Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no início
deste ano, o Senado Federal defendeu a tramitação da reforma da
previdência, cuja suspensão foi pedida ao Supremo. A ação é relatada
pela ministra Rosa Weber.
“Não se pode calar o Parlamento com
receio de que produza solução desfavorável”, afirma a peça, que foi
divulgada hoje (2) e é assinada por quatro advogados, incluindo o
advogado-geral do Senado, Alberto Cascais.
Na ação, a
Confederação Nacional de Trabalhadores da Indústria Química (CNTQ) e
mais dois sindicatos pedem ao STF a suspensão imediata da tramitação da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prevê a alteração das regras
da aposentadoria.
A PEC 287/2016, que trata da reforma da Previdência, foi enviada pelo governo do presidente Michel Temer ao Congresso Nacional
no início de dezembro. Em poucos dias, a proposta teve a
admissibilidade aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
da Câmara, e com a volta dos parlamentares do recesso, no início deste
mês, deve começar a ser discutida em uma comissão especial.
Os
advogados do Senado argumentaram que, por ainda estar na fase de debates
no Congresso, qualquer contestação ou pedido relacionados à reforma da
Previdência deve ser encaminhada aos parlamentares, e não ao Judiciário,
que não teria poder preventivo contra propostas em tramitação.
“Só será tempestivo o controle de constitucionalidade da proposição
impugnada após seu aperfeiçoamento, porque até lá o que existe são
conjecturas”, escreveram os advogados do Senado. “Se a proposição
produzida pelo Poder Executivo não agradou aos impetrantes, a resposta
deve se dirigir a seu chefe e se limitar ao campo político.”
Os
autores da ação no STF argumentam que o texto proposto pelo governo fere
preceitos fundamentais da Constituição, incluindo cláusulas pétreas, ou
seja, que não poderiam ser alteradas por meio de uma PEC. Entre os
preceitos violados estariam a cidadania e a dignidade humana e o direito
a uma aposentadoria digna.
“A norma em si não ofende direitos. O
que pode invadir indevidamente a esfera jurídica do cidadão é a
execução de norma. Os Poderes da República não poderão executar norma
ainda em estado pré-embrionário”, respondeu o Senado.
Na semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
manifestou-se contra o conhecimento da ação, argumentando que a própria
jurisprudência do STF não permite a intervenção da Corte no processo
legislativo. Não há prazo para que a ministra Rosa Weber profira uma
decisão sobre o assunto.
Proposta
Pelas
regras propostas pelo governo, o trabalhador precisa atingir a idade
mínima de 65 anos e pelo menos 25 anos de contribuição para poder se
aposentar. Neste caso, ele receberá 76% do valor da aposentadoria – que
corresponderá a 51% da média dos salários de contribuição, acrescidos de
um ponto percentual desta média para cada ano de contribuição.
A
cada ano que contribuir a mais, o trabalhador terá direito a um ponto
percentual. Desta forma, para receber a aposentadoria integral (100% do
valor), o trabalhador precisará contribuir por 49 anos – a soma dos 25
anos obrigatórios e 24 anos a mais.
O governo argumenta que a
reforma é necessária por causa do envelhecimento da população e do
aumento das despesas da União com o pagamento de aposentadorias, e que
as medidas fazem parte do pacote de medidas do ajuste fiscal da
economia.
Fonte: EBC
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