Especialistas apontam as vantagens de utilizar os recursos do Fundo de Financiamento Estudantil, do Governo Federal e destacam que é preciso atenção devido a dívida
Muitos candidatos a uma vaga no ensino superior que não conseguem entrar na universidade nos concorridos vestibulares de fim de ano não querem esperar por mais um ano e resolvem fazer os chamados “vestibulares de inverno”, que são oferecidos no meio do ano. Sendo em sua maioria em universidades particulares, entra em cena a questão das mensalidades. Mas os custos com o curso pretendido podem ser pagos através do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que ajuda o aluno, e os pais do aluno, a bancarem os estudos financiando o ensino superior em até o triplo do tempo da permanência do aluno na faculdade.
Desde 2010, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) passou a ser o Agente Operador do programa, que é ligado ao Ministério da Educação (MEC) e com isso os juros caíram para 3,4% ao ano. Já neste segundo semestre de 2014 outras novidades também colocam o Fies em evidência, como a possibilidade de financiamento dos cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado, divulgado na última quarta-feira no Diário Oficial da União, depois de anunciada pelo ministro da Educação, Henrique Paim.
Segundo o professor de finanças Ivando Silva de Faria, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o Fies é uma excelente opção para os estudantes que querem entrar no ensino superior através de uma faculdade particular, pois durante o curso o estudante paga os juros da dívida para que ela não aumente, e depois tem um longo prazo para amortizar a saldo devedor. “O potencial salarial de uma pessoa formada é muito maior do que apenas com ensino médio. Mais seguro que pagar os ensinos trabalhando em um emprego de nível médio”, disse.
O funcionamento do Fies é bem simples. Depois de contratar o financiamento, durante o período de duração do curso o estudante pagará uma parcela trimestral de R$ 50, que é referente aos juros do empréstimo, para evitar que a dívida aumente. Após terminada a graduação, o estudante tem 18 meses de carência para que tenha tempo de conseguir uma colocação no mercado de trabalho. Acabada a carência, o saldo devedor do estudante será parcelado em até três vezes o período financiado do curso, acrescido de 12 meses. Ou seja, para um curso de quatro anos, o financiamento pode se estender por 13 anos (3 x 4 anos + 12 meses).
Porém, o economista chama atenção para os cuidados na hora de contratar o financiamento, pois são muitas parcelas e uma dívida muito longa para ser adquirida, na maioria das vezes, por uma pessoa tão jovem, que vai ficar anos presos a esta dívida. Para não ter problema com isso, Ivando recomenda que os alunos fiquem atentos ao piso salarial do cargo pretendido, pois ele pode ser pequeno apesar de ser de nível superior e complicar tendo muitos anos de prestações a serem pagas.
O especialista também alerta sobre a qualidade do curso. “Mesmo que o salário seja baixo, uma parcela de R$ 400 não é difícil de pagar para uma pessoa que ocupe um cargo de nível superior. Mas o candidato deve ficar atento mesmo à qualidade do curso pretendido se não vai ficar com um diploma de valor de mercado duvidoso que não vai lhe abrir tantas portas. Aí ele pode se complicar”, destacou o especialista.
Apesar dessa ressalva, o economista acredita que, com o Fies, todos podem sair ganhando. “Ganha o aluno com as ótimas taxas do financiamento, ganha o governo, que vai aquecer o mercado com um profissional mais qualificado e ganha a sociedade, que vai ganhar um cidadão mais culto e inteligente. Isso tem que ser adotado por universidades do país inteiro, acho um ótimo negócio”, revelou.
A estudante do segundo período de Engenharia de Produção na Anhanguera, Ana Carolina Rebello, de 24 anos, é um desses alunos que não poderia estar na universidade caso não conseguisse o financiamento do Fies. Ela conta que já conhecia o programa, mas não tinha muitos detalhes sobre as formas de pagamento, mas foi na própria universidade, em um quiosque do programa, que ela teve acessos às informações que precisava.
“Eu já fiz o vestibular sabendo que só poderia continuar a faculdade caso conseguisse o Fies. A mensalidade é muito cara, mais de R$ 1 mil, e eu não teria condições de pagar. Então depois de me formar vou ter o prazo e as condições para quitar essa dívida sem problema”, disse.
Ana Carolina conta que financiou 100% do valor do curso, que será pago apenas um ano e meio depois de formada. Ela revela não temer ter dificuldades de arcar com as parcelas.
“O estágio paga cerca de R$ 1,5 mil e quando conseguir um já vou me preparar para arcar com as parcelas, que giram em torno de R$ 400. Acho que quando terminar a faculdade e chegar à hora de pagar, vou estar empregada e trabalhando na área”, declarou.
Além da opção de financiar 100% do curso, ainda há a possibilidade de financiar metade do valor das parcelas. No caso de Ana, com a parcela em torno de R$ 1 mil, ela arcaria com R$ 500 mensais e depois de formada arcaria com o restante no mesmo prazo de 13 anos. Ainda há a possibilidade de financiar 75% do valor. As porcentagens dos descontos são liberadas de acordo com a renda mensal familiar, quanto maior a renda menor o desconto.
Outra aluna que resolveu financiar 100% do curso foi Mariane Rodrigues, de 19 anos, que está no primeiro período de Direito na Universidade Estácio de Sá. Ela também diz que só poderia cursar a universidade com o auxílio do FIES, caso contrário não poderia arcar com a despesa.
“Conheci o programa por meio de propagandas do governo do estado que passa na TV e fui na faculdade depois de me informar melhor sobre o programa”, disse.
Ao contrário de Ana Carolina, que não teme arcar com as parcelas, Mariane se diz um pouco receosa com sua inserção no mercado de trabalho.
“Fico com receio de não conseguir arcar com as parcelas, pois o Direito é uma área muito concorrida, porém há várias opções e acredito que estarei atuando no mercado de trabalho. Isso se passar na prova da OAB, mas um ano e meio devem ser o suficiente”, declarou.
Fonte: O Fluminense
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