A
indústria das vitaminas e suplementos cresce a cada ano, gerando lucro
de mais de bilhões de dólares anualmente. Mas será que eles são mesmo
benéficos ou podem fazer mal à saúde?
As publicações científicas americanas Annals of Internal Medicine (annals.org) e Medscape (medscape.com) publicaram dois estudos e um editorial a respeito da relevância do uso de multivitamínicos no tratamento de doenças crônicas.
O
primeiro estudo foi multicêntrico, duplo-cego, placebo-controlado e
randomizado e incluiu mais de 1700 pacientes com 50 anos ou mais. Todos
haviam sofrido ataque cardíaco recentemente. Os pacientes foram
divididos em três grupos: um recebeu multivitamínicos, outro complexo de
multiminerais e o terceiro, placebo, e todos foram acompanhados por
quase 3 anos. Os resultados mostraram que as vitaminas extras não
protegeram o coração e não pareceram proteger contra eventos
cardiovasculares secundários.
O
segundo estudo observou os efeitos das vitaminas na cognição e, para
isso, acompanhou quase 6 mil médicos do sexo masculino com 65 anos ou
mais por 12 anos. Nesse estudo foram conduzidas avaliações cognitivas
iniciais e intermitentes. Chegou-se à conclusão que o uso de vitaminas
não desacelerou a perda cognitiva e não trouxe mudança nos índices de
memória verbal nem na cognição daqueles que tomaram vitaminas em
comparação com os que não tomaram.
A
revisão de 26 estudos que observam os pros e contras do uso de
suplementos na prevenção de doença cardíaca, câncer e morte não
encontrou evidências de benefícios no uso de vitaminas.
Conclusão:
adultos bem nutridos não precisam de multivitamínicos. Além de não
haver benefícios claros em seu consumo, eles podem fazer mal e não devem
ser usados para tratar doenças crônicas.
E
mais: o editorial menciona o perigo de se consumir especificamente
beta-caroteno, vitamina E e altas doses de vitamina A. O beta-caroteno
aumenta o risco de câncer de pulmão em fumantes; suplementos com
vitamina E foram relacionados a aumento de mortalidade por todas as
causas.
Há
uma exceção: a vitamina D. Como o papel da suplementação de vitamina D
ainda é tema de investigação, especialmente para quem tem deficiência
dessa vitamina, são necessários mais estudos para se chegar a uma
conclusão a respeito. Contudo, mesmo quanto a vitamina D, não há
evidencia sólida de que seus benefícios superem os malefícios.
Apenas um grupo necessita de suplementação de vitamina: as mulheres que pretendem ou podem engravidar. Para elas, a suplementação de ácido fólico é importante porque previne defeitos no tubo neural do bebê.
Apenas um grupo necessita de suplementação de vitamina: as mulheres que pretendem ou podem engravidar. Para elas, a suplementação de ácido fólico é importante porque previne defeitos no tubo neural do bebê.
Fonte: Dr. Drauzio Varella
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