A Nestlé ainda não definiu o preço dos produtos, mas anunciou que
enxugou o portfolio, sem dar detalhes. O ovo Lolo, por exemplo, não será
produzido.
- Esta vai ser uma Páscoa desafiadora, com a alta de custos
chegando com força. Mas estamos otimistas e nos preparamos. Organizamos o nosso
portfolio, se concentrando nas principais marcas. Os preços ainda estão
definidos, mas a ideia é não repassar todos os custos - disse Pedro Abondanza,
gerente de Marketing de Páscoa da multinacional.
Alexandre Costa, fundador da chocolateria Cacau Show, é otimista e
disse que o setor "sobrevive e está imune porque as pessoas comem
chocolate". A empresa também não vai repassar todos os custos e deve
reajustar em 7% os produtos.
- Procuramos inovar. A Páscoa é um momento que o consumidor se
permite comer chocolate. Teremos 19 novidades este ano. Claro que vamos ter
também os ovos menores, mas estamos investindo em produtos premium - diz o
empresário, que destaca o o ovo gourmet caramelo com toque de sal de 400
gramas, R$ 56,90.
LINHA MAIS ENXUTA
Mais cauteloso, Nicolas Seijas, gerente de marketing de chocolates
da Arcor, que trabalha com uma linha mais enxuta, 29 produtos, manteve o
portfolio e espera que as vendas fiquem, pelo menos, igual a 2014, quando
registrou um aumento de 5%.
- Nossa indústria está sofrendo a retração do consumo no Brasil.
Há um ano, comprávamos o cacau com o dólar a R$ 2,20 e agora, a R$ 2,70. Os
brinquedos, presentes em praticamente metade do mercado de ovos de Páscoa, na
sua grande maioria, vêm da China. Tomamos o cuidados com os preços e o reajuste
não vai passar de 8% - explicou.
O ovo da famosa tartaruga Tortuguita ganha versões com brindes que
variam de headphone até uma pelúcia que vira estojo.
O grupo CRM, dono das marcas Kopenhagen e Brasil Cacau, projeta
20% de crescimento em relação a 2014, mas reconhece que o setor viverá um
desafio em 2015.
- O cenário (econômico) não está favorável, mas fizemos a nossa
lição de casa. A Páscoa é desafiadora e temos que trabalhar nos atributos. Na
Brasil Cacau, os preços, a apresentação e as embalagens modernas atraem o
consumidor. Já com Kopenhagen, a gente acredita que o chocolate consagrado, uma
embalagem adequada e as novidades vão ser o diferencial para fazer uma boa
Páscoa - disse Renata Moraes Vichi, vice-presidente executiva do Grupo CRM.
As duas marcas somam 130 produtos alusivos à data. Os preços devem
subir 8% em relação a 2014. O mais luxuoso da linha Kopenhagen, em parceria com
a joalheria dinamarquesa Pandora, é um ovo que acompanha uma pulseira de prata
com um berloque de coelho e sai R$ 420.
A Lacta reformulou a linha infantil, com brinquedos de melhor
valor agregado, e lançou a chamada linha Pré Pascoa, mais barata e farta com
produtos como mini ovos e mini barras "patinha de coelho", segundo
Maykon Vieira, gerente de marketing.
PRESSÃO DE CUSTO
O setor vive hoje a chamada pressão de custo, afirma o
vice-presidente da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates,
Cacau, Amendoim, Balas e Derivados), Ubiracy Fonseca. O Brasil é o terceiro
maior consumidor e produtor do mundo em chocolates, com consumo per capita é de
2,8 kg/ano. De janeiro a setembro de 2014, a produção teve queda de 2% em
relação ao mesmo período de 2013. Fonseca acredita que 2015 deve manter os
patamares do ano passado.
Na Páscoa de 2014, foram produzidas 20,2 mil toneladas de
chocolate pela indústria e chocolaterias, o que correspondeu a cerca de 100,2
milhões de ovos de Páscoa, segundo dados da Nielsen.
Fonte: O Globo
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