quinta-feira, 30 de junho de 2016

Doença de Parkinson: aprenda a identificar os sintomas e conheça formas de tratamento

O uso do marca-passo ajuda no controle dos sintomas, reduzindo a quantidade de medicamentos, mas não se trata de cura para a doença.

"A doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, que afeta principalmente o controle dos movimentos..."
A doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, que afeta principalmente o controle dos movimentos, porém, manifestações não motoras como alterações do sono, do comportamento, do olfato e do funcionamento intestinal também podem ocorrer.
O mecanismo exato da doença ainda é obscuro, mas contribuem tanto fatores internos, como a predisposição genética, quanto externos, como a exposição a toxinas do ambiente. A idade é o principal fator de risco, uma vez que a doença predomina em pessoas acima dos sessenta anos, sendo muito raro o início antes dos quarenta. Não se sabe exatamente a forma como o envelhecimento aumenta o risco, mas acredita-se que haja falha nos mecanismos de proteção das células do sistema nervoso, os neurônios, à toxicidade dos chamados radicais livres que são gerados pelo próprio metabolismo dessas células, levando à morte precoce e acelerada de determinadas populações de neurônios. No caso da doença de Parkinson, os neurônios mais afetados são os localizados numa área chamada de substância negra (esse nome é devido à alta concentração de melanina nessas células), os quais são produtores da dopamina, um dos neurotransmissores mais importantes no controle dos movimentos.
A degeneração dos neurônios da substância negra leva a um quadro progressivo de alteração nos movimentos. No início, apenas um lado do corpo costuma ser afetado, o próprio paciente ou a família passam a perceber uma certa lentidão para iniciar os atos motores, há dificuldade na execução de tarefas do cotidiano, uma tendência ao desequilíbrio ao mudar a direção ao caminhar, mudança na escrita com uma tendência à chamada micrografia (letras pequenas). Os estudos vêm demonstrando de forma gradual que a doença não se restringe aos neurônios da substância negra nem mesmo começa nessa região, portanto, sintomas não motores podem preceder e já estar presentes no momento do diagnóstico, como redução do olfato, alterações no ritmo do intestino (tendência a prisão de ventre) e distúrbios do sono, dores difusas e fadiga. 
diagnóstico da doença de Parkinson é clínico e, baseado na presença de uma combinação de sintomas, entre os quais se destacam a tríade rigidez, tremor de repouso e bradicinesia. O tremor costuma ser o sintoma mais associado à doença, mas não é o mais grave nem o mais incapacitante, caracteristicamente predomina nas mãos, podendo afetar também a cabeça e mandíbula, sendo mais perceptível e intenso durante o repouso, intensifica-se durante a marcha, com o esforço mental e em situações de estresse emocional, desaparecendo durante o sono. A bradicinesia caracteriza-se pela lentificação dos movimentos, tanto intencionais como os automáticos (involuntários), que, juntamente com a rigidez muscular, acabam comprometendo o equilíbrio, a fala e os movimentos do cotidiano, como alimentar-se, vestir-se e cuidar da própria higiene, podendo levar a uma situação de dependência em fases mais avançadas. A percepção desses sintomas deve levar o paciente e a família a buscar uma avaliação médica especializada com um neurologista e, uma vez confirmada a síndrome parkinsoniana, poderá ser necessária a realização de exames laboratoriais e de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética do crânio, para a conclusão do diagnóstico, uma vez que outras doenças podem cursar com um quadro similar, principalmente nas fases iniciais.
"A doença de Parkinson, apesar de crônica e ainda sem uma cura definitiva, pode ter seus sintomas controlados, de forma a trazer menos limitações dos movimentos e uma melhor qualidade de vida."
A doença de Parkinson, apesar de crônica e ainda sem uma cura definitiva, pode ter seus sintomas controlados, de forma a trazer menos limitações dos movimentos e uma melhor qualidade de vida. O tratamento deve ser feito por equipe multidisciplinar que engloba neurologistas, psiquiatras, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionista e educador físico e envolve tanto o uso de medicamentos, quanto o tratamento físico e o suporte nutricional, bem como uma série de medidas paliativas que visam o controle de sintomas motores e não motores, melhorando o bem-estar do paciente. O tratamento medicamentoso baseia-se no uso de drogas que atuam sobre as vias da dopamina no sistema nervoso central, cabendo ao neurologista definir qual a ideal para cada paciente individualmente, o que pode variar ao longo do tempo e, para cada fase da doença, a indicação da melhor opção pode mudar. 
Tão importante quanto o uso de medicamentos é o tratamento físico, pois alguns sintomas como a tendência ao desequilíbrio não costumam melhorar apenas com uso dos remédios, sendo necessário o treino constante através de exercícios orientados por profissionais de fisioterapia e o reforço aeróbico e de massa muscular por educadores físicos. Distúrbios da fala e da deglutição devem ter o acompanhamento de fonoaudiólogos e a avaliação de um nutricionista é importante para adequações dietéticas ao longo da progressão da doença.
Como se trata de uma moléstia de caráter progressivo, a doença de Parkinson em fases mais avançadas traz um desafio para o tratamento, com necessidade, por vezes, de altas doses e combinações de medicamentos nem sempre bem toleradas.  Nessas situações de dificuldade de controle, pode- se optar pela realização do tratamento cirúrgico. A abordagem cirúrgica mais bem-sucedida e indicada costuma ser o implante de eletrodo de estimulação cerebral profunda, que consiste de um aparelho de marca-passo que produz pequenos estímulos elétricos numa frequência definida sobre áreas específicas do cérebro. O uso do marca-passo ajuda no controle dos sintomas, reduzindo a quantidade de medicamentos, mas não elimina seu uso nem se trata de cura para a doença, devendo o paciente e a família estarem cientes disso, quando essa opção for aventada pelo médico assistente.
Todos os anos, milhões de dólares são investidos em centros de pesquisas espalhados pelo mundo em busca de novos tratamentos e da cura para a doença de Parkinson. No estágio atual da ciência, não há, ainda, um medicamento que impeça a doença de evoluir ou mesmo que reverta os sintomas e os danos causados no sistema nervoso, mas, o entendimento dos mecanismos envolvidos tem crescido e isso levará ao desenvolvimento de novas estratégias de tratamento e novas drogas, que esperamos, seja o mais breve possível.
Fonte: iBahia

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