Neste artigo, o Dr. Humberto de Castro Lima nos explica o que é a insônia, quais são os seus tipos, causas, sintomas e tratamentos.
A
insônia é definida como uma dificuldade em iniciar, manter ou
consolidar o sono. Portanto, uma pessoa que tem dificuldade em “pegar no
sono” é dita como sendo portadora de insônia inicial. Aquele que
desperta várias vezes à noite tem o que se chama de insônia de
manutenção, pois tem uma dificuldade para manter o sono. Finalmente,
quem desperta antes do horário desejado apresenta uma insônia terminal.
A insônia é um dos mais comuns distúrbios do sono. Noventa e
cinco por cento da população vai experimentar, pelo menos, um episódio
de dificuldade para dormir ao longo da vida. A insônia é geralmente
transitória e autolimitada e tende a melhorar espontaneamente em menos
de um mês, o que é conhecido como insônia aguda. Contudo, algumas vezes,
pode ser mais persistente e, quando dura mais de um mês, é denominada
insônia crônica, acometendo cerca de 10% das pessoas.
Quem
sofre de insônia tem como principal sintoma a sonolência diurna
excessiva que pode prejudicar as atividades de vida diária. Os pacientes
relatam frequentemente sintomas como fadiga, dor de cabeça,
irritabilidade, o que traz prejuízo tanto do ponto de vista profissional
quanto social e pessoal. Mas nem todo mundo que dorme pouco tem
insônia. É importante ressaltar que cada pessoa tem uma determinada
necessidade de horas de sono. Existem pessoas que dormem somente cinco
horas por noite, ou até menos e, no outro dia, não sentem nenhuma
sonolência diurna e funcionam perfeitamente. O insone, por outro lado,
dorme pouco à noite e, no dia seguinte, tem muita sonolência,
dificuldade para se concentrar e executar as tarefas do dia a dia.
"Quem sofre de insônia tem como principal sintoma a sonolência diurna excessiva que pode prejudicar as atividades de vida diária."
"Quem sofre de insônia tem como principal sintoma a sonolência diurna excessiva que pode prejudicar as atividades de vida diária."
Existem
vários fatores que influenciam o aparecimento de insônia, tais como
fatores genéticos, físicos, biológicos, mentais, psicológicos e sociais.
Muitas vezes, a insônia pode estar associada a transtornos
psiquiátricos como depressão e ansiedade. Aliás, esses transtornos podem
ser tanto causa como consequência de insônia.
Vários
outros distúrbios podem estar associados a insônia. A síndrome da apneia
obstrutiva do sono é um deles. É uma doença bastante frequente, que faz
o indivíduo despertar várias vezes durante a noite. Acontece no
paciente roncador, geralmente obeso, que apresenta pausas respiratórias
por obstrução das vias aéreas, levando à falta de oxigenação, o que
acaba fazendo o paciente despertar. Contudo, na maior parte das vezes, o
paciente nem tem a percepção de que está despertando, mas a
consequência é de sonolência diurna excessiva.
Doenças
clínicas como o DPOC (enfisema pulmonar e bronquite) e insuficiência
cardíaca congestiva também causam dificuldade para dormir. Determinadas
medicações, drogas, tabaco, café ou álcool podem provocar insônia.
Aliás, é interessante comentar sobre o álcool, pois a maioria das
pessoas acredita que ele provoca o sono. Isso é parcialmente verdade,
pois ele é um indutor do sono, só que, quando é metabolizado pelo nosso
organismo, seus produtos atrapalham a manutenção do sono e acabam
levando o indivíduo a despertar.
"Um tipo de insônia bastante comum é a dita insônia psicofisiológica. Nesse caso, geralmente a insônia é desencadeada por algum evento estressante da vida."
"Um tipo de insônia bastante comum é a dita insônia psicofisiológica. Nesse caso, geralmente a insônia é desencadeada por algum evento estressante da vida."
