A campanha #VamosDecidirJuntos, uma iniciativa da Federação
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), foi lançada ontem
(23), em São Paulo, com o objetivo de promover o diálogo entre os
médicos, as pacientes e os seus parceiros para a escolha do método
contraceptivo mais indicado de acordo com cada perfil.
A
federação acredita que o diálogo trará mais segurança e informações
claras para a mulher que utiliza métodos contraceptivos, aumentando o
nível de eficácia e reduzindo efeitos colaterais.
Estimativas
indicam que, no Brasil, 22,1% das mulheres adotam a pílula
anticoncepcional como método para prevenir a gravidez, seguindo-se o
preservativo masculino (12,9%), injeção contraceptiva (3,5%) e
dispositivo intrauterino – DIU (1,5%). Os métodos tradicionais
(comportamentais), como a tabelinha e o coito interrompido somam 2,4%.
Segundo
o ginecologista e presidente da Febrasgo, César Eduardo Fernandes, a
campanha pretende levar a discussão também para o casal e incentivar o
diálogo aberto e transparente sobre a contracepção. “Os homens costumam
achar que esse é um problema feminino e não é. É uma decisão que deve
ser do casal, por isso precisamos conscientizá-lo para que esteja
junto”, frisou. Para ele, o médico é importante para dar esclarecimentos
quanto à medicação, embora a escolha seja somente da mulher. “A
paciente é soberana em sua decisão, o médico é apenas o consultor”.
Fernandes
completa que a ideia da campanha também foi motivada pelo
desconhecimento que as mulheres têm sobre os métodos anticoncepcionais.
“Lamentavelmente, somos obrigados a fazer uma consulta curta e não é
possível falar sobre tudo, então a campanha vai alavancar a divulgação
[de todos os métodos].”
A campanha conta com um portal (https://www.vamosdecidirjuntos.com.br/)
com informações seguras e baseadas em orientações médicas, vídeos com
especialistas, textos e artigos sobre o tema. Há ainda um espaço para
esclarecimento de dúvidas sobre os métodos contraceptivos. O objetivo é
ampliar a discussão sobre a contracepção, os métodos mais indicados em
cada perfil e cada momento da vida. A ideia é estimular a mulher a fazer
uma reflexão sobre sua vida sexual, seu momento de vida e sua saúde
para que leve os questionamentos ao médico.
Durante o lançamento
da campanha, o presidente da Febrasgo e a ginecologista e professora do
Departamento de Tocoginecologia da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), Ilza Maria Urbano Monteiro, falaram da importância da mulher
avaliar as necessidades pessoais e das responsabilidades dos médicos.
“Com
essa campanha, a informação está chegando para as mulheres, e é difícil
uma pessoa tomar uma informação consciente se ela não tiver
informação”, esclareceu a professora. “Muita coisa ainda precisa ser
feita, mas precisamos começar a falar desse leque enorme de opções para
oferecer informação”, afirmou.
Decisão
Segundo
a entidade, a contracepção é uma escolha individual com
responsabilidades compartilhadas. Por isso, são necessárias a discussão e
a reflexão. De acordo com as mulheres entrevistadas pela Agência
Brasil, mesmo com o aconselhamento e apoio, a escolha definitiva é da
mulher.
Para a professora Marta Ferreira, a decisão em fazer a
laqueadura aos 30 anos foi só dela, embora tenha consultado o médico e o
companheiro. “Após três filhas, decidi fazer a laqueadura, pois não
queria ter mais filhos, conversei com meu companheiro e ele disse que me
apoiava no que eu decidisse. A decisão foi minha”.
Já a
publicitária Maria Carolina Malta Lahoz Miranda, defende que o médico
deve ser sempre consultado, mas o companheiro, não. “Eu exijo o
preservativo, do contrário não me toca”, explica.
A
documentarista Luísa Ramos concorda que a decisão deve ser da mulher.
“Ainda devemos ouvir várias médicas e outras fontes diversas e
confiáveis, além de experiências de outras mulheres”. E completa: “a
pilula é libertadora para a mulher, mas o uso e prescrição deveriam ser
melhor avaliados, inclusive dar a opção de fazer exame para saber a
tendência de trombose”.
A maquiadora Amanda Araújo acredita que a
indicação de um médico é fundamental. “Cada mulher tem necessidades
diferentes e o acompanhamento médico é sempre bom. A opinião do
parceiro, por mais que não seja crucial para tomada de decisão da
mulher, é bem-vinda, não custa nada perguntar para saber a opinião
dele”.
Métodos contraceptivos
Os métodos contraceptivos podem ser divididos em dois principais grupos, os reversíveis e os definitivos:
Reversíveis: hormonais (pílulas, implantes, anel vaginal, adesivo transdérmico, injetável mensal), barreira (preservativos masculino e feminino), comportamentais (tabelinha e coito interrompido), diafragma, dispositivo intrauterino (DIU) e contraceptivo de emergência (pílula do dia seguinte);
Definitivos: esterilização feminina (laqueadura tubária) e esterilização masculina (vasectomia).
Reversíveis: hormonais (pílulas, implantes, anel vaginal, adesivo transdérmico, injetável mensal), barreira (preservativos masculino e feminino), comportamentais (tabelinha e coito interrompido), diafragma, dispositivo intrauterino (DIU) e contraceptivo de emergência (pílula do dia seguinte);
Definitivos: esterilização feminina (laqueadura tubária) e esterilização masculina (vasectomia).
A
definição do método mais adequado para cada mulher deve considerar o
perfil, histórico de saúde, necessidades e preferências individuais.
Fonte: EBC
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