Segundo a Anatel, 407 mil orelhões foram desativados nos últimos cinco anos. Entre os que sobraram, 81% fazem ou recebem quatro ligações por dia.
Teve
um tempo em que ninguém saía de casa sem uma ficha telefônica. Era um
tempo em que celular nem existia. Ou era coisa de gente rica. Mas isso
já tem mais de 20 anos. De lá pra cá, a ficha. Virou cartão. O celular
ficou muito mais acessível. As coisas mudaram.
O telefone público
já foi muito útil. Mas agora parece esquecido, mesmo funcionando. O
Jornal Nacional fez um teste, em três locais muito movimentados de São
Paulo. Na Praça da República, o orelhão sujo, pichado fica bem na saída
da estação do metrô. Só um interessado apareceu para ligar em uma hora. E
tinha um motivo:
“Não gosto de celular”, disse o interessado em usar o telefone público.
Muita
gente circula em torno da Avenida Radial Leste, no pé da passarela, um
telefone público solitário. Em 60 minutos, nenhuma ligação.
“Ah, agora todo mundo tá usando celular, né, então orelhão já ninguém mais usa”, diz uma menina.
No
Terminal Barra Funda, ônibus, trens e metrô chegam a todo instante. O
telefone público fica em um ponto estratégico para encontros.
Jornal Nacional: Resolveu esperar por ele aqui?
Entrevistado: Esperar ele por aqui, ele deve chegar por aqui agora.
Entrevistado: Esperar ele por aqui, ele deve chegar por aqui agora.
Em uma hora, apenas oito pessoas ligaram.
“Como estou sem o aparelho celular e preciso ligar, e estou inclusive atrasado, me ajuda bastante”, disse um homem.
Jornal Nacional: O que aconteceu que não está usando o celular?
Idoso: Me roubaram ou eu perdi dentro do trem.
Idoso: Me roubaram ou eu perdi dentro do trem.
Segundo
a Agência Nacional de Telecomunicações, 407 mil orelhões foram
desativados nos últimos cinco anos em todo o país. Entre os que
sobraram, 81% fazem ou recebem, em média, quatro ligações por dia. Será
que o orelhão está com os dias contados?
“Eu acho necessário em uma emergência. Acho que ‘orelhão’ tem que estar presente”, diz a funcionária pública Cristina Ferreira.
“Nas
cidades onde você não tem nenhuma infraestrutura de telecomunicações,
aí, o ‘orelhão’, ele passa a ser assim vital”, diz o consultor de
telecomunicações Huber Bernaul Filho.
Um orelhão limpo, bem
cuidado, sem nenhuma pichação é o mais utilizado do estado de São Paulo.
Ele está instalado bem longe da cidade grande, está a mais de 300
quilômetros da capital paulista. Fica perto da entrada de uma caverna. É
a Caverna do Diabo, ponto turístico e de pesquisas, que fica no Vale do
Ribeira. Quem vai passear no local, descobre logo que lá não tem
telefone fixo, internet, nem o sinal do celular.
“O que me salvou foi o ‘orelhão’. Precisava ligar urgente, foi o que me salvou”, conta um homem.
É um orelhão só, para todo mundo: funcionários do parque e moradores da região.
“Já
recebemos, por exemplo, ligação de pessoas para informar familiares
sobre mortes, ou sobre outros acontecimentos que eles não podem contatar
quem mora na redondeza”, diz Eduardo Rodrigues, funcionário do Parque
Estadual Caverna do Diabo.
É com ele que o dono do restaurante garante a chegada da comida.
“Quando
ele não está funcionando, a gente tem que ir até a cidade e fazer a
encomenda pessoalmente”, conta o dono do restaurante Aristides Dias
Filho.
O celular, só pega a 20 quilômetros de distância. E os meninos avisam: tem lugar certo para funcionar.
“Embaixo do pé de manga”, diz um menino.
Por tudo isso, quando o orelhão toca no local, alguém sempre corre para atender.
“Caverna do Diabo, boa tarde...”, diz um dos funcionários do parque ao atender um telefonema.
Fonte: G1
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