O estudo inédito Ligações Rodoviárias e Hidroviárias,
referente a 2016, divulgado hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o transporte público informal
é um dos principais meios de mobilidade da população das regiões
Nordeste e Norte do país. Os transportes sem Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica (CNPJ) se concentram majoritariamente no Nordeste. Essa
realidade é mais comum nas viagens de quem mora em cidades pequenas.
As
linhas de maior frequência são aquelas que se direcionam para as
capitais, procedentes de seu entorno. A informalidade também é grande no
norte de Minas Gerais, com grande número de linhas sem CNPJ para a
capital Belo Horizonte. A pesquisa analisou a rede urbana brasileira com
base nas ligações por transporte de passageiros público e coletivo. A
coleta de dados foi feita nos terminais rodoviários e hidroviários, nos
pontos de venda de passagens, nas paradas de ônibus e nos locais de
transporte alternativo de todos os municípios brasileiros. De acordo com
o gerente de Redes e Fluxos de Coordenação Geográfica do IBGE, Marcelo
Motta, os dados podem contribuir não apenas na elaboração de políticas
públicas, como também em estratégias de negócios.
“O transporte
público intermunicipal marca bem as regiões de influência das cidades.
Ao mapear essas linhas, temos noção do alcance de onde vêm as pessoas
para comprar bens e serviços. Isso pode servir de subsídio para o
planejamento, por exemplo, de onde localizar um hospital”, disse ele. “E
mesmo para o setor privado. Por exemplo, quem quiser criar um shopping novo pode buscar o ponto onde há uma confluência de linhas”.
A
pesquisa mostra ainda que em 320 municípios não foi registrado nenhum
tipo de transporte intermunicipal público com regularidade temporal ou
espacial. Essa falta diz por que a população se utiliza apenas de
transporte particular ou tem sistema de transporte público que funciona
de acordo com a demanda.
Os estados de São Paulo (467.532,25),
Minas Gerais (397.978,25) e da Bahia (342.730) apresentam o maior número
de saídas semanais. São Paulo é a cidade com maior número de ligações
rodoviárias (1.477) e com os maiores índices de proximidade e
intermediação. As ligações hidroviárias se localizam quase
exclusivamente na Região Norte, devido às longas distâncias entre as
sedes municipais. A frequência de ligações mostrou-se mais esporádica e
rara (227.866 saídas semanais).
O estudo revela que embora o
Sudeste seja a região mais populosa do país, gera menos saídas semanais
de veículos do que o Nordeste, devido à grande quantidade de transporte
de curto alcance dentro da região.
“Quanto maior peso
demográfico, maior o fluxo, porém as maiores frequências ocorrem no
Nordeste, devido à frota de veículos informais que atendem às cidades
pequenas, médias e grandes. Esse fluxo de ida e volta”, explicou Motta.
“Além disso, vários municípios confluem para um município específico
antes de chegar na capital, gerando situações de afunilamento. Tudo isso
gera uma quantidade muito grande de frequência de viagens”.
Os
custos mínimos mais elevados foram identificados majoritariamente no
Sudeste e no Sul. Percebe-se uma concentração espacial no Nordeste das
ligações cujas relações entre o preço das passagens e o tempo de
deslocamento são mais acessíveis e baratas.
Algumas regiões
apresentaram concentração de transportes intermunicipais em uma única
cidade, em grande extensão de terra. “Por exemplo, quem mora no interior
do Amazonas precisa ir a Manaus para poder viajar para qualquer outra
cidade fora do estado. No interior do Amapá, é preciso ir a Macapá para
fazer uma baldeação, provocando afunilamentos”.
Ainda segundo o
estudo, as linhas de ônibus com destino a cidades estrangeiras são
voltadas principalmente para os países do Mercosul. Os destinos
principais são Buenos Aires (Argentina), Montevidéu e Punta del Este
(Uruguai), Ciudad del Este, Assunção (Paraguai) e Puerto La Cruz
(Venezuela). O estudo sugere que o turismo é o principal motivador
dessas viagens.
Fonte: Agência Brasil
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