Em julho, Oi, Claro e TIM tiveram vendas suspensas devido à má
qualidade dos serviços; de lá para cá, queixas no Procon-SP, Reclame
Aqui e redes sociais não recuaram.
O cientista
social Fabrício Reis, 30, tinha um celular pós-pago da TIM. Em março,
pediu migração para um plano mais barato, porque ia passar uma temporada
no exterior. Mas a TIM não efetivou a mudança e continuou a cobrar o
plano antigo, que estava em débito automático, afirma Reis. Marco
Antônio de Menezes, funcionários público, foi ao Procon-SP no início de
outubro por causa de uma multa de R$ 1,3 mil que recebeu da Claro, por
quebra de contrato. Mas Menezes diz que é cliente da operadora há quase
sete anos, tempo suficiente para vencer qualquer tipo de acordo de
fidelidade.
Reclamações contra empresas de telefonia móvel, como
as contadas acima, sempre foram frequentes nos órgãos de defesa do
consumidor. Três meses após a
Anatel proibir a venda de novos planos de Oi, TIM e Claro
por mais de uma semana, como forma de punição pela má qualidade dos
serviços prestados, essas queixas não diminuíram. É o que mostra
levantamento feito com dados do Procon-SP, do portal Reclame Aqui e de
medições de conversas em redes sociais feitas pelo instituto Data
Popular.
Veja o número de queixas antes e depois da punição, que ocorreu entre 23 de julho e 2 de agosto:
Sem melhoras
Queixas contra empresas punidas pela Anatel no final de julho não mostra recuo.
A
punição da Anatel terminou com a promessa de que a agência avaliaria
trimestralmente as empresas. As análises, no entanto, levarão em conta o
cumprimento dos planos de investimentos exigido das companhias – e não a
quantidade de reclamações. E, mesmo se levassem, a Anatel usaria o
banco de queixas feitas à própria agência, explica a assessoria de
imprensa do órgão. Portanto, o levantamento feito junto a órgãos de
defesa do consumidor e redes sociais é “extra oficial”.
Nas redes
sociais, as queixas tiveram alta expressiva no período que se seguiu à
proibição da Anatel, segundo pesquisa do Data Popular. Nos três meses
anteriores à suspensão, houve 21,6 mil conversas sobre as operadoras nos
sites Orkut, Facebook e Twitter, sendo 27% com teor negativo. Nos três
meses seguintes, foram registradas 187,7 mil, alta de 772%, das quais
19% eram negativas. A TIM é a líder de reclamações. A empresa aparece em
56% das conversas nos seis meses medidos, sendo que três em cada quatro
menções são negativas.
"A própria punição da Anatel chamou a
atenção dos consumidores para os problemas do setor, o que deve
explicar, ao menos em parte, o número de queixas ter subido de agosto
para cá", diz Selma do Amaral, diretora de atendimento ao consumidor do
Procon-SP, onde todas as empresas tiveram alta nas queixas. "Ainda
assim, entre os clientes prejudicados de alguma forma pelos serviços,
acredito que apenas uma minoria reclame em órgãos de defesa", afirma.
Outro lado
Para
a Oi, o número de reclamações ter se mantido mais ou menos estável é
algo positivo. “Há um erro matemático nessa comparação. Se o número de
reclamações se mantém constante, enquanto a base de clientes cresceu, na
verdade as reclamações diminuíram. No último ano, tivemos um acréscimo
de um milhão de clientes de celulares pré-pagos só em São Paulo”, diz
Francisco Valim, presidente da empresa. “Não só apresentamos um plano
robusto e definido para a Anatel como prestamos contas mensais sobre
esse plano”, afirma.
A Claro, através de nota enviada , informa
que tem trabalhado para a melhoria da qualidade dos serviços. “A
operadora continua realizando fortes investimentos em tecnologias e em
novas plataformas para proporcionar um melhor atendimento ao consumidor.
A operadora está seguindo o cronograma estipulado pela Anatel. Em 2012,
o investimento da Claro em ações de melhoria somam R$ 3,5 bilhões e já
podem ser percebidas em diversos estados”, diz o comunicado.
A TIM
também se posicionou através de nota. “A companhia foi a segunda
empresa menos demandada do setor de telecomunicações, figurando em 11º
lugar, no Cadastro Nacional de Reclamações Fundamentadas (SINDEC). Ainda
considerando o Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor
(SINDEC), comparando o 2º semestre de 2011 com o 1º semestre, a TIM foi a
única empresa a apresentar redução de demandas entrantes nos PROCONs
integrados ao SINDEC. Por fim, a operadora esclarece que cumpriu a meta
de resolutividade, acordada com o DPDC – que era de 60%. Em 2011, a
TIM/Intelig registrou 60,5% de resolutividade”, diz o texto.
Segundo
os dados mais recentes da Anatel, em junho o Brasil possuía pouco mais
de 256 milhões de linhas ativas de telefones móveis. A Vivo é líder de
mercado com 29,56% de participação, seguida por TIM (26,89%), Claro
(24,58%) e Oi (18,65%).
Nenhum comentário:
Postar um comentário