sexta-feira, 21 de agosto de 2015

4 em 10 devedores não conseguem pagar dívidas, revela pesquisa


Image result for 4 em 10 devedores não conseguem pagar dívidas, revela pesquisaEstudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais do país revela que quatro em cada dez brasileiros inadimplentes (45%) não têm condições de pagar suas dívidas atrasadas em um intervalo de até três meses, informaram as entidades nesta quarta-feira (19).
O levantamento mostra também que a perspectiva de continuar inadimplente é mais frequente nas classes C, D e E (46%) do que nas classes A e B (32%). Além disso, 44% dos devedores ouvidos pelo SPC Brasil afirmaram que a situação financeira atual deles está pior se comparada ao ano passado.
A resistência em cortar despesas e em mudar o padrão de consumo, abrindo mão de pequenos prazeres, são alguns dos erros mais comuns para quem precisa sair do vermelho"
Marcela Kawauti, do SPC
Dificuldades
Questionados sobre os principais empecilhos para realizarem o pagamento dos débitos, a maioria dos consumidores (52%) afirmaram que a dívida contraída é muito superior aos seus ganhos mensais, mas há também aqueles não querem deixar de consumir produtos que gostam (23%).

"A resistência em cortar despesas e em mudar o padrão de consumo, abrindo mão de pequenos prazeres, são alguns dos erros mais comuns para quem precisa sair do vermelho. O dado revela um comportamento imprudente e de alto risco para as finanças", alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Valor médio da dívida
De acordo com as entidades, o valor médio das dívidas em atraso passou de aproximadamente R$ 4 mil,  em 2014, para R$ 5,4 mil neste ano, o que representa um aumento real, já descontada a inflação, de 23%.

"Ao cruzar os valores médios dos compromissos pendentes e a renda média dos entrevistados, a pesquisa verificou que o montante das obrigações financeiras representa duas vezes e meia o valor da renda familiar mensal no país. Considerando, por exemplo, as famílias que têm uma remuneração de um a dois salários mínimos (entre R$ 789 e R$ 1.576,00), a dívida equivale a quase quatro vezes o valor da renda (R$ 4,4 mil)", acrescentaram as entidades.
Cartão de crédito e de lojas
De acordo com a CNDL e o SPC Brasil, as parcelas a pagar no cartão de crédito, citadas por 42% dos inadimplentes, ao lado das parcelas no cartão de lojas (41%), são as contas que mais resultaram na inclusão do nome em instituições de proteção ao crédito.

"Para quem sabe utilizar com prudência, o cartão de crédito pode ser um grande aliado porque traz conveniência e segurança. O grande erro é não quitar o valor integral da fatura e cair no efeito bola de neve do rotativo", afirma a economista Marcela Kawauti.
Os empréstimos buscado nos bancos e financeiras (25%), as contas de telefone (11%), a utilização do cheque especial (10%) e as parcelas a pagar no carnê, boleto ou cheque pré-datado (10%), completam o ranking dos atrasos que motivaram a inadimplência, informaram o SPC Brasil e a CNDL.
Para as mulheres, o atraso das faturas do cartão de loja é o que mais se destaca na comparação com os homens (46% contra 33%), enquanto entre a parcela masculina de entrevistados, o destaque é o não pagamento de empréstimos em bancos e financeiras (32% contra 20% das mulheres).
Desemprego
O levantamento mostra que o desemprego ultrapassou a falta de planejamento financeiro como o principal motivo da inadimplência. Neste ano, 33% dos consumidores com contas em atraso citaram a perda do emprego como causa dos atrasos - no ano passado eram 24%.

O descontrole financeiro e a falta de planejamento no orçamento vêm em segundo lugar entre as justificativas mais recorrentes para a inadimplência: 21% em 2015, contra 33% em 2014. A diminuição da renda (11%), o empréstimo do nome para terceiros (8%) e estar com o salário atrasado (5%) também são citados como razões que impossibilitaram o pagamento da dívida que está em aberto, acrescentaram as entidades.
O estudo sugere, também, que problemas de ordem financeira podem piorar ainda mais o endividamento. Mais da metade da amostra (56%) disse que estava passando por problemas financeiros quando fez a dívida que resultou na inadimplência. A ansiedade (28%), a baixa autoestima com a própria aparência (11%), a insatisfação com o trabalho (10%), a perda de um ente querido (7%) e o término de um relacionamento (6%) também são apontados como aspectos emocionais que motivaram o atraso das contas.
Mulheres são mais inadimplentes
O estudo revela que as mulheres representam 60% dos inadimplentes entrevistados. Dentre os que possuem contas em atraso, a faixa que mais se destaca é a de pessoas com idade entre 25 e 34 anos (37%) e 79% possuem no máximo o ensino médio completo.

Além disso, 47% são reincidentes, ou seja, já estiveram com o "nome sujo" pelo menos duas vezes nos últimos cinco anos. Já em relação à classe social, a pesquisa de 2015 mostrou uma diferença significativa com a do ano passado. Em 2014, as pessoas da classe C representavam 86% dos inadimplentes brasileiros, hoje eles são 90% do total de devedores.
Renegociação de dívidas
Dentre os consumidores que reúnem condições para o pagamento da dívida atrasada (52%), a estratégia mais comum é o acordo junto aos credores (37%), segundo apurou a pesquisa.

Em seguida aparecem os cortes no orçamento (11%) e as atividades extras para geração de renda (9%). Entre os entrevistados que pretendem economizar para deixar a inadimplência, 60% dizem que vão cortar despesas de lazer, mas também são mencionados os cortes nos gastos com vestuário e calçados (45%), alimentação fora de casa (34%) e produtos de beleza (23%).
Para Marcela Kawauti, ao propor um acordo com o credor, é possível reduzir o tamanho das prestações, obter juros menores e prazos mais alongados para a quitação do débito.
"Se a intenção for pagar a dívida à vista, é possível até pedir um desconto no valor total. O devedor precisa demonstrar interesse em regularizar a dívida e oferecer uma contraproposta dentro de suas possibilidades. Além disso, é necessário que o consumidor mantenha a disciplina, fazendo cortes de gastos desnecessários do orçamento e não realize novas compras enquanto estiver pagando as prestações", afirmou a economista.
Fonte: Extra

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