Levantamento divulgado ontem (20) pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria GO Associados, revela que 50,3% dos brasileiros tinham acesso à coleta dos esgotos em 2015, porém somente 42% dos esgotos eram tratados. Cerca de 34 milhões de brasileiros não tinham acesso a água tratada naquele ano.
O
estudo mostra que, apesar dos investimentos feitos nos últimos cinco
anos, o país avançou pouco em saneamento básico, inclusive nas capitais.
Elaborado
com base em números do Ministério das Cidades – de 2015 – o
levantamento traça o perfil do Novo Ranking do Saneamento Básico das 100
maiores cidades brasileiras.
Coleta e tratamento de esgoto
Os
dados mostram que em 24 capitais, menos de 80% do esgoto são tratados.
Brasília e Curitiba apresentaram os maiores percentuais de tratamento,
82% e 91% respectivamente.
Nas maiores cidades, em média, 71,05% da população tinham coleta de esgoto, índice superior à média nacional em 2015 (50,26%).
"Quarenta e quatro cidades reportaram que mais de 80% da população possui os serviços de coleta de esgotos, 25 cidades informaram que menos de 40% da população conta com esses serviços, enquanto que em 8 municípios o índice ficou entre 0 e 20%. Cinco cidades reportaram 100% (Curitiba-PR, Diadema - SP, Londrina - PR, Maringá - PR e Ponta Grossa - PR), enquanto Santarém – PA indicou 0% (zero)", diz comunicado do instituto.
As
grandes cidades da Região Norte ocupam as últimas colocações no ranking
do saneamento e apresentam números bem abaixo da média nacional, na
maioria dos indicadores.
“É preocupante o fato de que 13 das 27
capitais atendam menos da metade da população com coleta de esgoto.
Situação análoga ocorre com o tratamento, em que algumas capitais tratam
menos de 10% dos esgotos gerados. Assim, se mostra fundamental um salto
em investimentos e são as capitais os municípios com maior capacidade
para tal”, ressalta Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, em
comunicado.
Ligações de água
O estudo
aponta que em 2015, em média, os 100 maiores municípios fizeram 39,61%
ligações de água faltantes para a universalização dos serviços, uma
melhora em relação aos 28,47% registrados em 2014. “Entre 2014 e 2015,
35 cidades fizeram mais de 80% das ligações faltantes de água, mas, no
entanto, 32% dos municípios realizaram menos de 20%", diz o estudo.
Em
termos absolutos, segundo o ranking, Rio de Janeiro, São Paulo e
Brasília foram as cidades que fizeram mais ligações de água.
Investimentos
Em
26 cidades, há defasagem entre apresentação de projetos e levantamento
de recursos para fornecimento dos serviços de água permaneceu entre 2011
a 2015.
“Essas 26 grandes cidades abrigam quase um quarto da
população do país, então é esperado que tenham os maiores desafios para
levar os serviços de água e esgoto à totalidade da população, mas é
também certo que são as que têm mais condições de fazer projetos e
levantar recursos para a solução. E isso não vem ocorrendo”, disse
Édison Carlos, presidente do Trata Brasil
O Plano Nacional de
Saneamento Básico (Plansab) estima que os investimentos necessários para
se alcançar a universalização dos serviços de saneamento básico são da
ordem de R$ 19 bi por ano até 2033, o que não vem acontecendo. De acordo
com o estudo, o ritmo atual é de investimento de R$ 13 bilhões ao ano.
Com isso, a meta deve ser atingida apenas após 2050.
De acordo
com ranking, de 2011 a 2015, 26 capitais (com exceção de Palmas)
investiram juntas R$ 19,44 bilhões em saneamento básico, equivalente a
63% do total investido pelas 100 maiores cidades (R$ 30,8 bilhões) e a
32% do total de R$ 60,6 bilhões investido no período.
O Ranking
do Saneamento Básico das 100 maiores cidades do país é divulgado pelo
Instituto Trata Brasil desde 2009, sempre a partir de dados oficiais
fornecidos pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico
(SNIS), do Ministério das Cidades. Os números são informados pelas
próprias empresas operadoras de água e esgotos dos municípios
brasileiros ao governo federal.
Procurado pela Agência Brasil, o Ministério das Cidades não se manifestou sobre o assunto.
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