Sem os bancos públicos, dadas as condições do Brasil, não será
possível atingir o desenvolvimento. A afirmativa é do doutor pelo
Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
Antônio Correia de Lacerda. Ele recebeu o Personalidade Econômica do Ano
de 2016 durante o 22º Congresso Brasileiro de Economia, que terminaou ontem (8), em Belo Horizonte.
Para o economista, o papel dos
bancos públicos é crucial para que um país possa se desenvolver e dar
suporte ao crescimento de seu setor industrial. "Não podemos ficar ao
sabor das circunstâncias. Precisamos de uma política industrial que
envolva política comercial e política de ciência, tecnologia e
inovação", disse Lacerda.
Os bancos públicos atuam no fomento da
indústria nacional, no desenvolvimento regional e no apoio a atividades
nas quais grupos privados manifestam pouco interesse ou cuja
rentabilidade ainda não é suficiente para que se desenvolvam. Para
tanto, são feitos financiamentos e empréstimos, tanto de curto como de
longo prazo, em condições mais favoráveis do que as oferecidas pelo
mercado.
Lacerda manifestou preocupação com a substituição da
Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP) nas
operações de crédito feitas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES). A Medida Provisória 777/2017, que instituiu a
nova taxa, foi aprovada na terça-feira (5) pelo Senado e segue agora para sanção presidencial.
"O
J [letra jota] faz toda diferença. Uma [taxa] é política pública,
definida pelo Conselho Monetário Nacional e, portanto, oferece juros
compatíveis com a rentabilidade esperada dos projetos. E a outra é a
taxa de mercado que, dadas as condições brasileiras, vai inviabilizar a
única fonte de financiamento de longo prazo", afirmou Lacerda.
A
TLP é composta pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) e pela taxa de juros prefixada das Notas do Tesouro
Nacional (NTN-B) vigente no momento da contratação do financiamento. Por
outro lado, a TJLP é fixada pelo Conselho Monetário Nacional após
avaliar alguns índices econômicos.
O governo alega que a TLP
barateia o crédito e facilita o controle da inflação e que o BNDES
poderá ter recursos com o menor custo de captação do mercado,
permanecendo com um grau importante de incentivo. De acordo com o
Ministério da Fazenda, o ajuste fiscal e as demais reformas econômicas
levarão à queda de todas as taxas de juros da economia. Dessa forma, a
diminuição do subsídio ao crédito não significará o aumento da taxa de
juros real paga pelos clientes do BNDES. A pasta avalia também que não
há evidências empíricas de que o forte aumento do crédito subsidiado
tenha alavancado o investimento.
O 22º Congresso Brasileiro de
Economia teve início na quarta (6) e termina nesta sexta-feira, com a
participação de mais de 1,5 mil pessoas, incluindo diversos renomados
economistas brasileiros e também convidados internacionais. Trata-se de
um dos maiores eventos de economia do país.
O tema desta edição é “Desenvolvimento Econômico, Justiça Social e Democracia: Bases para um Brasil Contemporâneo”.
Fonte: EBC
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