Uma proposta que reduz o número de multas das operadoras de planos de
saúde foi incluída numa medida provisória sobre outro assunto, na
Câmara dos Deputados, e acabou aprovada.
As novas regras foram
incluídas numa medida provisória (MP), aprovada na semana passada, na
Câmara dos Deputados, e que teve como relator o líder do PMDB, Eduardo
Cunha. A medida muda a forma de cobrança de contas das operadoras de
planos de saúde. O texto reduz as punições, aplicadas hoje pelo órgão de
fiscalização: a Agência Nacional de Saúde Complementar.
Hoje, as
operadoras pagam multas que variam de R$ 5 mil a R$ 1 milhão por
infração cometida. O valor é multiplicado pelo número de ocorrências.
A
nova medida cria uma tabela, válida até o dia 31 de dezembro deste ano.
Se o plano de saúde cometer de duas a cinquenta infrações do mesmo
tipo, pagará multa por apenas duas infrações, considerando as de maior
valor.
O último patamar é acima de mil infrações. Nesse caso, o
plano pagará como se tivesse cometido apenas vinte infrações. Também
serão cobradas as de maior valor.
Na prática, hoje, se uma
operadora negar um procedimento, como uma cirurgia, pode pagar uma multa
de R$ 80 mil. Se a negativa de cobertura ocorrer 50 vezes, teria que
pagar R$ 4 milhões. Com a nova regra, a multa cairá para R$ 170 mil.
O Instituto Brasileiro de Estudos e Defesa do Consumidor (Ibedec) criticou a proposta.
“Você
estimula a impunidade e faz com que o consumidor tenha um gasto maior
com advogado para interpor uma ação”, comenta o diretor do Ibedec,
Geraldo Tardin.
O relator da medida provisória, deputado Eduardo
Cunha, não quis gravar entrevista, mas disse por telefone que o objetivo
é coibir abusos e possíveis casos de corrupção na fiscalização das
empresas.
A mudança do sistema de cobrança de multas das
operadoras de planos de saúde foi incluída numa MP que trata de outro
assunto, completamente diferente, a tributação de empresas brasileiras
no exterior.
O vice líder do PPS na câmara criticou a mistura de
vários assuntos na mesma medida provisória. “Isso é uma deformação
criminosa, um escândalo do processo legislativo que precisa ser
corrigido imediatamente”, afirma Arnaldo Jordy.
A medida
provisória sobre as multas dos planos de saúde vai agora para o Senado. A
agência Nacional de Saúde Suplementar e as representantes das
operadoras dos planos de saúde só vão se manifestar depois da decisão
final sobre a medida.
Fonte: Jornal Nacional
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