Segundo associação, 16% dos compradores cancelaram contratos em 2015.
Especialista explica as consequências da rescisão para as construções.
O consumidor que compra um imóvel na planta deve tomar cuidados caso resolva desistir da aquisição.
Segundo a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás
(Ademi), no ano passado, 16% das pessoas que adquiriram unidades
habitacionais desfizeram o negócio com as construtoras.
De acordo
com o especialista em direito imobiliário e urbanístico, o advogado
Rodrigo de Moura Guedes, o comprador deve tomar cuidado com o que prevê o
contrato firmado na hora do negócio. “Normalmente, os contratos não
dão ao comprador o direito de se arrepender. Quase sempre há cláusulas
que preveem multas e encargos caso haja a recisão da compra, por isso é
preciso atenção ao conteúdo do contrato”, disse Guedes.
Segundo o
advogado, o Superior Tribunal de Justiça determinou que, no caso de
recisão do contrato de compra e venda de um imóvel, o consumidor pode
ter o direito em duas modalidades: devolução total ou proporcional do
que foi pago. De acordo com Guedes, a devolução total acontece quando a
culpa da recisão é por parte do responsável pela obra.
“Por
exemplo, se o incorporador atrasar a entrega da obra ou descumprir
qualquer característica do contrato, o consumidor tem direito a ter 100 %
do que ele pagou de volta, com correção monetária”, explicou.
A
devolução proporcional acontece quando o comprador é o responsável pela
recisão. Neste caso, a devolução é feita de acordo com o que o contrato
previa. “Por isso é importante observar o contrato, porque o vendedor
tem o direito de reter um percentual que vem firmado em uma das
cláusulas. Ele terá descontado uma quantia, com correção, do valor que
ele já havia pagado para a construtora”, explicou.
Guedes ressalta
que o consumidor, ao desistir da compra de um imóvel, causa transtornos
para quem o vendeu e a todos os outros compradores do mesmo
empreendimento. Segundo ele, toda construção precisa ter um memorial de
incorporação, com o orçamento e prazos da obra. Guedes afirma que quando
um contrato é rescindido, a previsão da obra é, na maioria das vezes,
afetada.
“Às vezes a gente pensa que o consumidor que tem parte do
que pagou retida é o maior prejudicado, mas o fato de ele desistir do
negócio gera consequências para o cronograma da obra e pode prejudicar
as outras pessoas que compraram e continuam pagando pelo imóvel”,
afirmou.
Mercado
De acordo com presidente da Ademi, Renato Correia, foram vendidos cerca de 6 mil imóveis no ano passado em Goiás. No entanto, 960 proprietários desistiram do negócio. Para Correia, o principal motivo destas recisões é a crise econômica que o país enfrenta.
De acordo com presidente da Ademi, Renato Correia, foram vendidos cerca de 6 mil imóveis no ano passado em Goiás. No entanto, 960 proprietários desistiram do negócio. Para Correia, o principal motivo destas recisões é a crise econômica que o país enfrenta.
“A própria corrosão da renda de quem comprou o
apartamento, muitas vezes causada pela dificuldade econômica do país e a
restrição de crédito, leva as pessoas que estavam inseguras a recuarem
nos negócios, abrindo mão dos contratos e gerando esta recisão”, disse.
Segundo
Correia, o mercado ainda não consegue estimar se o número de pessoas
que desistiram dos contratos vai ser maior ou menor neste ano. Mas já
considera que a quantia de lançamentos de unidades sofrerá queda em
relação a 2015.
“É difícil fazer uma projeção, a gente analisa o
que aconteceu, afinal são tantas variáveis. Nós temos tido queda pequena
nas vendas no primeiro quadrimestre deste ano, mas também uma queda no
número de lançamentos, pelo fato de termos menos lançamentos, teremos
menos contratos e, consequentemente, menos recisões, por isso pode ser
que o número não suba”, explicou.
Apesar do cenário do mercado
estar em retração este ano em relação ao ano passado, o presidente da
Ademi diz que em Goiás a atividade é promissora e alvo de investimentos.
“O negócio imobiliário em Goiás é um excelente investimento a longo
prazo, sobretudo neste período em que os preços dos imóveis estão abaixo
do que era praticado no mercado, sem dúvida a valorização vai ser
retomada e quem investiu vai lucrar bastante”, opina.
Fonte: G1
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