Um
tipo de insônia bastante comum é a dita insônia psicofisiológica. Nesse
caso, geralmente a insônia é desencadeada por algum evento estressante
da vida. O indivíduo acaba reagindo com uma tensão e uma agitação
excessiva que lhe dificultam dormir, pois, como se diz popularmente,
“leva os problemas do dia e as preocupações para a cama”. Como ele não
consegue adormecer, vai ficando cada vez mais preocupado com o fato de
não conseguir dormir. Isso gera um círculo vicioso, pois, quanto mais
preocupado ele fica com isso, mais difícil é adormecer.
Outra
situação é a síndrome de má percepção. Nesse caso, a pessoa “acha” que
dormiu pouco e gostaria de dormir mais. Contudo, essas pessoas não têm
nenhuma sonolência diurna e funcionam perfeitamente.
Existem
vários tratamentos, mas o primeiro passo é a identificação correta da
sua causa. Para isso, o paciente deve procurar um médico especialista em
sono, que vai ajudar a identificar o tipo de insônia e a causa do
distúrbio. Isso é feito com uma entrevista detalhada que tenta
caracterizar a rotina do indivíduo, uso de substâncias estimulantes,
características do quarto de dormir, doenças associadas e se há
sonolência diurna. Outra medida importante é a realização de um diário
de sono, no qual o paciente anota todos os eventos referentes a sua
rotina durante duas semanas.
No caso da insônia, geralmente não é necessária a
realização de polissonografia, a não ser que haja suspeita de outro
distúrbio do sono associado. Um exame complementar interessante é
actigrafia, no qual o paciente usa uma espécie de relógio que quantifica
os períodos de atividade e de inatividade. Isso ajuda o médico a
determinar como é o ciclo de sono-vigília do paciente.
Uma
das coisas mais importantes para tratar a insônia é estimular o que se
chama de medidas de higiene do sono. São medidas simples, mas que,
muitas vezes, as pessoas não percebem. Por exemplo: não se deve tomar
café após às 16h, não consumir bebidas alcoólicas antes de dormir, não
fumar, evitar atividades físicas extenuantes imediatamente antes de
deitar, não comer alimentos pesados à noite, usar o quarto de dormir e a
cama somente para dormir, não ficar assistindo televisão na cama, não
trabalhar na cama, não comer na cama, ter uma cama confortável e que não
faça barulho, evitar relógios barulhentos ou luminosos na mesa de
cabeceira e o quarto deve ser silencioso, completamente escuro e com
temperatura agradável. Essas são coisas simples e que parecem óbvias,
mas que muitas pessoas não fazem.
Outro tratamento
muito eficaz é a terapia cognitivo-comportamental, na qual o indivíduo,
além de aprender sobre medidas de higiene do sono, vai modificar hábitos
que o atrapalham e corrigir conceitos errôneos e comportamentos
inadequados, com o intuito de promover o sono.
Por
último, existe o tratamento farmacológico que deve ser utilizado somente
com prescrição médica. Os benzodiazepínicos são medicações que ainda
são muito utilizadas, mas que têm um potencial para criar dependência e
tolerância, além de poderem dar uma sensação de “ressaca” no dia
seguinte. Porém, por um período curto de tempo eles podem ser usados,
sobretudo se o paciente tiver um quadro ansioso associado. Outras
medicações que podem induzir o sono são alguns tipos de antidepressivos.
Atualmente, as drogas mais indicadas são as medicações hipnóticas
não-benzodiazepínicas: zolpidem, zaleplon, eszolpiclone. Essas
medicações têm um menor potencial para provocar dependência e um perfil
melhor de efeitos colaterais.
Resumindo, para se dormir
bem o grande segredo é a rotina. Ir dormir sempre no mesmo horário.
Acordar sempre no mesmo horário, mesmo no fim de semana. Fazer atividade
física num horário adequado. Ter uma dieta saudável. Não levar
preocupação para a cama. Ter um ambiente agradável no quarto de dormir.
Não fumar. Não beber antes de dormir. Não tomar café antes de dormir.
Tomar um banho quente e relaxante antes de deitar. Ser feliz.
Fonte: iSaúde Bahia
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