quarta-feira, 27 de abril de 2016

Quais os tipos de leite disponíveis no mercado?

Sem dúvida, o mais conhecido é o leite de vaca líquido integral. Íntegro, em sua composição, dito inteiro, esse, em sua maioria é submetido a procedimentos de higienização e calor (como pasteurização e o mais comum UHT da sigla em inglês para o procedimento em que o leite homogeneizado passa por tratamento térmico em elevadas temperaturas para segurança microbiológica). 
Os leites de vaca podem ser comercializados, modificados em suas versões semidesnatadas (com menor teor de gordura que a versão original) e desnatadas (onde é retirada a gordura de sua composição até 0,3g% de gordura), podendo sofrer adição de conservantes e aditivos estabilizantes permitidos por legislação para prolongar sua qualidade e vida de prateleira.
Outras modificações também determinam outros tipos de leite oriundos do leite de origem bovina como: o “leite em pó”, geralmente obtido por secagem em equipamento denominado spray-dryer, em que o líquido é transformado em pó dispersível, entre outras técnicas e o “leite reconstituído”, a partir de leite em pó misturado a um dos tipos já citados de leite e água potável, ficando fluido.
Além disso, outros leites podem ser fornecidos por outros animais, que não a vaca. São eles: leite de cabra e ovelha, leite de búfala e até o leite de jumenta, objeto de pesquisas recentes no país.
Contudo, ainda existem os “leites” oriundos de fontes vegetais. Estes são bebidas feitas a partir de grãos, sementes e cereais, os quais servem como alternativa aos leites de origem animal, quando necessário ou preferido. Opções para veganos, vegetarianos e para as pessoas que apresentam intolerância à lactose, são altamente nutritivos e também saudáveis. Podem se apresentar nas versões cruas (germinadas) e cozidas sendo consumidos, segundo preferência, disponibilidade e, especialmente, por orientação profissional. Alguns exemplos são: “leite de soja”; “leite de inhame” (leite de um tubérculo), “leite de amendoim”; “leite de gergelim”; “leite de alpiste”; “leite de aveia”; “leite de coco”; “leite de girassol”; “leite de linhaça”; "leite de castanha”; “leite de amêndoas”; “leite de quinoa”. Existe, ainda, um tipo de leite feito a partir de cereais, como o “leite de arroz”.
Bebês que têm intolerância à lactose devem consumir que tipo de leite? Por que são tão caros?
A intolerância à lactose é, segundo Mattar e Mazo (2010), a má absorção ou má digestão de lactose pela diminuição na capacidade de hidrolisá-la no organismo, resultante da hipolactasia (diminuição da atividade de enzima lactase na mucosa do intestino delgado), na qual, há, geralmente, o aparecimento de sintomas abdominais. 
Bebês ou crianças com intolerância a lactose devem consumir leites sem lactose, hoje, em versão líquida e em pó, ou leites de origem vegetal, observando sempre a aceitabilidade do produto, o estado fisiológico da criança, sua idade e seu estado de saúde. 
" É recomendado que não se faça apenas retirada indiscriminada e repentina do leite, ou se excluam alimentos aleatórios das refeições da criança, que, fisiologicamente, requer essa fase de crescimento e o desenvolvimento do aporte nutricional adequado." 
Vale ressaltar que é imprescindível, principalmente para crianças, mais vulneráveis em questões de saúde-doença, que se tenha um diagnóstico confirmado ou, pelo menos, em investigação por equipe de profissionais de saúde, médicos clínicos, pediatras, gastro-pediatras e nutricionistas, no atendimento e ao longo de todo o seu tratamento. É recomendado que não se faça apenas retirada indiscriminada e repentina do leite, ou se excluam alimentos aleatórios das refeições da criança, que, fisiologicamente, requer essa fase de crescimento e o desenvolvimento do aporte nutricional adequado. Sem radicalismos, com orientação e apoio, é possível estabelecer um bom equilíbrio de nutrição e saúde infantil.
A indústria alimentícia avançou muito nesse sentido e hoje já temos fórmulas infantis sem lactose para bebês, bem como leites, inclusive em pó, destinados, contudo, devido ao grande investimento no crescente número de pesquisas realizadas sobre tecnologias de alimentos empregadas nesse processo, em prol de elaborar um produto adequado e seguro para a saúde, principalmente das crianças e dos indivíduos mais vulneráveis imunologicamente, é que se tornam produtos diferenciados e, por isso e por apelo de marketing e comercial, podem ser  verificados como mais caros do que os convencionais.
Deixar de consumir lactose ou o leite por conta própria pode levar a algum dano à saúde?
Qualquer retirada indiscriminada, sem orientação, sem embasamento e feita aleatoriamente, de quaisquer alimentos, seja em quantidade e qualidade, terão impacto direto ou indireto na saúde do indivíduo.
Conforme recomendado por inúmeros profissionais, inclusive em consenso de alguns conselhos regionais de nutrição do país, e assunto ainda muito polêmico no âmbito dos profissionais de saúde, a retirada dos alimentos fontes de lactose da alimentação, tem sido alvo constante de debate.
