Fazer um orçamento pessoal, que detalhe todas suas receitas e despesas, é o primeiro passo para colocar as finanças nos trilhos.
Como
dizia o físico irlandês William Thomson: “Aquilo que não se pode medir,
não se pode melhorar”. Portanto, medir o tamanho dos erros e dos
acertos nas suas contas é o ponto de partida para identificar como
melhorar sua relação com o dinheiro e concretizar objetivos financeiros.
Veja a seguir seis dicas cruciais para elaborar um orçamento pela primeira vez e evitar o risco de abandoná-lo depois.
1) Levante todos os seus gastos
Observe os gastos
que você teve no período dos últimos três meses para checar com
precisão quais contas estão sempre ali e ter uma ideia de quanto você
costuma gastar com despesas variáveis, como restaurantes, bares, viagens
e roupas.
É importante levantar também os pequenos gastos, como o
cafezinho pós-almoço, o pão de mel do lanche da tarde e a cervejinha do
happy hour. “É comum que as pessoas esqueçam os gastos menores e depois
não entendam por que as contas não fecham”, comenta o consultor
financeiro André Massaro.
Ele acrescenta que uma boa dica para não deixar passar nenhum gasto pode ser usar apenas o cartão de débito para fazer pagamentos, já que nesse caso todos os gastos podem ser acompanhados pelo extrato bancário.
2) Levante suas receitas
Checar
as receitas pode parecer algo simples, afinal, basta anotar qual é o
seu salário e observar se você recebe algum outro rendimento, como um
aluguel ou pagamentos de trabalhos freelancers.
No entanto, algumas pessoas não sabem dizer exatamente qual é seu salário
líquido, isto é, o dinheiro que pinga na conta descontados o Imposto de
Renda, INSS, além de eventuais contribuições a fundos de pensão,
cooperativas de crédito e mensalidade do plano de saúde. Saber seu
salário exato, até os centavos, é essencial para manter as contas sob
controle (veja os descontos que incidem sobre seu salário).
Outra dica que pode parecer óbvia, mais ainda é um erro bastante cometido, é considerar o limite do cheque especial
e do cartão de crédito como uma extensão da renda. “Para muitas pessoas
o cheque especial é como se fosse parte do patrimônio. É preciso ter em
mente que ao cair no cheque especial você está usando dinheiro que não
é seu e que tem juros altíssimos”, diz Massaro.
3) Escolha uma boa ferramenta para anotar as despesas e as receitas
Se
antes os orçamentos eram feitos basicamente em planilhas de Excel ou no
papel, hoje é possível usar diferentes ferramentas para controlar os
gastos.
Um dos exemplos é o aplicativo
GuiaBolso, que permite ao usuário sincronizar os dados das suas contas
bancárias e cartões para que os gastos sejam registrados
automaticamente. Assim, o app apresenta um balanço do orçamento sem que o
usuário precise se preocupar em imputar os dados um por um.
Conforme
orienta André Massaro, o importante é que a ferramenta escolhida seja
aquela que te dê menos trabalho. “O orçamento precisa ser o mais simples
possível para que a pessoa não queira abandoná-lo depois de um mês”,
diz.
Veja no final da matéria ou neste link 20 opções de planilhas, apps e sites de controle financeiro.
4) Pense em divisões que simplifiquem seu orçamento
Alguns
consultores sugerem dividir as despesas entre dois grupos, um para
gastos fixos, como aluguel, contas de luz, telefone, condomínio, e outro
para gastos variáveis, como despesas com idas a cinema, teatros,
restaurantes e compras esporádicas.
Outros ainda sugerem
que as despesas sejam divididas entre fixas, variáveis e que seja
criada ainda uma terceira categoria, de despesas semifixas, na qual
seriam incluídos os gastos que você não consegue zerar, mas que podem
ser reduzidos, como uma conta de luz ou gastos com transporte.
André
Massaro afirma que esses tipos de divisões podem ajudar, mas não são
essenciais. "As divisões devem ser feitas apenas se simplificarem o
planejamento. Se o objetivo for fazer algo mais analítico, é possível
separar as despesas em grupos, como transporte, alimentação e vestuário,
mas eu não recomendo que sejam criados mais de seis ou sete grupos”,
diz.
5) Dê sentido ao seu orçamento
A parte mais difícil
de qualquer orçamento é não esquecê-lo depois de algum tempo. Por isso,
se você realmente quiser buscar uma relação mais saudável com suas
finanças não apenas por um mês, mas de forma definitiva, é importante
levar a sério o controle financeiro.
Para isso, consultores
financeiros orientam que a elaboração do orçamento seja aliada à
definição de metas, como comprar uma casa, sair da casa dos pais, fazer
uma viagem ou um curso. Se o orçamento for feito apenas por fazer, sem
uma motivação, a tendência é que ele se torne mais uma obrigação sem
sentido.
Massaro também sugere que a ideia de iniciar um orçamento
para alcançar metas seja compartilhada com uma pessoa próxima, que
possa sempre te incentivar ou te cobrar se eventualmente você se sentir
tentado a desistir do planejamento.
6) Comece com metas menos ambiciosas
Se você ainda tem dívidas
para resolver, economizar 10%, 20% ou 30% do seu orçamento pode parecer
algo insano. Por isso, se sua situação financeira não é exemplar, vá
com calma e não se cobre tanto.
Em primeiro lugar, seu objetivo deve ser eliminar dívidas, já que os juros que você paga em empréstimos,
via de regra, são maiores do que os juros que você pode obter
investindo seu dinheiro. Em outras palavras, não adianta manter seu
dinheiro investido na poupança obtendo retornos de menos de 1% ao mês, se você tem uma dívida no cheque especial e está pagando juros de 12% ao mês.
Resolvidas as dívidas, se não for possível destinar 10% da sua renda aos investimentos,
que é um percentual comumente recomendado por especialistas, comece aos
poucos. Comprometa-se a investir inicialmente 1% da sua renda que seja,
e depois vá aumentando esse percentual para 2%, 3%, 4% até que o valor
investido seja compatível com seus objetivos financeiros (confira 5 investimentos fáceis e seguros que rendem mais que a poupança).
Fonte: Exame
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