segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Nem toda doença de pele é micose. Entenda a diferença

Usar chuveiros públicos, alicates mal esterilizados e até andar descalço pode fazer você se contaminar com fungos indesejáveis.
 
"Como qualquer doença causada por fungos, as micoses são bastante contagiosas e ocorrem habitualmente em ambientes de alta temperatura, que viabilizam a reprodução dos micro-organismos que dão origem às infecções".
É comum que as pessoas chamarem uma grande variedade de doenças de pele pelo nome genérico de micose. Isso, no entanto, é cientificamente incorreto, já que o termo diz respeito às doenças causadas por fungos de origem humana, animal e da terra, não incluindo enfermidades que são causadas por vírus, bactérias ou outras formas mais específicas. Como qualquer doença causada por fungos, as micoses são bastante contagiosas e ocorrem habitualmente em ambientes de alta temperatura, que viabilizam a reprodução dos micro-organismos que dão origem às infecções.

Quando eles se instalam em órgãos internos, logo se multiplicam através da circulação sanguínea e linfática, e o processo é de infecção profunda, com risco de contaminação do sistema nervoso, inclusive. Na maioria dos casos, no entanto, convivemos bem com muitos deles e a micose é superficial: os fungos permanecem na epiderme, no couro cabeludo, unhas, pés e mãos, alimentando-se da camada de proteína ali existente (queratina).
Contrair uma micose não é nada difícil. Pode acontecer ao usarmos chuveiros públicos, alicates não esterilizados, calçados, vestimentas e roupas de banho de outras pessoas (ou mal lavadas) e até mesmo simplesmente andando descalços – sim, há chances de se contaminar com fungos ao colocar os pés em contato direto com a terra, especialmente se estiver molhada. Evitar essas situações e ainda procurar não compartilhar pentes e escovas de cabelo, assim como enxugar-se bem após o banho (especialmente dobras e espaço entre os dedos e as nádegas), são algumas boas dicas para não adquirir uma micose.
Queda de imunidade, umidade, altas temperaturas e o uso de antibióticos sistêmicos por longos períodos, que afetam o equilíbrio da nossa pele, são alguns fatores que contribuem para que os fungos se proliferem e passem a desencadear as micoses. A queratina, proteína presente na nossa epiderme, cabelos e unhas, é o que alimenta esses fungos.


TIPOS VARIADOS
Algumas das micoses superficiais são conhecidas como “tineas” e há uma grande diversidade nas formas de manifestação. Isso varia principalmente em função da parte do corpo que é afetada e do tipo de fungo que a provoca. Cada uma resulta num tipo de lesão, que pode ter formatos e cores diferentes.


" Algumas das micoses superficiais são conhecidas como “tineas” e há uma grande diversidade nas formas de manifestação".
Lesões arredondadas, que começam com um ou mais pontos avermelhados e vão se estendendo em anel de bordas de mesma coloração, com aspecto de descamação e causando coceira, são geralmente características da micose popularmente conhecida como impingem ou tinea do corpo.
Há também a tinea dos pés, que causa coceira e descamação na planta dos pés, expandindo-se pelas laterais para a pele mais fina, ou a tinea do couro cabeludo, que forma áreas arredondadas com falhas no couro cabeludo, muito contagiosa e bastante frequente em crianças.

" Uma das micoses mais comuns é a tinea interdigital, vulgarmente conhecida como frieira..."

Uma das micoses mais comuns é a tinea interdigital, vulgarmente conhecida como frieira, que causa fissuras e altera a qualidade da pele entre os dedos dos pés, tornando-a mole e esbranquiçada, com aspecto descamativo. Nesse caso, a micose se explica principalmente pela umidade que o uso constante de sapatos fechados provoca. Eventualmente pode ocorrer também nas mãos.
Se a coceira aparece na virilha, espalhando-se para as nádegas ou coxas, com lesões avermelhadas e descamativas de bordas bem limitadas, chama-se tinea inguinal ou crural. Ela é causada pelo crescimento de fungos do gênero dermatófitos ou, também, pela levedura Candida albicans. A virilha tem um formato que favorece o crescimento desses micro-organismos.


