As crianças brasileiras passam uma média de cinco horas na frente da televisão, número que figura entre os maiores do mundo. Ou seja, 35 horas semanais (quase uma jornada de trabalho) de bombardeio por comerciais e exposição a toda a sorte de produtos, de fast food, a brinquedos. Além disso, 15% da população infantil do país é obesa.
Segundo a Associação Dietética Norte Americana Borzekowiski Robinson, bastam apenas trinta segundos para uma marca influenciar uma criança. Hoje crianças participam ativamente de 80% das decisões de compra da família e o aumento do poder de decisão de consumo entre crianças chega cada vez mais cedo, ou seja, atualmente crianças cada vez menores sabem o que querem e como conseguir.
O governo federal relançou em 2013 a cartilha “Consumismo infantil: na contramão da sustentabilidade”, publicação que faz parte da série Cadernos de Consumo Sustentável, lançada pela primeira vez em novembro de 2012.
A importância de trabalhar novos padrões de consumo para os pequenos é evitar a evolução de “pequenos monstros”, que já crescem imersos em uma mentalidade de hiperconsumo e pouca consciência ecológica e financeira.
No documentário “Criança, a alma do negócio”, Estela Renner demonstra de forma clara e precisa a realidade do consumismo infantil no cenário brasileiro. Em uma dinâmica com algumas crianças, a entrevistadora coloca duas folhas no chão, cada uma com as palavras: Brincar e Comprar, e a seguir pede para que eles coloquem a mão naquela que mais gosta, e o resultado é a maioria das mãos na folha “Comprar” e uma na outra folha, dizendo: Ninguém gosta de brincar? O documentário se propõe a discutir e avaliar o consumismo infantil, como as crianças são expostas a propagandas (e a mídia em geral) e o quanto são influenciadas por esses meios de comunicação.
Um exemplo de como o consumo exacerbado muda a mentalidade infantil é dado por Yves de La Taille, professor titular do curso de Psicologia da USP, em sua participação no filme: “Criança, a alma do negócio” de Estela Renner: “As bonecas de hoje, chamo de boneca, mas deveria ter outro nome porque a boneca de antigamente era um trabalho de maternagem, a menina era mãe da boneca, cuidava como se fosse um filho, um bebê. E hoje em dia, muita das bonecas não é, é projeção, você não é mãe da Barbie”.
Dia das crianças contra o consumismo: que tal trocar em vez de comprar?
Dia das Crianças é sinônimo de compra de presentes, gastos a mais e espaço a menos dentro de casa. Para estimular o consumo consciente e ajudar a combater o consumismo infantil, o Instituto Alana promove feiras de trocas de brinquedos pelo Brasil. A ideia surgiu em 2012, quando aconteceram mais de 50 feiras autônomas em todo o país. Neste ano, a proposta é que os eventos simultâneos sejam realizados no dia 12 de outubro.
No site do instituto estão disponíveis materiais de apoio para que pais, mães, organizações e movimentos realizem suas próprias feiras. Com um guia de como organizar o evento, um kit de divulgação e um flyer com orientações para ser distribuído aos participantes. Depois, quem quiser ainda pode enviar as informações para o Alana e compor o grande mapa de feiras de troca de brinquedos.
Segundo o instituto, muito mais do que trocar brinquedos que já não interessam como antes, a experiência é enriquecedora por dar novos significados a objetos antigos e afirmar que as relações não precisam ser pautadas na compra. A campanha propõe que famílias reflitam sobre a relação do Dia das Crianças com o consumo exacerbado.
Para esse ano já estão confirmadas seis feiras, uma delas do próprio Instituto Alana, no dia 12 de outubro, na Casa das Rosas, em São Paulo, das 11h às 15h. Para saber sobre a programação de outras feiras, acesse:http://mobilizacao.alana.org.br
Fonte: Consumidor Moderno
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