No ano passado, as transações bancárias por meio do mobile banking, que inclui celulares e tablets, cresceram 138% ante 2014, totalizando 11,2 bilhões de operações, segundo a Fenaban.
A greve dos bancários caminha para ser uma das mais extensas da história do sistema financeiro, com os bancos mais duros na negociação em um ano que os lucros tendem a encolher pela primeira vez em décadas, como reflexo da crise que pesou nos calotes e engordou as provisões para devedores duvidosos. O impacto da paralisação nos resultados, porém, é cada vez menor, em meio à migração das transações bancárias para os canais digitais, como o internet banking e o mobile banking.
Além disso, o terceiro trimestre já traz o impacto sazonal da greve dos bancários, que se repete todo ano. "Essa greve gerou menos impacto por conta da utilização de canais digitais, que está muito forte. Depósito em cheque basicamente acabou. Todo mundo hoje tem um smartphone e a utilização dos canais digitais tem crescido geometricamente em todos os bancos", diz o executivo de um grande banco.
No ano passado, as transações bancárias por meio do mobile banking, que inclui celulares e tablets, cresceram 138% ante 2014, totalizando 11,2 bilhões de operações, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Conseguiu, com isso, ser o segundo canal mais usado, atrás apenas do internet banking. Em algumas instituições, conforme fontes, o mobile já galgou a liderança nos meios utilizados para transações bancárias.
A Febraban destaca, em nota ao Broadcast, que o uso de canais alternativos às agências bancárias para fazer operações, especialmente os meios eletrônicos, têm sido eficazes para minimizar os efeitos da greve. Juntos, internet banking e mobile banking responderam por mais da metade das transações bancárias (54%). "O internet banking foi o canal responsável pelo maior número de transações em 2015, com 33% do total, o equivalente a 17,7 bilhões de operações bancárias. As contas com internet banking saltaram de 56 milhões, em 2014, para 62 milhões no ano passado", reforça a Febraban.
"A tendência é impactar cada vez menos. Cada vez mais as operações são on-line e digitais", diz um analista de bancos.
Um executivo de um grande banco admite que há convênios de crédito consignado, por exemplo, que são impactados, mas que alguns, inclusive, já operam de forma on-line e que os usuários ainda têm os caixas eletrônicos (ATM, na sigla em inglês) à disposição. Do ponto de vista de crédito, a oferta já está "murcha", segundo ele, como reflexo do baixo apetite tanto do lado de indivíduos como de empresas. Apesar disso, o executivo pondera que antes da crise, sinais de que as carteiras em geral pararam de encolher já começaram a aparecer.
Além disso, muitas agências fecham as portas para evitar o atendimento a consumidores que só querem pagar contas, o que, atualmente, já pode ser feito nos canais digitais para quem é cliente de algum banco. "Se o banco do lado fechou as portas, o outro também vai fechar para evitar aqueles usuários que só querem pagar contas", explica um bancário.
A greve
Após cinco rodadas de negociações e sem consenso entre trabalhadores e banqueiros, a paralisação completa hoje 18 dias e atingiu na segunda-feira (26) a mesma duração da pausa feita no ano passado, de 21 dias. A maior greve dos bancários dos últimos anos, conforme o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região (CUT), foi a de 2013, quando os trabalhadores do sistema cruzaram os braços por 24 dias. Apesar de a paralisação atual correr o risco de renovar esse recorde, os bancos representados pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não consideram, conforme fontes, reajuste maior do que o concedido em 2015, quando a categoria requisitava 16% de aumento, mas o reajuste salarial ficou em 10%, além de correção de 14% no vale-refeição e alimentação.
Neste ano, a diferença está ainda maior. Os bancos oferecem menos da metade do reajuste reivindicado pelos trabalhadores, de 7% (com 2,39% de perda salarial) e um abono de R$ 3,3 mil, ante aumento de 14,78% (alta de 5%, considerando a inflação) solicitado pelo sindicato. A contraproposta, porém, foi rejeitada e nas duas últimas reuniões realizadas, nos dias 13 e 15 de setembro, não houve mudanças.
"A greve deste ano caminha para ser a mais longa da história. Claramente, os bancos estão mais duros este ano e a diferença entre os pedidos é alta. O sindicato vai ter de ceder, mas a categoria vai testar ao máximo", avalia um analista que acompanha o setor bancário.
Corte de custos
Do lado dos bancos, não há a expectativa de um impacto do acordo salarial com a classe que justifique a elevação dos guidances de despesas para o ano, segundo fontes. Ainda que o aumento fique acima do orçado pelas instituições, em torno dos 7%, explica um executivo, será compensado com corte de custos e também de funcionários. "Os bancos estão cada vez mais eficientes. Se aperta de um lado, sai do outro. Os bancos terão de desligar mais gente", afirma um executivo.
Essas instituições têm sido mais rigorosas no controle de gastos, a exemplo do que ocorreu no primeiro semestre. O Bradesco, inclusive, revisou para baixo a sua projeção para despesas operacionais. O banco espera que esses gastos cresçam de 4% a 8% neste ano, contra intervalo anterior de 4,5% a 8,5%. O Itaú Unibanco também refez seus cálculos por conta da incorporação do chileno CorpBanca. As despesas não decorrentes de juros da instituição devem crescer de 2,0% a 5,0% em 2016. Já o Banco do Brasil espera que suas despesas administrativas cresçam de 5% a 8%. No primeiro semestre, o banco elevou seus gastos em ritmo menor, de 2,6% ante mesmo período de 2015. Caixa Econômica Federal e Santander Brasil não divulgam projeções para suas despesas.
Ontem, a greve dos bancários alcançou centros administrativos dos maiores bancos do País. O sindicato dos bancários estima a participação de 60 mil trabalhadores na paralisação. No total, 16 centros administrativos e 780 agências foram fechadas ontem.
Fonte: Idec
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