar atento às armadilhas. Um exemplo de golpe de venda pessoal é o do curso on-line “Meu Livro, Minha Vida”, de reforço escolar, que já levou mais de 200 pessoas a recorrerem à Justiça do Rio. Após o pagamento da taxa de adesão, não se consegue acessar a página do curso, muito menos cancelar o contrato e receber o reembolso do valor gasto. O juiz Flavio Citro, do Tribunal de Justiça do Rio, alerta:
— O maior risco estão em contratos firmados por impulso, sob a pressão do vendedor. 
ARMADILHAS A EVITAR
1. ‘Phishing’, a fraude eletrônica mais praticada no Brasil
Os golpes pela internet são os mais temidos, e os que mais se multiplicam em datas comemorativas e durante grandes eventos como a Rio 2016. Um dos mais praticados no Brasil é o phishing, fraude caracterizada por uma tentativa de obter dados sigilosos. De acordo com Gerson Rolim, diretor de Comunicação da Câmara-e.net, o fraudador manda um e-mail travestido de uma marca conhecida — como lojas, empresas de serviço ou bancos. Ao acessar o link, o usuário cai em um site pirata, com aparência e endereço muito parecidos com o verdadeiro. A melhor maneira de saber se um site é verdadeiro é verificar se o endereço é precedido por https e clicar no cadeado que aparece no início da página, que é uma certidão digital. Contra os malwares — softwares destinados a se infiltrarem em um sistema de computador para danos, alterações ou roubo de informações —, manter um antivírus atualizado é o melhor remédio, diz Rolim. Ele acrescenta que há programas antivírus gratuitos e eficazes.
2. Empresa se passa por operadora de telefonia para cobrar taxa
A consumidora Ana Ferro caiu num golpe no mês passado. Na semana em que seria instalado o pacote de internet e telefonia fixa da antiga GVT, recebeu uma ligação, de uma mulher que se dizia atendente da empresa, pedindo os dados do seu cartão de crédito e CPF para cobrança de uma taxa única, de R$ 24,90 , para a conexão remota de seu computador com a internet. Ela acabou fornecendo as informações, e a taxa foi debitada. Só depois acendeu a luz amarela, e Ana confirmou com a operadora que a cobrança não existia. O caso dela não é o único, segundo o técnico responsável pela instalação. Lilian Ribeiro, cliente da Oi, relatou a mesma tentativa de golpe. Em ambos os casos, o telefone de origem da chamada era o mesmo, 021 4062-9025. A Vivo, que comprou a GVT, informa que não solicita a clientes o número do cartão de crédito para pagamentos, não efetua cobrança de serviço por débito em conta corrente ou boleto à parte, não tem parceria com companhias de instalação nem autoriza outras empresas a falarem em seu nome. A Oi não quis comentar o golpe. Tentamos contato com o telefone que originou as ligações, mas só dava ocupado. 
3. Atenção redobrada nas transações bancárias
As transações bancárias, seja nos caixas eletrônicos ou no e-banking, devem receber uma atenção especial do consumidor, principalmente durante os Jogos. A primeira recomendação da Febraban é nunca revelar a senha a terceiros, mesmo a quem se identifique como funcionário do banco. Também não se entrega o cartão, nem que esteja danificado. Não se recomenda usar telefones de terceiros para acessar a conta-corrente ou ligar parta o banco, pois a senha poderá ficar registrada na memória do aparelho. Caso receba uma ligação suspeita, a orientação é encerrar a chamada e ligar para o banco, usando outra linha e certificando-se que é o número de atendimento oficial. Pedido de senha ou dados cadastrais, seja pelo telefone ou por e-mail, deve acender o sinal de alerta para o consumidor de que pode se tratar de um golpe.
4. Curso de reforço on-line deixa alunos a ver navios
Até a compra de um curso à distância, mesmo sendo feita na porta de casa, pode ser sinônimo de problemas. Que o digam os 224 consumidores que recorreram ao Tribunal de Justiça do Rio na esperança de receber o que pagaram pelo programa de reforço escolar on-line “Meu Livro, Minha Vida”. O carpinteiro Antônio Carlos Pereira, abordado em casa por um vendedor, comprou a ideia de auxiliar os estudos dos filhos que moram no Maranhão. No entanto, ao tentar cancelar o contrato, no dia seguinte à compra, não conseguiu e acabou pagando todo o valor para não ficar com o nome sujo. A empresa Comércio de Livro Fênix não compareceu às audiências. Segundo o juiz Flávio Citro, os consumidores costumam ser abordados em circunstâncias que inibem uma reflexão, gerando o que chama de contratação por impulso. De acordo com Citro, a pessoa que se sentir lesada deve ainda procurar a Delegacia do Consumidor para fazer sua denúncia. Consultada, a empresa responsável pelo programa de reforço on-line não respondeu ao GLOBO.
5. E-commerce, um prato cheio para golpistas de plantão
Entre as muitas tentativas de golpes na web, circula na rede um e-mail do Walmart oferecendo produtos com preços até 50% menores do que os habituais. Diretor de Segurança da rede americana, Bruno Motta Rego disse tratar-se de mensagem falsa, pois o endereço eletrônico e os links no corpo do e-mail não estão relacionados ao domínio da empresa na internet:
— Existem sites falsos criados com o intuito de enganar os clientes, que, após efetuarem os pagamentos, não recebem as mercadorias. Pesquise e compare os preços do produto. E desconfie caso seja muito abaixo dos praticados pelo mercado.
Na dúvida, para se certificar de que o endereço apresentado em seu browser corresponde ao site visitado, a dica é clicar o endereço com o botão direito do mouse. Se o que aparecer não corresponder exatamente ao que se diz remetente, trata-se de um golpe: delete-o.
Fonte: O Globo

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