Em 2015, das 10,3 milhões de crianças brasileiras com menos de 4
anos, 25,6% (2,6 milhões) estavam matriculadas em creche ou escola.
Entretanto, 74,4% (7,7 milhões) não frequentavam esse tipo de
estabelecimento nem de manhã, nem à tarde.
Desse contingente de
7,7 milhões de crianças que ficavam em casa, 61,8% de seus responsáveis
demonstravam interesse em matricular na creche, o que representa 4,7
milhões dos casos. O interesse do responsável em matricular a criança
crescia com o aumento da idade, passando de 49,1% em crianças com menos
de 1 ano e atingindo 78,6% entre as crianças de 3 anos.
As informações constam do suplemento Aspectos dos cuidados das crianças de menos de 4 anos de idade, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, divulgado hoje (29) no Rio de Janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo
a pesquisa, o percentual de crianças de menos de 4 anos cujos
responsáveis tinham interesse em matriculá-las em creche ou escola
diminuía nas classes de renda média domiciliar per capita mais altas.
“Nas
classes sem rendimento a menos de ¼ do salário mínimo, essa proporção
era de 61,5%, crescendo até a classe de ½ a menos de 1 salário mínimo
(63,9%). A partir da classe de 1 a menos de 2 salários mínimos,
verificava-se redução da proporção, com estimativa de 60,1%, chegando a
54,4% na classe de rendimento domiciliar per capita de 3 ou mais
salários mínimos”, informa o documento.
Das 4,7 milhões de
crianças de menos de 4 anos não matriculadas em creche ou escola, mas
cujos responsáveis tinham interesse em fazê-lo, em 43,2% (2,1 milhões)
dos casos os responsáveis tomaram alguma ação para conseguir uma vaga.
Dentre as medidas adotadas, as mais recorrentes foram o contato com a
creche, a prefeitura ou secretaria para informações sobre existência de
vagas (58,7%) e a inscrição em fila de espera para vagas (37,3%).
A assistente administrativa Dayse Fernandes Bezerra Arruda, de 39
anos, busca uma vaga em creche municipal para seu filho de 6 meses desde
o ano passado para poder voltar a trabalhar. Ela recorreu à Justiça
para que a prefeitura do Rio de Janeiro matricule seu filho em uma
creche.
“Estou com processo em andamento e até agora nada. Fiz a
inscrição em cinco creches em bairros próximos de casa, mas ele não foi
sorteado. Eu não tenho com quem deixá-lo. Meu marido trabalha. Uma
creche particular é inviável, a mais barata está na faixa de R$ 1,5 mil.
Vivemos de aluguel, é complicado pagar uma creche”, disse Dayse.
Plano Nacional de Educação
O
Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado em 2014, estabelece na sua
primeira meta a universalização da educação infantil na pré-escola para
crianças de 4 a 5 anos até 2016 e a ampliação da oferta de educação em
creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos
até 2024.
Segundo o IBGE, os dados de 2015 da Pnad mostram que a
taxa de frequência de crianças de 4 a 5 anos na pré-escola está em
84,3%. No caso das crianças com menos de 4 anos, apenas 25,6% estavam em
creches.
O PNE estabelece metas e estratégias para melhorar a
qualidade da educação até 2024. As metas vão desde a educação infantil
até a pós-graduação e incluem valorização dos professores e melhorias em
infraestrutura.
Perfil das famílias
A
Pnad 2015 estimou que os 10,3 milhões de crianças com menos de 4 anos no
país correspondem a 5,1% da população brasileira. A presença de
crianças desse grupo etário foi registrada em 13,7% dos domicílios.
Segundo
a pesquisadora do IBGE Adriana Araújo Beringuy, o aspecto mais
distintivo entre os domicílios foi o rendimento domiciliar per capita:
a presença de crianças de menos de 4 anos é maior nas classes menos
elevadas. “Quase 74% dos domicílios com crianças até 3 anos estavam nas
faixas de rendimento domiciliar per capita até um salário mínimo. É
perceptível que as crianças desse grupo etário estão em domicílios de
renda mais baixa”, disse.
Fonte: EBC
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