O aumento do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) a partir deste mês provocou uma corrida
às lojas fazendo com que dezembro se tornasse o terceiro melhor mês da
história da indústria automobilística, com 370 mil veículos licenciados.
Apesar do resultado, o ano terminou com queda de 7,1% nas vendas
totais, que somaram 3,5 milhões de unidades, incluindo caminhões e
ônibus. Em porcentual, foi a maior queda registrada pela indústria
automobilística em 12 anos.
Também foi a segunda redução anual
seguida. Em 2013, as vendas já tinham caído 0,9% em relação a 2012,
depois de altas consecutivas desde 2004. Apesar do bom desempenho de
dezembro, com resultado 25,6% superior ao de novembro e 4,6% maior que o
do mesmo mês de 2013, o setor inicia o novo ano com altos estoques,
segundo fontes das empresas, e pressionado pela volta do IPI.
A
cobrança integral da alíquota do imposto, que estava reduzido desde
maio de 2012, deve ter um impacto médio de 4,5% nos preços dos
automóveis, mas, com os estoques altos é possível que o repasse ao
consumidor ocorra só a partir do fim do mês ou início de fevereiro. Na
revenda Fiat Amazon, na região oeste de São Paulo, por exemplo, há
estoques com o IPI antigo por pelo menos 20 dias.
Melhor resultado
em vendas desde agosto de 2012 - quando foram vendidas 420 mil unidades
-, o número de dezembro não é indicativo de recuperação do mercado, diz
o vice-presidente da Ford América do Sul, Rogelio Golfarb. "O que
ocorreu foi uma antecipação de compras, reforçada pela volta do IPI e
promoções das empresas".
O executivo ressalta que lidar com a
volta do IPI será um grande desafio para as fabricantes, mas o setor
concorda que, embora duro, o ajuste fiscal que a nova equipe econômica
do governo propõe, e que inclui o fim de benefícios fiscais, é
necessário. "Para uma indústria que investe muito pensando no longo
prazo, a solidez macroeconômica é fundamental", diz Golfarb.
A
Ford previa um mercado estagnado em 2015, mas está revendo suas
projeções e "o viés é de baixa", informa Golfarb. Além do IPI maior, ele
ressalta outras medidas como alta dos juros e menos aportes no Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - que subsidia
vendas de caminhões e tratores - como fatores de inibição de vendas. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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