Ao
fim do dia, quanto tempo você passou com o smartphone nas mãos? Embora
ninguém faça a conta, o corpo sente os efeitos do uso prolongado do
celular. Para visualizar a tela, é comum a adoção de posturas
inadequadas em que a cabeça fica projetada para frente.
Em longo
prazo, a posição, que gera tensão na musculatura do pescoço, pode
desencadear uma série de problemas de saúde – até mesmo respiratórios –,
caracterizando o que especialistas batizaram de “síndrome do pescoço de
texto”.
Conforme o fisioterapeuta André Luís dos Santos, diretor
do Instituto Brasileiro de Fisioterapia Vestibular e Equilíbrio, o ato
de projetar a cabeça para frente faz com que essa parte do corpo pareça
mais pesada, devido à ação da gravidade. Com isso, músculos do pescoço e
da coluna precisam se esforçar mais para sustentá-la, o que leva a
doenças ocupacionais.
“Com esse esforço, ocorre a retificação da
curvatura natural da coluna cervical, ou seja, o pescoço fica reto. Isso
provoca desde dor no local – que pode irradiar para os braços e para as
mãos – até desgastes que aceleram a artrose e causam cefaleias pela
compressão de terminações nervosas”, explica.
O problema pode até
mesmo alterar a posição de estruturas respiratórias localizadas no
pescoço, como a traqueia, e impedir a respiração adequada.
Outros
riscos são o de aparecimento de alterações no estômago e no intestino,
já que o esôfago também passa pelo pescoço, e o de disfunções visuais,
já que os músculos oculares precisam fazer mais força para se adaptar à
nova posição da cabeça.
“O pescoço conecta a cabeça ao resto do
corpo. Até a irrigação do cérebro pode ficar comprometida pela ‘síndrome
do pescoço de texto’”, assinala Santos.
Pessoas que sofrem de
enxaqueca e labirintite também podem ter agravamento do quadro devido ao
uso prolongado do smartphone sem atenção à sua postura.
De acordo
com o ortopedista Mauro Volpi, presidente do Comitê de Coluna da
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, a melhor forma de
prevenir esses problemas é praticar atividade física regularmente, para
melhorar o condicionamento e a resistência.
“Quem usa muito o
celular tende a ser sedentário. Com isso, torna-se mais propenso a
sentir dores”, afirma. “Fazer exercícios três vezes por semana, com foco
no fortalecimento da musculatura do tronco e no alongamento, é o ideal.
Mas até caminhar contribui para diminuir a dor”, destaca. A sensação
contínua de desconforto é um sinal de que a “síndrome do pescoço de
texto” pode estar instalada. O tratamento é feito com medicamentos para
melhora do quadro inflamatório e com fisioterapia para reeducação
postural. (AG)
Fonte: O Sul
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