A Petrobras anunciou para amanhã (5) novo aumento da gasolina de 3,3%
e do diesel de 0,1%. Nos últimos reajustes consecutivos, a gasolina
acumulou acréscimo de preço de 11,2% desde o dia 31 de agosto e o diesel
ficou 8,94% mais caro desde o dia 29.
O aumento é nas refinarias
e está de acordo com a nova política de preços da estatal, que utiliza
como base “o preço de paridade de importação, que representa a
alternativa de suprimento oferecido pelos principais concorrentes para o
mercado - importação do produto”.
Após dois meses em vigor da nova política de reajuste do preço dos combustíveis, a
Petrobras avaliou como positiva a mudança implantada em 3 de julho, com
aumentos ou reduções quase diários da gasolina e do óleo diesel.
Em
reunião na semana passada, o Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp)
da Petrobras disse que “os ajustes promovidos têm sido suficientes para
garantir a aderência dos preços praticados pela companhia às
volatilidades dos mercados de derivados e ao câmbio”.
Segundo a
estatal, durante o mês de agosto os ajustes acumulados foram de +3,4% na
gasolina e de +2,2% no diesel, até o dia 29 último. Em julho, na
avaliação feita até o dia 27, os ajustes acumulados foram de 4,7% no
diesel e de - 0,6 % na gasolina.
Para o consultor Adriano Pires,
sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie),
a política de ajustes é positiva para a empresa, que, segundo ele, tem
conseguido diminuir a capacidade ociosa das refinarias e reconquistar
mercado na venda de gasolina e de diesel no país.
“Acho que a
política está tendo sucesso, as empresas que importavam estão tendo que
ter muito mais cuidado na importação, porque a importação às vezes
demora, o prazo da chegada do produto no Brasil é de uns 30 dias, e em
30 dias a Petrobras pode ter feito 30 reajustes, para baixo ou para
cima, no preço da gasolina. Então, agora, as distribuidoras/importadoras
de gasolina e óleo diesel têm que prestar muita atenção no estoque dos
produtos. Porque antes olhavam muito só a questão do preço”.
Do ponto de vista da sociedade, Pires considera uma boa política porque os reajustes diários banalizam os aumentos ou reduções e “tiram a gasolina e o diesel da primeira página do jornal. A gente tinha uma cultura no Brasil de achar que preço de gasolina e diesel é diferente do preço do leite, do arroz, do feijão, e sempre ficava aquela expectativa, quando é que vai anunciar o aumento da gasolina, o aumento do diesel, daí dava primeira página do jornal e o cara aumentava o pão na padaria, o refrigerante e a cachaça no mercado”, argumentou.
Do ponto de vista da sociedade, Pires considera uma boa política porque os reajustes diários banalizam os aumentos ou reduções e “tiram a gasolina e o diesel da primeira página do jornal. A gente tinha uma cultura no Brasil de achar que preço de gasolina e diesel é diferente do preço do leite, do arroz, do feijão, e sempre ficava aquela expectativa, quando é que vai anunciar o aumento da gasolina, o aumento do diesel, daí dava primeira página do jornal e o cara aumentava o pão na padaria, o refrigerante e a cachaça no mercado”, argumentou.
Controle da inflação
Segundo
ele, anteriormente os reajustes eram feitos “para controlar a inflação,
aumentar a arrecadação ou ajudar os candidatos apoiados pelo governo de
plantão a ganharem as eleições”.
Já o presidente da Associação
dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Felipe Coutinho, afirmou que a
nova política não diminuiu a ociosidade das refinarias, nem fez a
empresa reconquistar mercado.
“Na verdade, através da política de
preço da Petrobras, a gente está entregando o mercado brasileiro para
os importadores. Você pode verificar isso tanto na ociosidade das
refinarias quanto nos dados de importação de derivados. Com essa
política de preços, a Petrobras aumentou o preço nas refinarias. E
quando reajustou o seu preço nas refinarias, ela viabilizou a importação
por terceiros. Isso é o mesmo que entregar o mercado brasileiro para os
concorrentes”, explicou.
Coutinho discorda que os combustíveis
possam ser considerados como as outras commodities (mercadorias com
preços em dólar). Segundo ele, “a qualidade de vida das pessoas está
ligada à intensidade energética do seu consumo”.
“A energia é o
que movimenta a economia, é o que movimenta a indústria, é o que faz com
que as mercadorias e as pessoas circulem. Então, quando você tem preço
da energia alto, você torna toda a economia menos produtiva. E essa
improdutividade da economia impacta nas condições de vida da população.
Quando você consegue ter uma economia com os custos de energia mais
baixos, ela fica mais competitiva e as pessoas podem consumir mais”,
opinou.
O engenheiro lembra também da importância do preço da
energia para a economia interna ser capaz de competir internacionalmente
e no caráter estratégico e militar.
“Você tratar a questão da
energia, do petróleo, como se fosse uma mercadoria qualquer e fosse
substituível, isso é uma falácia. Isso não é feito pelos principais
países. Pelo contrário, se trata a questão da soberania energética,
assim como a soberania alimentar, como uma questão vital para o
interesse nacional. Quando você trata, no Brasil, o petróleo brasileiro
como se fosse uma mercadoria qualquer, na verdade você está favorecendo
os interesses estrangeiros que querem se apropriar do petróleo, e que
não tratam o petróleo dessa forma”, finalizou.
Fonte: EBC
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