Enquanto o ministro da Fazenda Joaquim Levy tenta ajustar as contas do governo, brasileiros se contorcem para cortar gastos e compensar o impacto da inflação no orçamento familiar. A tesourada passa, principalmente, por mudanças de hábitos, como levar marmita para o trabalho e usar carona no transporte diário. Além disso, os momentos de lazer passam a acontecer mais dentro de casa ou em espaços públicos gratuitos.
Camila Schiavon economizou 50% após ir de carona para o trabalho
O primeiro passo para fazer um ajuste fiscal doméstico, segundo Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec, é hierarquizar os gastos. “É preciso avaliar o que pode ser cortado. Vale a pena investir em mudanças de hábito, como passar menos tempo no banho. Mas o principal item hoje é a alimentação fora de casa, que sai muito cara no Rio”, explica.
Gestora de relacionamento com clientes em uma empresa na região Portuária do Rio, Nair Mota Rodrigues Branco, 30 anos, começou a levar o almoço de casa: “Moro com os meus pais, e minha mãe deixa a comida pronta. Sempre achei melhor levar marmita para o trabalho, assim sei que estou comendo algo mais saudável. E além disso, posso usar o valor que recebo para refeições nos finais de semana, em bares e restaurantes”.
Para o consultor financeiro e autor da coleção de livros ‘Saúde Financeira’, Roberto Zentgraf, o lazer não pode ser considerado supérfluo, por isso o ideal é que o corte comece pelos gastos que não dão prazer algum ao consumidor. “Se a pessoa tem quatro contas bancárias, três cartões de crédito, por exemplo, está pagando taxas que são desnecessárias. Pagar contas com atraso é outro problema. O esquecimento tem custo”, diz.
Segundo ele, no entanto, é importante que o consumo seja consciente. Se a pessoa costuma tomar café na rua todos os dias, vale a pena reduzir esse hábito. Ou se vai de carro para o trabalho toda sexta-feira, uma opção é optar pelo esquema de carona, ou usar transporte público. “Quando o dinheiro está fácil, a gente não se preocupa com esse tipo de coisa. Mas se o dinheiro está curto, é preferível cortar esses pequenos hábitos do que o plano de saúde”, diz Zentgraf.
Gerente de contas de e-commerce do site de compras coletivas Peixe Urbano, Camila Schiavon, 28 anos, começou a usar o aplicativo de caronas BeepMe para economizar com transporte. “Geralmente, somos três pessoas revezando como motorista. A empresa fica na Barra da Tijuca, que não tem acesso tão fácil. Consigo economizar em média 50% em relação ao que gastava antes no trajeto de casa para o trabalho. E, claro, sempre tenho companhia até o escritório”, conta.
ECONOMIZE EM CINCO PASSOS
REVEJA OS GASTOS
Para o professor Gilberto Braga, contratar serviços que são pouco usados pesa muito no orçamento. “Será que o pacote completo de TV a cabo é realmente necessário? Não tem um pacote mais barato que atenda às necessidades da família? Ou será que não há um pacote que englobe TV, telefone fixo, celular e internet, que saia mais em conta?”, questiona o especialista em Finanças.
MUDE HÁBITOS
<MC1>Investir em mudanças de hábito, como menos tempo de banho, evitar abrir a geladeira toda hora, deixar o ar-condicionado ligado sem usar, entre outros, fazem a diferença no fim do mês.
COZINHE MAIS
“Levar marmita é boa solução sob vários aspectos, até por questões de saúde. Além disso, economiza porque hoje em dia mesmo nos restaurantes a quilo sai muito caro almoçar”, afirma o consultor financeiro Roberto Zentgraf. No supermercado, a dica é levar lista de compras e pesquisar preços. Compras no atacado saem sempre mais em conta.
TRANSPORTE
Segundo Tatiana Tamezgui, responsável pelo marketing do BeepMe, as caronas têm muitas vantagens: “Menos carros nas ruas, menos trânsito, menos poluição e, porque não, mais interação humana”. Em viagens mais longas, a economia chega a 80% em relação ao mesmo trajeto de ônibus. Para Gilberto Braga, outra solução é reunir pessoas que morem próximo e contratar um serviço de transporte. “Na Barra da Tijuca é comum os condomínios terem ônibus próprios. Vale a pena usar esse serviço”, diz.
EVITE O IMPULSO
Gilberto Braga alerta ainda para as compras impulsivas, que podem colocar tudo a perder. “Às vezes as pessoas economizam, e aí vem uma liquidação, e elas não resistem e gastam dinheiro”, diz. Para Zentgraf, há uma fórmula que pode ajudar a evitar esse problema. “Você pega o salário e divide por 20 dias úteis, para ver quanto ganha por dia trabalhado. Na hora de comprar algo, pare e pense quantos dias você trabalhou para pagar por aquilo. Fica mais fácil resistir”, garante.
Fonte: O Dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário