A crise econômica parece não ter afetado o turismo na mesma proporção
que outros setores da economia brasileira. O Ministério do Turismo
estima que as famílias brasileiras realizarão 73,4 milhões de viagens
durante o verão, que começa hoje (21) e se estende até fevereiro de
2017.
Se alcançado, o número representará um incremento de 0,8%
em comparação com o último período, quando foram registradas 72 milhões
de viagens. A expectativa é que esses turistas movimentem R$ 100
bilhões.
O otimismo do ministério é ainda maior em relação a
vinda de estrangeiros ao país. Espera-se que 2,4 milhões de turistas de
outros países desembarquem nos principais destinos nacionais, um
incremento de 11% quando comparado com o último verão.
Considerando
que cada turista estrangeiro gasta, em média, US$ 1,1 mil, o gasto
global pode chegar a US$ 2,6 bilhões (R$ 8,7 bi pelo câmbio desta
quarta-feira). A maior parte desses turistas vem de países vizinhos,
especialmente, a Argentina.
Segundo o ministro Marx Beltrão, o
turismo caminha na contramão da crise e já responde por pouco mais de
3.5% do Produto Interno Bruto (PIB – a soma dos valores de todos os bens
e serviços produzidos no país) brasileiro. “Mesmo em um momento de
crise, o turismo está avançando”, disse Beltrão durante a divulgação do
estudo encomendado à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Dados do Boletim de Desempenho Econômico do Turismo, divulgado em
outubro, já indicavam que o faturamento consolidado das atividades
turísticas cresceu 66% no terceiro trimestre de 2016 em comparação com o
segundo trimestre e há perspectivas otimistas em relação aos
investimentos futuros. Apesar do aquecimento dos negócios, o nível de
emprego no setor caiu 15% no terceiro trimestre e o ministério ainda não
divulgou se o resultado será revertido frente às expectativas para o
verão.
Segundo o ministro do Turismo, o esperado crescimento do
número de turistas estrangeiros é, em parte, fruto do fato de o Brasil
ter sediado a Copa do Mundo e, principalmente, as Olimpíadas.
“Os
eventos foram uma grande vitrine e muitos acreditam que aí foi o ápice
da promoção dos destinos brasileiros mundo afora. Nós preferimos
acreditar que esse foi o início [do trabalho] para mostrarmos que o
Brasil está preparado para avançar em relação ao turismo. Mais de 90%
dos estrangeiros que vieram ao país durante as Olimpíadas afirmaram que
queriam retornar. E outros que não vieram, mas passaram a ver o país com
bons olhos, passam a querer conhecê-lo”.
Cortes no orçamento
O
próprio ministro, no entanto, reconheceu que a situação dos cofres
públicos e o corte de orçamento impactaram a execução de programas e
iniciativas do ministério, mas garantiu que o governo estuda medidas
para reforçar o caixa da pasta e de sua principal autarquia, a Embratur.
“Cortes
foram feitos durante a gestão passada. O trabalho que vem sendo feito é
para aumentar os recursos do ministério devido à importância do
turismo. Claro que,se tivermos mais recursos para a promoção nacional e
internacional do país, podemos aumentar em muito os números de
turistas”, disse.
De acordo com o coordenador do levantamento, o
diretor de Estudos Econômicos e Pesquisas do ministério, José Francisco
de Salles Lopes, entre os destinos que receberão maior número de
turistas brasileiros estão São Paulo, Florianópolis, Rio de Janeiro,
Praia Grande (SP), Salvador, Fortaleza, Curitiba, Cabo Frio, Balneário
Camboriú, em Santa Catarina, e Recife.
O principal meio de transporte dos brasileiros que vão viajar será o carro (53% das viagens), seguido por ônibus (27%) e o avião (8%)
opção que vem caindo mês a mês no último ano, segundo a Associação
Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).. Seis em cada dez turistas
brasileiros pretendem se hospedar na casa de amigos e parentes.
Apenas
19% dos viajantes domésticos vão pernoitar em hotéis, pousadas e
resorts e 10% alugarão um imóvel de temporada. Lopes ainda destacou o
papel do turismo como redistribuidor de renda. Para cada morador da
região Nordeste que viaja para o Sudeste, dois fazem o percurso inverso.
E
a cada real que um nordestino gasta durante a viagem, o morador do
Sudeste deixa nos estabelecimentos nordestinos, em média, R$ 3."A
economia do turismo é extremamente forte se considerarmos a atividade
econômica nacional como um todo, doméstica e regional”, finalizou.
Fonte: EBC
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