quarta-feira, 30 de maio de 2012

Copom deve reduzir Selic pela sétima vez seguida

Mercado aposta em corte de 0,5 ponto como estratégia do governo para estimular economia
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) do Brasil deve reduzir nesta quarta-feira pela sétima vez consecutiva sua taxa básica de juros (Selic), dos atuais 9% a um mínimo histórico de 8,5% ao ano, com a meta de impulsionar o magro crescimento econômico em um contexto de crise internacional, segundo analistas. O governo da presidente Dilma Rousseff reduziu recentemente sua estimativa de crescimento de 4,5% para 4% em 2012, segundo um documento apresentado diante do Senado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, um dia depois de lançar uma nova bateria de medidas para impulsionar a economia.
"Estamos prevendo um corte de 0,5 ponto percentual para amanhã", afirmou à AFP Marcelo Solomon, economista para a América Latina do banco de investimento Barclays.
"Estão preocupados com o crescimento. Estão tomando uma série de medidas que demonstram que as coisas não estão indo bem", disse por sua vez Eduardo Velho, economista-chefe da corretora Prosper, que prevê uma redução de meio ponto percentual, apesar de não descartar "uma surpresa" após a reunião do comitê.
"Se houver um corte de 0,75 ponto percentual, não será uma decisão unânime", disse Velho à AFP, apesar de afirmar que para o final deste ano a taxa básica poderá ficar abaixo de 8% ao ano.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) iniciará a reunião na tarde desta terça-feira. Ela será concluída na quarta-feira após o fechamento dos mercados.
Desde agosto passado, o órgão cortou de 12,5% ao ano para 9% ao ano a taxa de referência em um país que manteve altíssimas taxas de juros para lutar contra a hiperinflação das décadas de 1980 e 1990, mas que agora está preocupado em impulsionar o crescimento.
O banco Goldman Sachs afirmou que é provável uma redução de 0,5 ponto na taxa de referência "mais do que um agressivo 0,75" ponto, depois de terem sido divulgados dados de inflação "longe da comodidade" e após a recente queda do real frente a um dólar muito fortalecido nos mercados internacionais.
A inflação disparou para 6,5% em 2011, e o Banco Central espera que este ano fique no centro da meta oficial de 4,5%, apesar de em abril ter chegado a uma alta de 5,1% em 12 meses. Nos primeiros quatro meses de 2012, a inflação acumulada é de 1,87%.
A crise na Europa e uma perspectiva de desaceleração na China, o grande comprador de matérias-primas brasileiras, gera dúvidas sobre o desempenho da sexta maior economia do mundo este ano, após uma expansão de apenas 2,7% em 2011 depois de um vigoroso 7,5% no ano anterior.

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