Nessa mesma região, pode ocorrer ainda a chamada “piedra branca”. Trata-se de uma infecção fúngica, crônica e assintomática da haste do pelo, que forma nódulos moles de coloração entre o branco e o castanho claro, que acometem os pelos pubianos, da barba, ou axilas, podendo mais raramente atingir o couro cabeludo. Ao contrário do que se pode imaginar, não tem relação com falta de higiene.
Pode parecer estranho para muitas pessoas, mas até nas unhas é possível adquirir uma micose. Nesses casos, ela recebe o nome de onicomicose e pode se apresentar de formas variadas: desde o descolamento da borda livre da unha, até o espessamento e surgimento de manchas brancas na superfície, ou até mesmo sua deformação. Quando a micose afeta a pele que envolve a unha, chamamos paroníquia (o popular “unheiro”). Veja artigo específico já publicado sobre micose das unhas.
Outra forma de micose conhecida, talvez a mais conhecida da população em geral, é o chamado pano branco, ou pitiríase versicolor, que em vez da coloração rósea ou avermelhada e da coceira de outros tipos de micoses, forma manchas claras, esbranquiçadas ou acastanhadas, recobertas por fina descamação, e afeta especialmente as regiões de maior produção de oleosidade (face, pescoço e tronco).
Há ainda a tinea negra, que pode ser identificada pela formação de manchas escuras na palma das mãos e plantas dos pés, que também não tem nenhum sintoma, e o intertrigo candidiásico, causado também pela Candida albicans, que provoca lesão avermelhada e úmida, geralmente se espraiando por pontos ao redor da região mais afetada, e com bastante prurido.
BONS HÁBITOS PARA EVITAR MICOSES
- Não manipule terra (no trato com plantas, por exemplo) sem usar luvas.

- Tenha seu próprio material para fazer unhas, evitando o que é usado em salão pelas manicures e pedicures.
- Calçados mais ventilados e menos apertados são a melhor opção.
- Roupas íntimas de algodão são melhores que as de tecido sintético e devem ser sempre usadas quando bem secas e passadas, se possível. O uso de tecidos sintéticos favorece o crescimento da micose por dificultar a evaporação do suor.

- Após o banho, procure secar bem o corpo e não deixe resíduos de água, especialmente nas virilhas, região entre as nádegas, dedos dos pés, dobras de pele e axilas.
- Chegou da praia? Tomou chuva? Retire as roupas molhadas do corpo assim que possível. Evite o contato prolongado com água e sabão.
- Roupas, toalhas, pentes, luvas, meias, sapatos e bonés são objetos pessoais. Evite o máximo possível compartilhar.

- Quem frequenta saunas e vestiários deve evitar o contato do pé no piso desses espaços, que, em geral está úmido e é local de circulação de muitas pessoas.
TRATAMENTO
O médico dermatologista é o profissional especializado para fazer o diagnóstico das micoses e também definir a melhor forma de tratamento. Se tiver alguma suspeita de micose, procure-o, em vez de buscar indicações de medicamentos com amigos, na farmácia ou mesmo pela internet. O exame clínico é fundamental.

A depender da intensidade do quadro, as micoses são tratadas com medicações locais sob a forma de loções, cremes, pomadas, talcos ou medicações via oral. O tratamento das micoses pode chegar a 60 dias e não deve ser interrompido assim que cessarem os sintomas, porque há possibilidade de o fungo causador resistir nas camadas mais profundas. Já as onicomicoses (micoses da unha) demoram mais tempo para serem tratadas – mais de um ano, às vezes – e o paciente deve manter-se bastante disciplinado para ter êxito.
Fonte: iBahia

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