Cerca de 15% da população urbana consumiu algum produto orgânico nos
últimos dois meses, segundo pesquisa divulgada hoje (7) pelo Conselho
Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável (Organis). A maior procura
por este tipo de produto (34%) está na Região Sul, que ultrapassa o
dobro do consumo nacional. Os dados foram divulgados no primeiro dia da
13ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia (Bio Brazil Fair), que vai até domingo (11), na Bienal do Ibirapuera, na capital paulista.
“Precisávamos
ter o perfil por região, com consumo, costumes e percepção do
consumidor de orgânicos. Essa pesquisa ajudará nas estratégias
comerciais dos produtores, empresas e varejistas. Se há cerca de 600
feiras orgânicas mapeadas no Brasil e, a cada ano, o crescimento do
setor chega em 20%, temos um potencial de aumento do consumo”, disse
Ming Liu, diretor executivo do Organis.
Os produtos orgânicos
mais consumidos são verduras, legumes e frutas. Seis em cada dez
consumidores consomem verduras orgânicas. Os legumes e as frutas são
escolhas de uma em cada quatro pessoas. Entra as outras opções
disponíveis ao consumidor de orgânicos estão produtos como carnes,
chocolates, sucos, leites, laticínios, biscoitos, shampoos, sabonetes e tecidos.
Orgânico
Para ter o selo do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que reconhece como produto
orgânico é necessário seguir alguns critérios, como ter certificação por
organismos credenciados pelo ministério, sendo dispensado da
certificação os produzidos por agricultores familiares que fazem parte
de organizações de controle social cadastradas no Mapa.
Pela legislação, considera-se produto orgânico, seja ele in natura ou
processado, aquele que é obtido em um sistema orgânico de produção
agropecuária ou oriundo de processo extrativista sustentável e não
prejudicial ao ecossistema local.
Consumo
Entre
os motivos apresentados na pesquisa para o consumo neste segmento, os
entrevistados citaram questões relacionadas à saúde. A associação entre
alimentos orgânicos e saúde foi citada por seis em cada dez pessoas
(64%). Indicações de consumo da mídia e de profissionais da saúde também
se destacaram, chegando a 15% das pessoas.
“Existe um grande
interesse dos consumidores, os empreendedores e empresários estão
visualizando essa oportunidade e a feira [Bio Brazil Fair] é um
indicativo de que tem mais produtos disponíveis no mercado”, disse Liu.
No entanto, ele ressalta que é importante a conscientização dos
consumidores sobre as características dos orgânicos e sobre a
regulamentação.
O varejo convencional é o principal local de
compra dos produtos orgânicos. Cerca de 60% das pessoas vão até os
supermercados e aproximadamente 25% compram em feiras. No entanto, o
mercado de orgânicos tem ainda lojas especializadas em produtos
naturais, compra direto com o produtor e os clubes de compras coletivas,
que são ainda uma promessa, na avaliação do Organis.
Marcas
A
pesquisa chegou à conclusão que, para os consumidores, não há uma marca
associada de forma sólida ao mercado de produtos orgânicos no país,
porque 84% dos entrevistados não souberam citar uma marca específica.
“Para nós o que foi uma surpresa é que desses 15% [de pessoas que
consumiram orgânicos], 85% não lembraram da marca do produto que
consumiram. Então eles não fidelizaram ainda com uma marca”, disse Lui.
Segundo
a entidade, existe uma grande disposição para consumir mais produtos
orgânicos, mas o preço foi citado como o maior limitador para o aumento
do consumo. A falta de preços acessíveis foi citada por 62% dos
entrevistados como impeditivo. A falta de lugares próximos foi a segunda
causa mais citada (32%), seguida por falta de conhecimento (11%).
Apesar de haver um movimento crescente para o consumo de orgânicos, 25%
das pessoas não estão interessadas em mudar o hábito de consumo
convencional.
Feita pela Market Analisys, a pesquisa entrevistou
905 consumidores de orgânicos, sendo adultos com idades entre 18 e 69
anos, de São Paulo, de Rio de Janeiro, de Salvador, de Belo Horizonte,
de Brasília, de Curitiba, do Recife, de Porto Alegre e de Goiânia.
Fonte: Agência Brasil
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