Especialistas recomendam organizar planejamento financeiro para controlar gastos e sair de dívidas. Segure os impulsos nas compras de Natal e use parte do 13º para despesas de janeiro
Para entrar 2016 no azul, o brasileiro vai ter que recorrer muito mais do que às velhas simpatias de fim de ano. No auge da crise econômica, com níveis de inflação e desemprego altos, a principal arma para sair do vermelho na virada do ano, segundo especialistas, é o planejamento financeiro para controlar gastos.
Sem manter o pé no freio, o período natalino pode ser um perigoso atalho para sujar o nome. Pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com 601 consumidores nas 27 capitais brasileiras revelou que dívidas assumidas no Natal do ano passado deixaram 17% deles com restrição de crédito.
Para não comprometer o orçamento, especialistas recomendam controlar impulsos nas compras. E, em vez de torrar o 13º salário, destinar parte para quitar dívidas vencidas e também reservar para arcar com os impostos de janeiro, como IPTU e IPVA. As famílias devem levar em conta ainda os gastos com material escolar, que deve ficar, em média, até 10% mais caro em 2016, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório.
Vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Oliveira diz que é o momento de o consumidor apertar o cinto.
“Com a inflação chegando a 10,48% e juros altos, tem que ser conservador nos gastos. Usar o 13º para pagar dívidas vencidas, os impostos de janeiro e material escolar. Se sobrar, aplique em fundo de renda fixa ou poupança”, recomenda Oliveira. “O consumidor deve trocar presentes por lembranças e pagar à vista.
O uso do cartão de crédito deve ser evitado. E se for, não faça o excesso de parcelamento”, acrescenta o executivo.
O educador financeiro Reinaldo Domingos faz outro alerta: “Não adianta pagar dívidas e continuar com o mesmo comportamento. É preciso planejar o orçamento do ano, reduzir o custo de vida, pesquisar preços e trocar marcas”, pontua.
Este é o caso da representante comercial, Nelma Castro, de 43 anos. Para não correr riscos de ficar inadimplente, ela fica de olho nos gastos. “Nunca fiquei com nome sujo porque calculo tudo. Até nas horas vagas tenho controle. Faço planejamento financeiro, evito parcelar compras e estipulo o valor para cada presente. Reservo meu 13º para pagar impostos de janeiro e ainda sobra alguma coisa”, contou.
Já a produtora Carla Oliveira, 41 anos, diz que terá de cortar mais de 50% de seus gastos para reduzir dívidas. “Digo que estou me planejando para não entrar 2017 no vermelho. Em 2016, terei que pagar muitas dívidas. Por isso, deixarei de comprar presentes de Natal e de viajar no fim do ano”, afirma.
Consumidor pode levar vantagem com desconto em compras à vista
Além de comprometer as finanças do consumidor, que acaba acumulando dívidas, o parcelamento das compras pode sair mais caro. Isso porque os pagamentos à vista costumam ter descontos, aumentando a possibilidade de economizar.
No caso dos moradores do Município do Rio, o desconto para quitação do IPTU em uma única parcela é de 7%. Em relação ao IPVA 2016, quem pagar o valor integral terá 3% de desconto. O calendário de pagamento do imposto começa no dia 19 de janeiro para veículos com 0 no final da placa.
Apesar das vantagens do pagamento à vista, o levantamento feito pelo SPC Brasil e CNDL mostra que, para os brasileiros, o parcelamento ainda é a primeira opção.
De acordo com a pesquisa, mais da metade (52,4%) dos 601 entrevistados dividem as compras de Natal em várias prestações, sendo que a maior parte (35,7%) faz isso para presentear a todos que deseja. Mas a medida pode acabar se tornando arapuca para os consumidores.
Segundo a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o hábito pode ser mais prejudicial para o consumidor do que ele imagina. Quem dividir o pagamento de uma compra este mês em cinco vezes, por exemplo, só terminará de pagar a última parcela na época do Dia das Mães, em maio do próximo ano.
“O cartão deve ser bem utilizado, sob o risco de pagar juros altos se o consumidor não pagar integralmente a fatura. Se a pessoa gastar com compras em valores acima de sua capacidade de pagamento, pode acabar ficando inadimplente”, alertou a especialista.
Marcela ressalta ainda a organização que os consumidores devem ter, já que a pesquisa constata a falta de controle com os gastos natalinos. Dos 17,2% dos entrevistados que ficaram com nome sujo devido às dívidas com compras natalinas, a maioria sequer saber o valor dos débitos.
VEJA DICAS
CARTÃO DE CRÉDITO
Se tiver apenas um salário, tenha só um cartão.
Tenha um limite de crédito de até 50% do valor do seu salário.
Pague a fatura em dia para não entrar no rotativo.
No caso de dívida superior à capacidade de pagar, renegocie. Se não conseguir, procure o credor após ser negativado pois há chance de acordo com desconto da empresa de recuperação de crédito.
COMPRAS DE NATAL
Faça um levantamento do que pode gastar. Liste as pessoas que vai presentear e fixe um valor para cada gasto.
Troque presentes por lembranças. Pesquise preços e pague somente à vista. Peça descontos. Evite muitos parcelamentos.
Não banque toda a ceia. Cada participante pode levar um prato ou bebida.
13º SALÁRIO
Use para pagar dívidas. Priorize as que implicam no corte de fornecimento de serviços, como água e luz, e que cobram juros elevados.
Destine para pagar impostos em janeiro, matrícula e material escolar.
Se sobrar, aplique em fundo de renda fixa ou poupança.
ECONOMIA DO LAR
Antes de ir ao mercado, liste itens e quantidade necessária. Veja ofertas e troque marcas caras por acessíveis.
Troque lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes, que consomem até 75% menos energia.
Reduza o tempo no banho e reaproveite a água para limpeza da casa.
Fonte: O Dia
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