Sem dúvida, o mais conhecido é o leite de vaca líquido integral.
Íntegro, em sua composição, dito inteiro, esse, em sua maioria é
submetido a procedimentos de higienização e calor (como pasteurização e o
mais comum UHT da sigla em inglês para o procedimento em que o leite
homogeneizado passa por tratamento térmico em elevadas temperaturas para
segurança microbiológica).
Os leites de vaca podem ser comercializados, modificados em suas versões semidesnatadas (com menor teor de gordura que a versão original) e desnatadas (onde é retirada a gordura de sua
composição até 0,3g% de gordura), podendo sofrer adição de conservantes e
aditivos estabilizantes permitidos por legislação para prolongar sua
qualidade e vida de prateleira.
Outras modificações
também determinam outros tipos de leite oriundos do leite de origem
bovina como: o “leite em pó”, geralmente obtido por secagem em
equipamento denominado spray-dryer, em que o líquido é transformado em
pó dispersível, entre outras técnicas e o “leite reconstituído”, a
partir de leite em pó misturado a um dos tipos já citados de leite e
água potável, ficando fluido.
Além disso, outros leites
podem ser fornecidos por outros animais, que não a vaca. São eles:
leite de cabra e ovelha, leite de búfala e até o leite de jumenta,
objeto de pesquisas recentes no país.
Contudo, ainda
existem os “leites” oriundos de fontes vegetais. Estes são bebidas
feitas a partir de grãos, sementes e cereais, os quais servem como
alternativa aos leites de origem animal, quando necessário ou preferido.
Opções para veganos, vegetarianos e para as pessoas que apresentam
intolerância à lactose, são altamente nutritivos e também saudáveis.
Podem se apresentar nas versões cruas (germinadas) e cozidas sendo
consumidos, segundo preferência, disponibilidade e, especialmente, por
orientação profissional. Alguns exemplos são: “leite de soja”; “leite de
inhame” (leite de um tubérculo), “leite de amendoim”; “leite de
gergelim”; “leite de alpiste”; “leite de aveia”; “leite de coco”; “leite
de girassol”; “leite de linhaça”; "leite de castanha”; “leite de
amêndoas”; “leite de quinoa”. Existe, ainda, um tipo de leite feito a
partir de cereais, como o “leite de arroz”.
Bebês que têm intolerância à lactose devem consumir que tipo de leite? Por que são tão caros?
A
intolerância à lactose é, segundo Mattar e Mazo (2010), a má absorção
ou má digestão de lactose pela diminuição na capacidade de hidrolisá-la
no organismo, resultante da hipolactasia (diminuição da atividade de
enzima lactase na mucosa do intestino delgado), na qual, há, geralmente,
o aparecimento de sintomas abdominais.
Bebês ou
crianças com intolerância a lactose devem consumir leites sem lactose,
hoje, em versão líquida e em pó, ou leites de origem vegetal, observando
sempre a aceitabilidade do produto, o estado fisiológico da criança,
sua idade e seu estado de saúde.
" É recomendado que não se faça apenas retirada indiscriminada e repentina do leite, ou se excluam alimentos aleatórios das refeições da criança, que, fisiologicamente, requer essa fase de crescimento e o desenvolvimento do aporte nutricional adequado."
" É recomendado que não se faça apenas retirada indiscriminada e repentina do leite, ou se excluam alimentos aleatórios das refeições da criança, que, fisiologicamente, requer essa fase de crescimento e o desenvolvimento do aporte nutricional adequado."
Vale ressaltar que é
imprescindível, principalmente para crianças, mais vulneráveis em
questões de saúde-doença, que se tenha um diagnóstico confirmado ou,
pelo menos, em investigação por equipe de profissionais de saúde,
médicos clínicos, pediatras, gastro-pediatras e nutricionistas, no
atendimento e ao longo de todo o seu tratamento. É recomendado que não
se faça apenas retirada indiscriminada e repentina do leite, ou se
excluam alimentos aleatórios das refeições da criança, que,
fisiologicamente, requer essa fase de crescimento e o desenvolvimento do
aporte nutricional adequado. Sem radicalismos, com orientação e apoio, é
possível estabelecer um bom equilíbrio de nutrição e saúde infantil.
A
indústria alimentícia avançou muito nesse sentido e hoje já temos
fórmulas infantis sem lactose para bebês, bem como leites, inclusive em
pó, destinados, contudo, devido ao grande investimento no crescente
número de pesquisas realizadas sobre tecnologias de alimentos empregadas
nesse processo, em prol de elaborar um produto adequado e seguro para a
saúde, principalmente das crianças e dos indivíduos mais vulneráveis
imunologicamente, é que se tornam produtos diferenciados e, por isso e
por apelo de marketing e comercial, podem ser verificados como mais
caros do que os convencionais.
Deixar de consumir lactose ou o leite por conta própria pode levar a algum dano à saúde?
Qualquer
retirada indiscriminada, sem orientação, sem embasamento e feita
aleatoriamente, de quaisquer alimentos, seja em quantidade e qualidade,
terão impacto direto ou indireto na saúde do indivíduo.
Conforme
recomendado por inúmeros profissionais, inclusive em consenso de alguns
conselhos regionais de nutrição do país, e assunto ainda muito polêmico
no âmbito dos profissionais de saúde, a retirada dos alimentos fontes
de lactose da alimentação, tem sido alvo constante de debate.
O
leite de vaca é excelente fonte de nutriente e pode fazer parte de uma
dieta normal de indivíduos em todas as fases do desenvolvimento,
principalmente na infância. Seu uso não é comunicado pelos profissionais
como “obrigatório” ou ninguém seria induzido ao seu consumo por
orientação médica, ou profissional, de forma aleatória.
Recomendações
indiscriminadas e radicais, sem teor investigativo e embasado
cientificamente assim como muito do que se tem veiculado para a
população, tem deturpado essa concepção. Diante disso, a recomendação de
“retirar, excluir, eliminar” todo e qualquer traço de leite e produtos
lácteos da alimentação de todos, sem discriminação está em desacordo e
vai de encontro aos aspectos da nutrição e saúde equilibradas e
adequadas.
Excluir aleatoriamente o leite e seus
derivados da alimentação pode influir negativamente na nutrição adequada
do indivíduo, privando-o de determinados nutrientes importantes como o
cálcio, cujo leite é alimento fonte. Isso pode ser ainda mais grave no
que tange às crianças que necessitam desse nutriente, como, por exemplo,
outros fornecidos pelo leite e seus subprodutos, para o crescimento e
fortalecimento ósseo, devendo, em caso de retirada, serem orientadas por
profissional de saúde, a fim realizar sua reposição através de
substitutos alimentares e até suplementos.
"Excluir aleatoriamente o leite e seus derivados da alimentação pode influir negativamente na nutrição adequada do indivíduo, privando-o de determinados nutrientes importantes como o cálcio, cujo leite é alimento fonte."
"Excluir aleatoriamente o leite e seus derivados da alimentação pode influir negativamente na nutrição adequada do indivíduo, privando-o de determinados nutrientes importantes como o cálcio, cujo leite é alimento fonte."
Segundo
parecer do Conselho Regional de Nutricionistas CRN3 (2012), em tempo
veiculado, e também alvo de comentários na época, “a restrição ao
consumo de leite e derivados somente deve ser feita às pessoas com
diagnóstico clínico confirmado de intolerância à lactose, sensibilidade à
proteína do leite (Alergia à Proteína do Leite de Vaca – APLV) ou de
outras condições fisiológicas e imunológicas. Deve-se salientar que o
diagnóstico clínico é de competência exclusiva do médico”. Nesse caso,
os responsáveis pelo parecer, na época, em vigência no conselho,
reforçaram apenas a ideia de que a retirada precisa ser justificada, em
cada caso, individualmente diagnosticado, para não prejudicar o
indivíduo.
Além da intolerância à lactose, já citada, a
questão do consumo ou não do leite é questionada pela ocorrência de
patologia relacionada ao seu consumo: a APLV. O leite de vaca (LV)
contém proteínas que podem induzir a formação de anticorpos específicos
em indivíduos geneticamente predispostos, indivíduos com APLV, alergia à
proteína do leite de vaca. Essas proteínas podem representar
aproximadamente 80% e 20%, respectivamente, do total de proteínas do
leite de vaca. O que ocorre, em suma, é que o sistema imune dessas
pessoas pode identificar a proteína do leite de vaca como “organismo
estranho” e, então, imediatamente após o consum, desencadear uma
resposta, representando, assim, o quadro de alergia. Nesses casos,
tem-se evidenciado que, tanto os leites como os seus derivados podem
provocar reações, não existindo uma quantidade tolerada para eminência
da alergia ou não e, por isso, é recomendado que se exclua o leite de
vaca da alimentação, mas sempre com acompanhamento simultâneo, de
profissionais como nutricionistas e médicos.
No caso da intolerância à lactose, deve-se esclarecer, aqui,
brevemente, que a lactose é o “açúcar” do leite. E, na ausência de uma
enzima chamada lactase, no organismo de alguns indivíduos, faz com que a
lactose não seja absorvida pelo sistema, provocando sintomas,
principalmente de ordem intestinal, como: diarreia e distensão
abdominal, caracterizando o quadro de intolerância à lactose.
Ser
intolerante à lactose não significa, via de regra, a exclusão total e
contínua do seu consumo, isto vai depender da quantidade tolerada pelo
paciente, conhecida através de exames, testes, que revelam quanto pode
ser consumido em sua alimentação que não provoque riscos à saúde;
Existem alternativas como o consumo de “enzimas artificiais”,
comercializadas e, geralmente prescritas por médicos, as quais auxiliam
as pessoas com intolerância, pois permitem o consumo dos alimentos como o
leite de vaca, uma vez que vai atuar como o papel da enzima que não
atua naturalmente.
Ou seja, muito ainda há de ser
estudado e elucidado sobre o tema, para futuros consensos e condutas. O
importante é buscar, sempre, informação e atendimento personalizado para
a condução do problema da melhor maneira possível. Se o indivíduo
apresenta algum sintoma, desconforto ou mesmo quer optar por essa
decisão do não consumo de leite, deve procurar orientação específica
para seu caso, suporte posterior e acompanhamento.
Não adianta todo esse “leite derramado”, se cada caso é uma situação que merece atenção especial por parte dos profissionais.
Fonte: iSaúde Bahia
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