As novas regras para o rotativo do cartão,
que começaram a valer no início de abril, estão causando um efeito de
queda dos juros da modalidade de crédito, que têm as taxas mais caras do
mercado. É o que aponta pesquisa divulgada pela Associação Nacional de
Executivos de Finanças (Anefac). Os juros do cartão recuaram de 14,31%
em abril para 13,25% em maio, segundo o estudo.
A Anefac realiza
todo mês a pesquisa com a variação dos juros para pessoas físicas e
jurídicas. Em maio, o estudo mostrou queda de taxas de juros em todas as
modalidades para pessoa física.
Além do cartão de crédito, que
registrou a queda mais expressiva, houve recuo de 0,08 ponto percentual
nos juros empréstimo pessoal em financeiras, que caíram de 8,15% para
8,07%. As taxas do empréstimo pessoal em bancos caíram 0,04 ponto
percentual, de 4,45% para 4,41%.
No comércio a queda também foi
de 0,04 ponto percentual, de 5,76% para 5,72%. Os juros do crédito
pessoal automático caíram 0,03 ponto percentual, de 2,23% para 2,2%, e
os do cheque especial, 0,02 ponto percentual, de 12,3% para 12,28%.
No crédito para pessoas jurídicas, a pesquisa também mostrou recuo
generalizado. A taxa mensal do desconto de duplicatas barateou 0,05
ponto percentual, recuando de 2,98% para 2,92%. O crédito para capital
de giro barateou 0,05 ponto percentual, caindo de 2,49% para 2,44%. Por
fim, o custo do crédito via conta garantida/cheque especial caiu 0,04
ponto percentual, de 8,27% para 8,23%.
“As taxas vêm caindo em
todas as categorias, mas onde caiu mais foi no [crédito] rotativo. Essa
mudança [nas regras] é que provocou uma queda um pouco maior. As demais
taxas de juros caíram dentro do intervalo da Selic [taxa básica de juros
da economia definida pelo BC, atualmente em trajetória de queda]”,
explica o economista Miguel de Oliveira, diretor-executivo da Anefac.
Novas regras
Desde
o início de abril, os consumidores que não conseguem pagar
integralmente a tarifa do cartão de crédito só podem ficar no crédito
rotativo por 30 dias. A medida consta de reforma microeconômica
anunciada pelo governo no fim do ano passado. Ultrapassado o limite, os
bancos são obrigados a transferir os débitos no rotativo para o crédito
parcelado, que cobra taxas menores.
O diretor da Anefac destaca
que mesmo com a queda nos juros do cartão de crédito, que tende a
continuar, as taxas cobradas “ainda são muito altas”. Segundo a Anefac,
de junho de 2016 a março de 2017, os juros acumulados do cartão de
crédito somam 436,51%.
A entidade aponta, na pesquisa, uma
tendência a que as taxas de juros em geral sigam caindo, em razão das
reduções da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central.
Desde outubro de 2016, o BC faz sucessivos cortes
na Selic, devido à melhora nas expectativas quanto à queda da inflação. A
Anefac ressaltou, no entanto, que ainda há risco elevado de
inadimplência, o que favorece novas elevações das taxas de juros.
Fonte: EBC
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