segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Dívida no cartão de crédito dobra em apenas oito meses

Imagine receitas de bolo com quantidades diferentes de fermento. A que tem mais, cresce a uma velocidade muito maior. É o que acontece quando comparamos a evolução de dívidas feitas no cartão de crédito, no cheque especial, no carnê e no cartão de loja com o investimento da mesma quantia na poupança. Enquanto no cartão o valor do débito leva apenas oito meses para dobrar, na caderneta o cliente espera por longos 14 anos e um mês (ou 169 meses) pelo milagre de ver o dinheiro duplicar de tamanho.
De acordo com o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, que fez as simulações a pedido do EXTRA, as entidades do mercado financeiro levam em conta, no momento de calcular, as taxas de juros em vigor.
— Elas são compostas por custo de captação, juros que o banco paga ao tirar dinheiro de um cliente e emprestar para outro; impostos, despesas administrativas, como pessoal e papel; risco de inadimplência e margem de lucro do banco ou da financeira. Mesmo com o risco de inadimplência elevado, nada justifica as taxas serem tão altas como são aqui no Brasil. É necessário pesquisar muito, antes de fechar qualquer operação de crédito para ver quem oferece as condições mais vantajosas — adverte Miguel de Oliveira.
O ascensorista José Magalhães Maia, de 42 anos, está preocupado com a data de vencimento de seu cartão de crédito. A fatura, no valor de R$ 1.040,64, tem que ser paga até o próximo dia 20, mas ele não tem como pagá-la.
— Mas nem penso em quitar só a parcela mínima! Vou pegar um empréstimo para fugir dos juros altos. Pagar o cartão é prioridade — diz.
José reclama que o tratamento dado pelos bancos é muito diferente.
— Você confia seu dinheiro ao banco e o retorno é quase zero. Mas, quando eles que emprestam, os juros são enormes — queixa-se.
 
 
Os juros mais elevados
Para o economista José Dutra Vieira Sobrinho, mesmo que os juros do Brasil fossem cortados pela metade, ainda seriam altos:
— Não existe país como o Brasil, em termos de taxas. No cartão de crédito, os juros médios são de 9,37% ao mês. O Peru, segunda maior taxa na América do Sul, cobra 3,72% ao mês, em média. Mesmo que nossos juros fossem reduzidos à metade, ainda seríamos os líderes.
Na avaliação dele, nem a inadimplência é motivo para bancos e financeiras cobrarem taxas tão elevadas.
— Geralmente, quem se endivida no cartão de crédito enfrenta problemas com o cheque especial. O jeito é tentar fugir desses juros, de qualquer maneira — diz.
Uma opção é juntar dinheiro. Se não der para comprar à vista, vale para dar um bom valor de entrada e reduzir o valor a ser parcelado.



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