terça-feira, 26 de abril de 2016

Mercado está propício para o consumidor com boa lábia


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Em época de dinheiro escasso no mercado em razão da crise, o poder de barganha do consumidor que tem recursos para gastar se intensifica. Em diversas áreas do varejo, há os mais diversos tipos de promoção para atrair o cliente, desde o “compre dois e pague um”, taxa zero para alguns modelos de carros nas concessionárias ou IPVA grátis. Essas vantagens podem até aumentar, dependendo da lábia do comprador. Foi o caso do assessor de comunicação Bráulio Filgueiras.

Ele conta que, em conversas com amigos, percebeu que estava pagando caro pelo combo de TV por assinatura mais internet. “O preço estava salgado. Liguei e negociei. Eu disse que, se o valor não fosse reduzido, não poderia continuar com o pacote”, relembra. O resultado foi que o pacote de R$ 157 passou para R$ 134. A qualidade da internet melhorou, passou de 10 Megabytes por segundo (Mbps) para 15 Mbps. A TV por assinatura continuou com os 80 canais, só que Filgueiras conseguiu um ponto a mais sem custo extra, além do telefone fixo.
“É fato que é melhor a empresa negociar, reduzir sua margem de lucro, do que perder o consumidor, ainda mais em épocas de crise”, ressaltou Filgueiras. “Vários amigos estão fazendo as contas, analisando o que é melhor para o orçamento”, diz.
Inflação. Para o assessor, com a inflação mais alta, que acaba corroendo a renda, além do receio do desemprego, o consumidor se tornou mais consciente e valoriza mais seu dinheiro. “Antigamente, quando eu via uma coisa no shopping que gostava, comprava, mesmo não precisando. O mesmo acontecia no supermercado. Agora, tudo é mais planejado. Estou colocando o pé no freio”.
Filgueiras diz que a economia desaquecida do país obrigou não só a ele, mas a maioria dos consumidores a mudar de comportamento, tornando-os mais cautelosos na hora de comprar. “Sempre fui controlado, só que agora sou muito mais. Também não faço compras de longo prazo”, diz.
Compras em grupo. A administradora Bruna Gonçalves também é um exemplo de consumidora que procura economizar barganhando descontos, ainda mais agora com a crise. Desde 2012 procura negociar e conseguir descontos, e se organizou para isso. “Comecei com mães de colegas da minha filha, buscando descontos na compra de material escolar. Hoje, negocio descontos para oito grupos de WhatsApp, num total de 900 pessoas”, diz.
Ela já conseguiu preços 15% menores numa papelaria para compra de material escolar à vista. Outra barganha foi a de uma fritadeira sem óleo, com valor 20% menor. “Em três dias, a loja vendeu 90 para o nosso grupo”, conta. Para Bruna, a economia deixou o consumidor com maior poder de negociação, em especial se ele comprar em grupo.
Minientrevista - Leandro Silva - Coorden. de cursos de Gestão da Newton Paiva 
Com a crise, o poder de barganha do consumidor se tornou mais forte?
Sim, a atual conjuntura favorece isso. O comércio precisa continuar vendendo. Os custos dele existem, vendendo ou não. Já a receita não é garantida. Só que o empresário não vai vender da forma como ele espera, como era antes. E quem não aceitar negociar não vai vender. O benefício que a crise trouxe foi aumentar o poder de barganha do consumidor, em especial se ele for pagar à vista.
O perfil do consumidor mudou?
O consumidor está valorizando mais o seu dinheiro. Antes, comprava em dez vezes, bastava a parcela caber no orçamento. Era uma época de crédito farto. O perfil mudou. Ele não quer ter dívida. Assim, evita parcelas longas por causa do cenário de incertezas. Ele está protelando o consumo.
Comprar em grupo pode ser uma boa alternativa?
Sim. Comprar em grupo é comprar no atacado. Antes, isso acontecia em sites de compra coletiva. Hoje, o consumidor que representa o grupo negocia direto com o vendedor. O tratamento para um número maior de consumidores é melhor. O vendedor tem um ganho em escala, e o consumidor consegue descontos melhores. É bom para ambos.
Fonte: O Tempo

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