Cerca de 25% da geração Millennial brasileira [também chamada de
geração Y, que compreende jovens nascidos entre 1980 e 1996], está
desempregada. E, desse total, mais da metade (57%) está desempregada há
mais de um ano. É o que aponta a pesquisa inédita Millennials e a
Geração Nem Nem, realizada pelo Centro de Inteligência Padrão (CIP), em
parceria com a empresa MindMiners, e divulgada ontem (13) no Congresso
Nacional de Relacionamento Empresa-Cliente, em São Paulo.
“A
crise [econômica] com certeza pegou muitas dessas pessoas. Eles são
muito qualificados, então, muitos, com certeza, saíram da faculdade e
não tiveram uma oportunidade de trabalho. Mas vemos também que as
empresas são muito engessadas e têm dado poucas oportunidades para quem
tem pouca experiência”, explicou Danielle Almeida, gerente de marketing
da MindMiners. “São pessoas que tiveram boas oportunidades para estudar,
tem currículos bons, falam várias línguas. O que falta é uma
oportunidade no mercado de trabalho”, acrescentou.
A pesquisa,
segundo Danielle, ajuda a desmitificar a ideia que a geração Millennial
seja preguiçosa, sem interesse em estudar ou trabalhar. “Temos alguns
preconceitos que fazem com que nos preocupemos muito com essa geração,
de que seria uma geração mimada, pouco comprometida com o trabalho, que
fica na casa dos pais por comodismo. Mas essa pesquisa mostrou que eles
se consideram pessoas esforçadas, trabalhadoras, estudiosas, dispostas a
abrir mão de várias coisas como trabalhar fora de sua área original de
formação, mudar de estado ou de país para ter uma oportunidade. O que
talvez incomode é que ela tem valores muito diferentes da geração X [que
inclui as pessoas nascidas entre o início dos anos 1960 até o final dos
anos 1970]”, disse.
“Quando olhamos para a geração X, vemos uma
geração muito ligada à segurança, estabilidade, preocupados em
trabalhar em uma grande empresa e construir uma carreira ali dentro. A
geração X é a geração do ter, são acumuladores: compraram uma casa, um
carro, uma casa no campo ou na praia. Já essa [a geração Y ou
Millennial] é uma geração que vê, sim, a importância de tudo isso que os
pais construíram, mas eles buscam o ser. Eles querem estar em empresas
que estejam, antes de tudo, conectadas com seu propósito de vida. Eles
estão dispostos a abrir mão de horas de descanso, de trabalhar mais e de
terem salários mais reduzidos ou até mudar de cidade, mas eles não
estão dispostos a trabalhar em uma empresa que não respeita os direitos
da mulher, por exemplo”, falou Danielle.
A pesquisa demonstrou,
por exemplo, que a maioria desses jovens (68%) concorda em aceitar
empregos que paguem menos ou fora de sua área de formação (82%). Quase
metade dos entrevistados (45%) disse ainda que estaria disposta a
trabalhar mais que 40 horas semanais. Estes jovens defendem que o
compromisso com a igualdade e inclusão (44%) é importante dentro do
ambiente de trabalho, além do incentivo à geração de novas ideias e
melhorias (54%).
A grande maioria (82%) dos entrevistados disse
que gostaria de trabalhar em uma empresa em que não há diferença
salarial entre homens e mulheres, enquanto 61% disseram que gostariam de
trabalhar em uma empresa na qual se discute a questão da discriminação
contra a mulher e o sexismo no ambiente de trabalho.
Geração Nem Nem
A
pesquisa também apontou que quase metade dos entrevistados (47%) não
estuda e, dentro desse universo, 34% não estuda e nem trabalha [o que
seria considerado a geração Nem Nem]. “A geração Nem Nem é um subgrupo
dos Millennials e, dentro desse subgrupo, estão contempladas as pessoas
que hoje não trabalham e nem estudam. E, quando dizemos que não
trabalham, estão as que estão desempregadas ou que nunca trabalharam”,
disse Danielle. Segundo a pesquisa, este universo de 34% de jovens que
não estudam e nem trabalham é composto por 28% de pessoas desempregadas e
6% que nunca trabalharam.
A pesquisa ouviu mil jovens entre 18 e 32 anos, das classes A, B e C, em julho deste ano.
Fonte: EBC
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