Risco de desemprego e inflação em alta fazem consumidor ter mais cuidado nas compras
A
mesma classe C que há alguns anos mostrava sinais de ascensão social e
aumento no poder de consumo, hoje sofre com ameaças de desemprego e de
inflação em alta. Com renda média familiar entre R$1.500 e R$2.500 por
mês, essas pessoas tentam manter o padrão de consumo conquistado, mas
buscam racionalizar gastos, principalmente no que se refere ao lazer e
alimentação.
Pesquisa
da consultoria Plano CDE aponta que a maior parte dos entrevistados
precisou fazer cortes nos últimos seis meses. O destaque ficou para
alimentação fora de casa, reduzida em 59% dos casos. Em seguida, vem
lazer (49%), e serviços de beleza (38%). Os itens que menos sofreram
redução foram estudo próprio (11%) e plano de saúde (11%).
Diretor
da Consumoteca, Bruno Maletta explica que o primeiro impacto em
períodos de crise econômica é sempre nos serviços e no consumo. “As
pessoas não deixam de comprar, mas começam a racionalizar. Ainda não
chegamos a uma crise tão forte para que a classe C volte ao padrão de
consumo anterior ao da ascensão. Além disso, esse grupo tem a
preocupação de não se privar de conquistas em áreas importantes, como
Saúde e Educação”, avalia.
Segundo a pesquisa, os filhos
determinam a prioridade na hora de cortar os gastos. Uma das
entrevistadas para a pesquisa sobre o impacto da crise no consumo da
classe C, Juliana, de Belo Horizonte (MG), confirma a teoria. “Não tem
jeito de ficar sem internet e, principalmente, sem o plano de saúde para
a minha filha. Quem tem filho pequeno não pode depender do serviço
público”, contou ela.
Outra mudança, de acordo com o estudo feito
em abril, foi nas compras de supermercado. Dados apontam que 94% dos
entrevistados mudaram suas estratégias de compra. Entre as principais
mudanças estão a intensificação na busca por promoções (50%), compra em
menor quantidade (47%), corte de produtos de determinadas categorias
(46%) e pesquisa de novas marcas (36%).
Apesar disso, a pesquisa
informa que os consumidores da classe C buscam marcas mais baratas
dentro de rol de produtos já testados, antes de arriscar novidade. Para
Maletta, esse grupo não abre mão da qualidade.
“Agora que se
acostumaram com produtos de um nível melhor, dificilmente vão trocar por
um inferior. A saída pode ser usar menos ou buscar promoções”, diz.
Gastos mais seletivos
De
acordo com o estudo, com a restrição orçamentária, a jornada de compras
deixa de ser um processo automático e passa a ser mais planejada e
repensada. A pesquisa mostra que 35% dos consumidores da classe C
ampliaram seus pontos de venda em busca do melhor preço. Outros 30%
deixaram de frequentar uma loja porque ficou cara. Além disso, 24%
passaram a comprar no atacado.
De um modo geral, esse grupo de
consumidores está menos disposto a pagar mais por conveniência e
experiência de compra. Do total de entrevistados, 22% deixaram de
frequentar pontos de venda mais confortáveis e prazerosos.
Também
houve redução no consumo de água (23%) e energia elétrica (27%). Segundo
a pesquisa, itens essenciais foram os que mais sobrecarregaram o
orçamento nos últimos meses. Entre eles: luz (61%), alimentação (58%),
transporte (32%), internet e TV a cabo (31%), medicamentos (28%),
refeições fora de casa (28%), vestuário (27%), aluguel (27%) e água
(26%).
Já as contas em atraso são cartão de crédito e boleto (52%), luz (50%), água (31%) e internet e TV a cabo (31%).
Vendas no comércio varejista caem 3,5% em um ano
Em
abril de 2015, o comércio varejista registrou queda de 0,4% no volume
de vendas e de 0,3% na receita nominal, em relação a março. Já na
comparação com o mesmo mês do ano passado, houve queda de 3,5% nas
vendas e 2,5% na receita.
Na série de março a abril, as taxas
negativas foram em combustíveis e lubrificantes (-0,1%); livros,
jornais, revistas e papelaria (0,2%); material de construção (-1,2%);
móveis e eletrodomésticos (-3,1%); tecidos, vestuário e calçados (3,8%);
artigos de uso pessoal e doméstico (-5,1%); e material para escritório,
informática e comunicação (-12,2%).
Já as atividades com
resultados positivos entre um mês e outro foram veículos e motos, partes
e peças (4,4%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo (1,9%); e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de
perfumaria e cosméticos (0,3%).
Na comparação de abril de 2014
com o mesmo mês deste ano, as piores quedas foram para móveis e
eletrodomésticos (-16%); livros, jornais, revistas e papelaria (-9,1%);
tecidos, vestuário e calçados (-7,5%); e supermercados, alimentos,
bebidas e fumo (-2,3%).
Fonte: O Dia
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