quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Você sabe o que são e para que servem os antibióticos?

A enfermeira especialista em UTI e emergência, Mel Espinheira, explica sobre a atuação dos antibióticos no organismo e apresenta alguns mitos e verdades sobre o tema.

Os antibióticos (ou antimicrobianos) são substâncias de origem natural, sintéticas e/ou semissintéticas que apresentam capacidade de inibir o crescimento ou neutralizar micro-organismos como fungos e bactérias. Em 1928, o médico escocês Alexander Fleming, descobriu acidentalmente o primeiro antibiótico, a penicilina, revolucionando o cenário de tratamento das infecções da medicina à época. Estatísticas do departamento de saúde dos Estados Unidos mostram que, nos 15 anos após a entrada dos antibióticos no âmbito da Medicina, foram evitadas 1,5 milhão de mortes precoces de norte-americanos. Em São Paulo, no Hospital Emílio Ribas, as mortes por febre tifoide reduziram de 14% para 0,7%, no mesmo período. Em 1940, Fleming ganhou o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta e aplicação do antibiótico.
O mecanismo de ação dos antibióticos varia de acordo com a classe na qual cada um está inserido. Quanto às propriedades farmacológicas, os conceitos de farmacocinética e farmacodinâmica são relevantes para o melhor entendimento do mecanismo de ação dos antimicrobianos. A farmacocinética estuda a atuação do antimicrobiano no organismo, a partir dos parâmetros de velocidade de absorção, distribuição e eliminação e de seus produtos, sendo o seu conhecimento importante para uma correta adequação da posologia, via de administração, intervalo de tempo entre as doses e, consequentemente, minimizar a probabilidade de desencadear efeitos tóxicos potenciais. Já a farmacodinâmica relaciona as concentrações do fármaco com a sua atividade antimicrobiana. Nessa categoria, os antimicrobianos podem ser classificados em tempo-dependentes (têm a ação regida pelo tempo de exposição dos patógenos às concentrações séricas do organismo) e concentração-dependentes (apresentam propriedades de destruição dos micro-organismos em função da concentração).
Tendo em vista essas particularidades no mecanismo de ação dos antimicrobianos, existe grande preocupação dos órgãos reguladores da saúde quanto ao desenvolvimento da resistência bacteriana. O uso racional de antimicrobianos é uma das metas definidas pela Organização Mundial da Saúde para o século XXI.
 Os antimicrobianos representam uma classe de fármacos frequentemente utilizada pela população. Porém, são os únicos agentes farmacológicos cujo uso afeta não somente o indivíduo, como também o ambiente hospitalar, podendo alterar a flora bacteriana do local. O manejo inadequado desses fármacos, como suspensão e uso excessivo, não está apenas associado à seleção de cepas resistentes dos micro-organismos, mas também aos eventos adversos, à elevação dos custos pelo tempo prolongado da terapia medicamentosa e ao aumento da morbimortalidade.
A escolha do antimicrobiano está diretamente relacionada com o patógeno gerador da infecção. Inicialmente, o médico pode optar por instituir antibioticoterapia empiricamente, até obter resultado de cultura de materiais orgânicos (sangue, urina, secreção traqueal etc.), para prescrever a droga adequada. Vale ressaltar a importância de seguir corretamente as orientações e a prescrição médica, para que a infecção seja sanada, minimizando os riscos de recidivas e, consequentemente, o desenvolvimento da resistência dos micro-organismos aos medicamentos utilizados.
O uso de antimicrobianos é indicado para os processos infecciosos gerados por bactérias. As infecções causadas por outros tipos de micro-organismos como fungos, vírus e parasitas devem ser tratadas com os fármacos destinados para esse fim. Os médicos e cirurgiões-dentistas são os profissionais habilitados para prescrever e adequar a escolha dos referidos medicamentos.
Mitos e verdades sobre o uso de antimicrobianos:
• Em caso de piora clínica, aumentar a dose do antimicrobiano = MITO
(Sempre respeitar as orientações e a prescrição médica)
• Quando apresentar melhora dos sintomas, suspender o uso do antimicrobiano = MITO
(Sempre respeitar as orientações e a prescrição médica)
• Antimicrobianos mancham os dentes = VERDADE
(A exemplo da tetraciclina, o uso de alguns antimicrobianos pode causar escurecimento dos dentes)
• Respeitar a posologia do antibiótico = VERDADE
(Garante a concentração necessária do medicamento no organismo)
• Reservar os comprimidos restantes do antibiótico para quando houver nova infecção = MITO
(Cada quadro infeccioso deve ser avaliado pelo médico, para que ele oriente o medicamento adequado para uso)
• Antibióticos curam gripes = MITO
(O médico deverá ser consultado para melhor avaliação do quadro clínico)

Fonte: iSaúde

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