A expansão do mercado de crédito nos últimos anos e a consequente
recessão trouxe o desafio às empresas na recuperação de débitos, segundo
especialistas. O tema foi debatido hoje (8) durante seminário promovido
pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e
Investimento (Acrefi) na capital paulista.
Jefferson Frauches
Viana, presidente do Instituto Gestão de Excelência Operacional em
Cobrança (Geoc), que representa as empresas especializadas em
recuperação de crédito, explica que o desemprego alto e os reflexos da
crise criaram um cenário único no Brasil, em que a liquidez diminuiu e a
recuperação de crédito se tornou difícil.
Segundo a Serasa
Experian, em agosto deste ano, o país tinha 59,3 milhões de
inadimplentes, ou cerca de 40% da população acima de 18 anos. O valor
devido entre os consumidores brasileiros era de R$ 264,4 bilhões e,
entre empresas, de R$ 105, 6 bilhões.
Estudo do Geoc aponta que
5% dos inadimplentes não sabem para quem estão devendo e 29% desconhecem
o valor devido. A pesquisa mostrou que 77,6% desses devedores ganham
até dois salários mínimos.
Educação financeira
Godofredo
Barros, CEO da Ipanema Credit Management, especializada em cobrança,
disse que a população das classes C, D e E passam, em média, por quatro
momentos de inadimplência financeira em suas vidas. Ele disse que é
comum que as pessoas com menor renda entrem em dívidas, façam a
quitação, e depois voltem a se endividar. “O brasileiro não é mal
pagador, só faltou educação financeira”, disse.
“Houve uma
avalanche de concessão de crédito, essa concessão se deu de maneira
rápida e para o consumidor despreparado, que não tinha educação
financeira”, completou ele. De acordo com Godofredo, o setor vem
buscando entender o perfil dos inadimplentes para modernizar a forma de
cobrança.
Num modelo antigo, a cobrança era feita por meio de call center,
em que os atendentes chegavam a fazer 30 ligações para o mesmo
indivíduo numa mesma semana. Godofredo explica que essa estratégia está
ultrapassada. “Temos que acertar o meio de comunicação, por e-mail, um link para acessar o portal com inteligência artificial. O sucesso chega na forma como a cobrança é feita”, disse.
Fim das ligações
Apesar
de 83% dos inadimplentes possuírem um celular, eles preferem não
negociar por ligação telefônica. “Cada vez mais, os jovens se tornam
devedores e [eles] não gostam de falar ao telefone, querem outros
meios”, disse Jefferson.
Levantamento do Geoc, feito com 176 mil devedores no país, indica que o e-mail é
o principal meio usado atualmente, já que assim ocorreram 55,4% das
negociações em 2015 e 46,4% neste ano. O telefone foi usado em 27,6% dos
casos no ano passado e caiu para 20% este ano. O aplicativo Whatsapp foi usado em 7,6% dos casos no ano passado e cresceu para 14% este ano. O SMS foi o canal usado em 3,7% dos acordos e passou a 10,7% este ano.
Fonte: Agência Brasil
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