Consumidoras de seguros saúde conseguiram, por meio de ação
judicial, garantir a total cobertura para a realização da inseminação
artificial. A decisão aconteceu no estado da Bahia e já beneficiou três
famílias.
Isso
ocorre porque as coberturas dos planos não incluem o procedimento. Mas
em casos específicos, como uma impossibilidade de gestação por vias
naturais, e outros agravantes, a exemplo da endometriose, os planos
devem cobrir totalmente o tratamento.
De acordo
com o advogado Cândido Sá, especialista em direito do consumidor,
atualmente o procedimento de fertilização in vitro por meio de plano de
saúde só é possível com o ingresso de ação judicial, mas deveria ser
coberto por todos os planos, inclusive deveria haver tratamento
disponível pelo Sistema Único de Saúde.
Isso
porque a inseminação artificial faz parte do planejamento familiar, que é
direito fundamental do brasileiro, conforme art. 1.565, §2 do Código
Civil e garantido pela Constituição Federal no art. 226, §7º.
"Os
tratamentos de infertilidade têm importante função de auxiliar os
casais brasileiros a aumentarem as famílias. Esta é uma realidade nova,
que caminha em paralelo à maior inserção das mulheres no mercado de
trabalho e na política", observa o advogado.
Assim,
a partir da decisão judicial, as despesas decorrentes dos tratamentos e
procedimentos de fertilização in vitro são de total obrigação dos
planos de saúde.
Casais inférteis
De
acordo com o médico Joaquim Lopes, especialista em reprodução humana,
15% dos casais brasileiros são inferteis. Em geral, a incapacidade de
engravidar se dá por problemas hormonais, endometriose, que acomete
cerca de seis milhões de mulheres no Brasil, e obstrução de trompas,
entre outros.
A incidência do problema, segundo o
médico, é dividida entre homens e mulheres, sendo que cada um é
responsável por 40% da infertilidade e os outros 20% é de problemas nos
dois.
Para casos mais brandos, de menor complexidade, um
tratamento custa em média R$ 4 mil. Já os de mais dificuldade, mais
delicados, chegam a custar R$ 14 mil.
"Esse
tratamento não pode ser considerado luxo. A dificuldade de engravidar
tem de ser observada como uma doença. Os planos têm que cobrir e o
governo também precisa oferecer pelo SUS", afirma Lopes.
Aos
33 anos, sem conseguir engravidar em função de obstrução tubária e
endometriose profunda, Ticiana conquistou na justiça o direito de fazer o
tratamento todo coberto pelo plano de saúde. "Tento há cinco anos e
nada. Já gastei muito dinheiro, todas as minhas economias. Com essa
decisão volto a ter esperança de ser mãe", comemora.
Ticiana
diz, ainda, que as tentativas pagas desgastam emocionalmente pelo fato
dos altos valores do tratamento. Mas, agora que o plano vai cobrir, ela
pode ficar sossegada, pois, conforme o médico Joaquim Lopes, a maioria
dos casos, ou seja, 90% alcança o objetivo.
Fonte: Idec
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