Segundo a FGV, baixa renda tem 23,4% dos consumidores muito endividados e 19,1% inadimplentes
Tanto o comprometimento de renda quanto a inadimplência afetam mais
as faixas de renda mais baixas, segundo dados da Sondagem do Consumidor,
divulgada nesta segunda-feira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Na
faixa de consumidores com renda de até R$ 2.100, 23,4% declararam ter
mais de 51% da renda comprometida por gastos no cheque pré-datado,
cartão de crédito, carnês de loja, empréstimos pessoais ou
financiamentos. A parcela que mantém pagamentos com um atraso superior a
30 dias é de 19,1%.
Na faixa de renda entre R$ 2.100,01
e R$ 4.800, o alto comprometimento da renda (acima de 51%) atinge 24,1%
dos consumidores, e a inadimplência, 8,8%. Já na faixa de renda mais
alta, acima de R$ 9.600,01, o porcentual de consumidores com alto nível
de comprometimento de renda cai para 12,5%, enquanto a fatia de
inadimplentes é de apenas 3,6%. "Isso mostra realmente que os consumidores que estão mais endividados são os de renda mais baixa. Se essa dívida vai se resolver no curto prazo, a gente não sabe dizer", declarou Viviane Seda Bittencourt, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). "Queremos saber como é que está a renda realmente do consumidor. Qual a parcela que eles têm do salário para continuar gastando", completou.
Foi a primeira vez que a FGV incluiu perguntas sobre o comprometimento da renda na sondagem. A classificação de inadimplência, no entanto, difere da adotada pelo Banco Central. "O Banco Central só considera pagamentos em atraso acima de 90 dias", explicou Viviane. Entre os consumidores que recebem de R$ 4.800,01 a R$ R$ 9.600,00, 17,6% declararam um alto nível de comprometimento da renda, e 5,2% se disseram inadimplentes.
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