O aumento dos preços de tarifas como energia elétrica e telefone, por
exemplo, fez o brasileiro buscar saídas criativas para evitar o corte
dos serviços, mesmo pagando as contas com atraso.
A cabeleireira
Márcia Nascimento de Camargo, de 32 anos, casada e mãe de dois filhos,
explica que está fazendo uma espécie de rodízio na quitação das despesas
básicas de água, luz e telefone. Ela paga a conta, mas depois do
vencimento.
“No mês passado atrasei a conta de luz. Neste mês será
a de TV a cabo. É o jeito que eu estou usando para conseguir me
equilibrar. Só não deixo o atraso passar de 30 dias, senão eles cortam o
fornecimento do serviço”, diz a cabeleireira.Entre as despesas de
energia elétrica da sua casa e do salão, que funcionam no mesmo
endereço, ela gastava em média R$ 73 por mês antes do reajuste da
tarifa. Agora, a conta subiu para R$ 189.
Conta de luz de Márcia passou de R$ 73 para R$ 189. FOTO: Clayton de Souza/Estadao
© Fornecido por Estadão marcia-nascimento-estadao-clayton-de-souza
E,
mesmo com aumento da despesa com energia elétrica, ela diz que não
consegue repassar para as clientes. “Se aumentar o preço, ninguém mais
faz cabelo. O pessoal já está cortando (despesas com ) a cabeleireira”,
reclama Márcia.
Além do rodízio no pagamento das despesas
compulsórias, Márcia está também reduzindo os gastos com energia
elétrica e com a água. No lugar de enxaguar quatro vezes o cabelo das
clientes, agora ela faz essa operação apenas duas vezes. Com isso,
conseguiu economizar água também.
Renegociação
O
dono de restaurante Nelson Rabay, de 49 anos, é outro que está
economizando energia elétrica em sua casa. A conta, que normalmente era
de R$ 190 por mês, subiu para R$ 350. “Estamos economizando na medida do
possível.”
Mas no seu restaurante, que ficou fechado por um
período de oito meses, ele está tentando renegociar o pagamento das
contas atrasadas, que somam R$ 1.849.
No ano passado, o empresário
sofreu um acidente e teve de parar de trabalhar. Fechou o restaurante
e, sem faturamento, deixou de pagar a conta de luz. Agora tenta um
parcelamento da dívida pendente. “Vi na TV que um senhor conseguiu
parcelar as pendências da conta de luz em 12 vezes num feirão. Vou
tentar em seis.”
Animado com a reabertura do restaurante de comida
árabe, Rabay diz que não pretende subir os preços dos pratos do seu
estabelecimento, apesar dos aumentos de custos das tarifas e também dos
alimentos. “A cebola hoje é um luxo, o quilo custa R$ 8. É preço de
tomate”, diz.
Sua estratégia para tentar ter sucesso com o negócio
num ambiente de crise é ter preço menor e ganhar no número de pratos
vendidos. “Um estudo da Abrasel (associação do setor de restaurantes)
mostra que quem vende hoje um almoço por mais de R$ 30 está perdendo
clientes e quem trabalha abaixo de R$ 15 está ganhando. Não consigo
trabalhar abaixo de R$ 15. Vou tentar ficar entre R$ 17 e R$ 18”.
Fonte: MSN
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