Quase tão comum quanto o “jeitinho”, a paixão por futebol ou os
vendedores de sombrinhas em dia de chuva é a mania do brasileiro por uma
nada modesta sequência de 11 números. O Cadastro de Pessoas Físicas, ou
CPF, é solicitado em dez entre dez estabelecimentos — do supermercado
ao salão de beleza. O número único, de alcance nacional, se tornou um
dos mais solicitados por sua confiabilidade. Mas, seu uso indiscriminado
— e muitas vezes desnecessário — pode oferecer não só riscos ao
consumidor como percalços àqueles que não estão registrados no cadastro.
O problema é que há muita dificuldade para evitar, identificar e
remediar o mau uso do documento.
Longe
de estar relegado à temporada de declaração do Imposto de Renda, o CPF
aparece em muitas outras situações. Alemã de Munique, a estudante
Jennifer Niklas, de 27 anos, aprendeu sobre a popularidade do documento
ao chegar no Brasil, há dois anos. Sem o número, compras na internet
estavam vetadas.
— Quando cheguei, tinha que deixar meu namorado e
amigos pagarem tudo o que fosse pela internet porque tudo pedia CPF.
Compra de ingresso para show na internet, nem pensar. Querem registrar
tudo aqui. Na Alemanha, você pode comprar qualquer coisa na loja, não
precisa dar qualquer número — compara.
Agora casada com um
brasileiro, a alemã tirou um CPF para estrangeiros. A burocracia é
imposta aos que visitam o país. Nada que outro patrimônio nacional, o
“jeitinho”, não ajude.
— Minha mãe me visitou e teve problemas
para usar o chip para celular. As operadoras exigem o CPF para registrar
o número. No fim, um dos atendentes na loja usou o CPF dele mesmo para
habilitar o chip. É muito louco isso — diz.
Fonte: O Globo
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