A violência custou US$ 75,894 bilhões ao Brasil em 2014, o
equivalente a 3,14% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e
riquezas produzidos pelo país) naquele ano. O dado está em pesquisa
divulgada hoje (3) pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O
gasto com a violência no país ficou acima da média registrada para
países do Cone Sul, de 2,47% do PIB.
O valor despendido no Brasil
equivale a 53% do custo total da criminalidade na América Latina e no
Caribe. Além disso, entre 17 países analisados na região, o custo da
violência no Brasil ficou abaixo apenas de Honduras (5,84%), El Salvador
(5,46%), Bahamas (4,16%) e Jamaica (3,64%). A maior parte dos valores
gastos pelo Brasil vai para a segurança privada.
Conforme o
levantamento do BID, as despesas privadas compuseram a maior parcela dos
custos do crime em 2014, ficando em 47,9% do total. O percentual ficou
acima da média registrada para a América Latina e o Caribe, de 42,7%, e
para os países do Cone Sul, de 43,4%.
“O Brasil se destaca por
seu alto gasto com segurança privada, o que pode ser entendido como
indício do sentimento da população sobre o serviço de segurança prestado
pelo governo”, destaca o organismo na pesquisa.
No caso das
despesas com segurança pública, que corresponderam a 36,1% dos gastos
com o crime, ocorreu o inverso. O investimento brasileiro ficou abaixo
da média registrada para os demais países do Continente americano. O
gasto público médio em segurança representou 39,7% do total para a
América Latina e o Caribe e 41,4% para os países do Cone Sul.
Regiões e estados
O
estudo avaliou ainda o custo da violência de acordo com a região ou o
estado do país. Segundo o BID, “o custo entre estados e regiões [no
Brasil] é semelhante, em termos de heterogeneidade, ao observado nos
países da América Latina e do Caribe”.
Os maiores custos são
verificados nas regiões Norte e Nordeste. Em ambas, o custo médio da
violência equivale a 4,2% do PIB. No Centro-Oeste, fica em 3,1% e no
Sul, em 3%. A região brasileira com o menor gasto com criminalidade em
relação ao PIB é o Sudeste, com 2,7%. Entre os estados, o menor gasto
ocorre no Tocantins (2%) e o maior em Alagoas (6,2%).
Por outro
lado, há diferenças no tipo de gasto que predomina em cada localidade.
No Sudeste (49,5%), Sul (47,2%) e Centro-Oeste (43,2%) o gasto privado
com segurança supera o verificado no Nordeste (36%) e Norte (35,2%).
Já
o gasto público predomina no Norte (44,6%) e Nordeste (44,3%). No
Sudeste (33,3%), Sul (32,6%) e Centro-Oeste (32%), no entanto, essa
despesa fica atrás do gasto com segurança privada.
Ações
O
BID destaca a importância de fazer pesquisas futuras a fim de estudar o
custo-benefício de ações de prevenção e controle do crime. O organismo
ressalta que algumas localidades analisadas mostraram melhora na
segurança pública.
Em São Paulo, Pernambuco e no Rio de Janeiro,
por exemplo, as taxas de homicídio caíram 67%, 33% e 32%,
respectivamente, no período de 2000 a 2014. “Vale a pena rever essas
intervenções para extrair lições aprendidas para aplicações em outros
lugares do Brasil e da região”, conclui o banco.
Fonte: EBC
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