O leite de vaca é excelente fonte de nutriente e pode fazer parte de uma dieta normal de indivíduos em todas as fases do desenvolvimento, principalmente na infância. Seu uso não é comunicado pelos profissionais como “obrigatório” ou ninguém seria induzido ao seu consumo por orientação médica, ou profissional, de forma aleatória.
Recomendações indiscriminadas e radicais, sem teor investigativo e embasado cientificamente assim como muito do que se tem veiculado para a população, tem deturpado essa concepção. Diante disso, a recomendação de “retirar, excluir, eliminar” todo e qualquer traço de leite e produtos lácteos da alimentação de todos, sem discriminação está em desacordo e vai de encontro aos aspectos da nutrição e saúde equilibradas e adequadas.
Excluir aleatoriamente o leite e seus derivados da alimentação pode influir negativamente na nutrição adequada do indivíduo, privando-o de determinados nutrientes importantes como o cálcio, cujo leite é alimento fonte. Isso pode ser ainda mais grave no que tange às crianças que necessitam desse nutriente, como, por exemplo, outros fornecidos pelo leite e seus subprodutos, para o crescimento e fortalecimento ósseo, devendo, em caso de retirada, serem orientadas por profissional de saúde, a fim realizar sua reposição através de substitutos alimentares e até suplementos.
"Excluir aleatoriamente o leite e seus derivados da alimentação pode influir negativamente na nutrição adequada do indivíduo, privando-o de determinados nutrientes importantes como o cálcio, cujo leite é alimento fonte."
Segundo parecer do Conselho Regional de Nutricionistas CRN3 (2012), em tempo veiculado, e também alvo de comentários na época, “a restrição ao consumo de leite e derivados somente deve ser feita às pessoas com diagnóstico clínico confirmado de intolerância à lactose, sensibilidade à proteína do leite (Alergia à Proteína do Leite de Vaca – APLV) ou de outras condições fisiológicas e imunológicas. Deve-se salientar que o diagnóstico clínico é de competência exclusiva do médico”. Nesse caso, os responsáveis pelo parecer, na época, em vigência no conselho, reforçaram apenas a ideia de que a retirada precisa ser justificada, em cada caso, individualmente diagnosticado, para não prejudicar o indivíduo.
Além da intolerância à lactose, já citada, a questão do consumo ou não do leite é questionada pela ocorrência de patologia relacionada ao seu consumo: a APLV. O leite de vaca (LV) contém proteínas que podem induzir a formação de anticorpos específicos em indivíduos geneticamente predispostos, indivíduos com APLV, alergia à proteína do leite de vaca. Essas proteínas podem representar aproximadamente 80% e 20%, respectivamente, do total de proteínas do leite de vaca. O que ocorre, em suma, é que o sistema imune dessas pessoas pode identificar a proteína do leite de vaca como “organismo estranho” e, então, imediatamente após o consum, desencadear uma resposta, representando, assim, o quadro de alergia. Nesses casos, tem-se evidenciado que, tanto os leites como os seus derivados podem provocar reações, não existindo uma quantidade tolerada para eminência da alergia ou não e, por isso, é recomendado que se exclua o leite de vaca da alimentação, mas sempre com acompanhamento simultâneo, de profissionais como nutricionistas e médicos.
No caso da intolerância à lactose, deve-se esclarecer, aqui, brevemente, que a lactose é o “açúcar” do leite. E, na ausência de uma enzima chamada lactase, no organismo de alguns indivíduos, faz com que a lactose não seja absorvida pelo sistema, provocando sintomas, principalmente de ordem intestinal, como: diarreia e distensão abdominal, caracterizando o quadro de intolerância à lactose. 
Ser intolerante à lactose não significa, via de regra, a exclusão total e contínua do seu consumo, isto vai depender da quantidade tolerada pelo paciente, conhecida através de exames, testes, que revelam quanto pode ser consumido em sua alimentação que não provoque riscos à saúde; Existem alternativas como o consumo de “enzimas artificiais”, comercializadas e, geralmente prescritas por médicos, as quais auxiliam as pessoas com intolerância, pois permitem o consumo dos alimentos como o leite de vaca, uma vez que vai atuar como o papel da enzima que não atua naturalmente.
Ou seja, muito ainda há de ser estudado e elucidado sobre o tema, para futuros consensos e condutas. O importante é buscar, sempre, informação e atendimento personalizado para a condução do problema da melhor maneira possível. Se o indivíduo apresenta algum sintoma, desconforto ou mesmo quer optar por essa decisão do não consumo de leite, deve procurar orientação específica para seu caso, suporte posterior e acompanhamento.
 Não adianta todo esse “leite derramado”, se cada caso é uma situação que merece atenção especial por parte dos profissionais.
Fonte: iSaúde Bahia

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