Os
juros do cheque especial e do cartão de crédito rotativo voltaram a
subir em maio, segundo informações divulgadas ontem pelo Banco Central.
Para quem já está endividado, a dica neste momento é buscar opções de
crédito mais baratas para pagar a dívida. Já quem tem as contas em dia
deve usar os recursos financeiros com responsabilidade para evitar
entrar no vermelho.
O
cartão de crédito se manteve como modalidade mais cara para os clientes
que não pagam a fatura na totalidade: os juros foram de 360,6% ao ano,
em maio. Em abril, estavam em 347,5%. O patamar de maio é maior desde o
início da série histórica, em março de 2011.
Para o educador
financeiro Reinaldo Domingos, o real problema não está no cartão de
crédito em si, mas na falta de educação financeira. “O erro capital em
relação ao cartão é pagar a parcela mínima. As altas taxas de juros
cobradas acabam levando a pessoa à inadimplência. Recomendo que o limite
do cartão de crédito não ultrapasse 50% do salário ou ganho mensal, o
que evitará gastar mais do que se recebe”, aconselha o especialista.
Os
juros do cheque especial, por sua vez, avançaram seis pontos
percentuais de abril para maio, em 232% ao ano. Este foi o maior patamar
desde 1995, quando estava em 242,2% ao ano.
Presidente do Canal
do Crédito, Marcelo Prata explica que as taxas altas são resultado da
conveniência oferecida por essa modalidade. “Não vale a pena contratar
crédito pelo internet banking, caixa eletrônico ou aplicativo do banco.
Todo dinheiro fácil normalmente é mais caro”, explica.
A
recomendação para quem está endividado é buscar uma opção mais em conta.
O crédito pessoal, por exemplo, somou 111,5% ao ano em maio, contra
113% ao ano em abril — queda de 1,8 ponto percentual. O patamar continua
historicamente elevado, mas há outras opções com juros menores.
Uma
delas é o consignado, com desconto em folha de pagamento, que somou
27,2% ao ano em maio, contra 26,9% em abril. Apesar de ser a taxa mais
alta desde abril de 2012, essa continua sendo uma das linhas de crédito
com taxa de juros mais baixa do mercado.
Segundo Marcelo Prata,
todas as linhas com algum tipo de garantia são mais baratas. “O ideal é
substituir o cheque especial pelo consignado. Se não for possível, há
opções com garantia de imóvel, carro, também com boas condições de
pagamento. Em último caso, o crédito pessoal é uma solução”, afirma o
especialista.
De acordo com o BC, a taxa média de juros para
aquisição de veículos por pessoas físicas somou 24,8% ao ano em maio,
contra 24,6% ao ano em abril último, o mesmo patamar de fevereiro.
Vender o carro como saída
Quando
a situação aperta, contratar um crédito pode parecer uma solução rápida
e simples, mas não é bem assim. Para Marcelo Prata, do Canal do
Crédito, o consumidor deve avaliar se o dinheiro vai resolver o problema
ou só vai “tampar o sol com a peneira”.
Segundo ele, pode ser
necessário tomar medidas mais definitivas. “Se custo familiar estiver
mais alto que a receita, é preciso reduzir o orçamento. Isso pode ser
feito baixando o padrão de vida ou vendendo um carro, por exemplo”, diz.
Crédito exige responsabilidade
A
doceira Ana Cristina Campelo, 52 anos, usa bastante o cartão de crédito
para arcar com os custos da produção de bolos e doces. “Já cheguei a
pagar o mínimo, mas hoje me organizo para quitar o valor total em dia.
Não tem como arcar com juros de mais de 300%, é inviável”, comenta.
Para
Reinaldo Domingos, o cartão de crédito pode ser uma ferramenta
importante para quem sabe usar, pois oferece como prêmios e milhagens.
“Se a pessoa tiver apenas um ganho mensal, deverá ter apenas um cartão
de crédito. Caso ganhe semanalmente, pode ter até três cartões, para os
dias 10, 20 e 30. Com isso, poderá comprar seis dias antes do vencimento
de cada um deles, ganhando 36 dias para pagamento”, ensina o
especialista. Mas ele alerta: “Caso perca o controle financeiro, é
preciso parar de usar o cartão imediatamente”.
Já o problema do
diretor de TV Daniel Camargo, 38, é com o cheque especial. “Ter
facilidade de crédito é muito bom, mas tem que lembrar que esse poder de
compra vai até a pagina dois. É importante estabelecer limites, ter
calma e pensar antes de comprar”, reconhece ele.
Reinaldo Domingos
lembra que o consumidor não deve encarar o cheque especial como
extensão do salário. “Há bancos que oferecem possibilidade de uso do
limite do cheque especial por 10 dias sem juros, basta pesquisar”,
avalia.
Fonte: O Dia
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