A taxa de homicídios da população negra no Brasil superou em quase
2,5 vezes a da população não negra em 2015, divulgou hoje (5) o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em uma pesquisa com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O
levantamento utilizou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística e do Ministério da Saúde e mostra também que, enquanto a
taxa de homicídios dos não negros caiu 12,2% entre 2005 e 2015, a dos
negros subiu 18,2%.
Em 2005, a taxa de homicídios da população
negra (pretos e pardos) era de 31,5 para cada 100 mil habitantes. A
proporção chegou a 38,5 para 100 mil em 2014 e caiu para 37,7 para 100
mil em 2015, um aumento de 18,2%.
O aumento foi quase 8 pontos
percentuais mais intenso para a população negra que para a população
brasileira em geral, que teve um aumento de 10,6%, passando de 26,1
homicídios para cada 100 mil habitantes em 2005 para 28,9 em 2015.
A
população não negra (brancos, amarelos e indígenas), por sua vez,
vivenciou uma queda na taxa, que deixou os 17,4 homicídios por 100 mil
habitantes em 2005 para 15,3 por 100 mil em 2015.
Negros alagoanos têm taxa 11 vezes maior
A
diferença entre as taxas de homicídios de negros e não negros fica
ainda mais marcada quando a pesquisa separa os indicadores de cada
unidade da federação.
Alagoas chega a ter a taxa de homicídios de negros onze vezes maior
que a de não negros: uma disparidade de 6 casos por 100 mil não negros
para 68,2 casos por 100 mil negros. Os não negros de Alagoas têm a menor
taxa de homicídios do país, com números mais baixos que São Paulo, que
tem a menor taxa geral de homicídios -- com 12,2 mortes para 100 mil
habitantes e 9,9 para cada 100 mil não negros.
A situação de
Alagoas é semelhante à dos estados mais violentos do Nordeste. Em
Sergipe, a taxa para negros é de 73,3 por 100 mil, enquanto a de não
negros é de 13,2 por 100 mil. Na Paraíba, são 52,3 negros mortos para
cada 100 mil, enquanto a taxa dos não negros é de 6,1 para 100 mil.
Aumento de 331% no Rio Grande do Norte
Os
três estados também apresentam grandes disparidades raciais na variação
da taxa de homicídios ao longo dos 10 anos da pesquisa. Em Alagoas, a
taxa aumentou 68% para os negros e caiu 12,7% para os não negros entre
2005 e 2015; na Paraíba, o aumento foi de 98% para os negros e de 58,6%
para os não negros; em Sergipe, houve um acréscimo de 197,4% para os
negros e de 9,4% para os não negros.
Estado que teve a maior alta
de homicídios entre 2005 e 2015 (232%), o Rio Grande do Norte registra
um número ainda mais grave para a população negra: um crescimento de
331,8% da taxa de homicídios. Para os não negros, o aumento foi de
64,1%.
Taxa três vezes maior para negros
Em
12 unidades da federação, a taxa de homicídios de 2015 era ao menos
três vezes maior para negros que para não negros. Estão nessa lista
Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito
Santo, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Nos
casos de Acre, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e Rio de Janeiro, a
taxa de homicídios de negros é ao menos duas vezes maior que a de não
negros.
Paraná e Roraima são os únicos estados em que a taxa de
homicídios dos não negros supera a dos negros. Nos demais estados, a
taxa para negros é maior, mas não chega a ser o dobro da taxa para não
negros.
Fonte: EBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário