A recuperação da economia levará mais tempo do que o governo prevê,
segundo estudo divulgado ontem (28) pela Instituição Fiscal Independente
(IFI), vinculada ao Senado Federal. Em nota técnica, o órgão informou
que o Brasil não voltará a produzir superávit primário – economia para
pagar os juros da dívida pública – em 2020, como prevê o projeto da Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018.
Segundo a IFI, somente
em 2023 as contas públicas federais voltarão a registrar resultados
primários positivos. Essa estimativa, no entanto, leva em conta o
cenário básico, em que não há choques internacionais ou políticos sobre a
economia brasileira.
De autoria dos analistas Carlos Eduardo
Gasparini e Felipe Salto, o estudo da IFI apresenta diferenças em
relação ao quadro traçado no projeto da LDO tanto nas receitas como nas
despesas. O órgão do Senado projeta déficit primário (resultado negativo
desconsiderando os juros da dívida pública) de R$ 144,1 bilhões este
ano, de R$ 167 bilhões em 2018, de R$ 135,6 bilhões em 2019 e de R$
108,2 bilhões em 2020.
As estimativas da LDO apontam uma meta de déficit primário de R$ 139
bilhões para este ano, R$ 129 bilhões em 2018, R$ 65 bilhões em 2019 e
um superávit primário de R$ 10 bilhões em 2020. Segundo a IFI, o déficit
aumentaria no próximo ano porque a economia crescerá menos que o
previsto e o governo não contará com receitas extraordinárias, como
renegociação de dívidas e repatriação de recursos.
Com a economia
crescendo em ritmo menor, o governo arrecada menos, o que diminui as
receitas. Ao mesmo tempo, o crescimento contínuo de despesas
obrigatórias como o pagamento dos benefícios da Previdência Social
pressiona os gastos públicos, atrasando a recuperação das contas
públicas.
A IFI estima crescimento de 0,46% no Produto Interno
Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) para este ano. A
expansão chegaria a 1,93% em 2018, 2,16% em 2019 e 1,95% em 2020. As
estimativas da LDO são mais otimistas: crescimento de 0,5% este ano,
2,5% em 2018 e 2019 e 2,6% em 2020.
De acordo com a IFI, levando
em conta o cenário previsto pelo estudo, o governo terá de contingenciar
(bloquear) cada vez mais despesas não obrigatórias ano a ano, bem como
adequar os gastos obrigatórios, por meio de reformas na Constituição,
até 2020.
Criada em dezembro do ano passado por resolução do
Senado Federal, a Instituição Fiscal Independente produz relatórios,
notas técnicas, banco de dados e projeções econômicas que são levadas em
conta pelos parlamentares na análise de projetos de lei e de medidas do
governo. O órgão pode agir tanto por iniciativa própria como quanto por
demandas específicas de senadores.
Fonte: EBC
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