A Petrobras está numa sinuca. Para atender ao maior
consumo de gasolina e diesel no mercado interno, a empresa precisa fazer
investimentos em novas refinarias para ampliar a oferta de derivados e,
assim, reduzir gastos com importação de combustíveis. E, para que os
investimentos sejam executados, a empresa precisa aumentar a geração de
caixa. No entanto, sua principal fonte de receita — a venda de derivados
no Brasil — enfrenta restrições, já que seu acionista controlador, a
União, não permite que os preços do diesel e da gasolina acompanhem a
cotação do petróleo no mercado internacional, temendo o impacto sobre a
inflação. Diante dessa situação, a alternativa que resta à empresa é se
endividar mais, dizem analistas.
Na
opinião do analista-chefe da Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa, e do
analista de petróleo da corretora Bruno Piagentini, não haverá mais
reajustes nos próximos seis meses. A cúpula da Petrobras compartilha da
avaliação. Segundo fontes ligadas à estatal, a gasolina e o diesel só
teriam o preço reajustado possivelmente no segundo semestre, a depender
da inflação.
Semana
passada, a Petrobras reajustou a gasolina em 6,6% e o diesel, em 5,4%,
mas a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse ontem que a alta não
foi suficiente para repor as perdas decorrentes da defasagem de preços
em relação aos cobrados no exterior. A avaliação da direção da empresa é
que a mistura do álcool na gasolina, a partir de maio, dará fôlego à
petrolífera, mas que a produção “vai caminhar de lado” e que será
difícil atravessar 2013.
— A situação da empresa é preocupante e o cobertor é curto — disse uma fonte.
União aparece como dupla vilã
Lucas
Blender, analista de petróleo da Geração Futuro, sugere que o governo
abra mão do PIS/Cofins que incide sobre o diesel e a gasolina, para
anular efeitos na inflação de novos reajustes. Afinal, a União aparece
como uma dupla vilã na encruzilhada em que se encontra a Petrobras. De
um lado, incentiva o consumo nacional de combustíveis, com a redução do
IPI para carros. Do outro, inibe o aumento no preço dos combustíveis.
— Contrair dívidas para financiar os projetos parece ser o único caminho a curto prazo — afirmou Blender.
Ainda
que consiga se financiar e que outros reajustes sejam concedidos, o nó
só começará a ser desatado de fato em novembro de 2014, quando entrará
em operação a Refinaria do Nordeste (PE), avaliada em R$ 17 bilhões. Em
abril de 2015, será a vez do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj), orçado em mais de R$ 30 bilhões. Mas eles não resolverão o
problema da oferta de combustíveis, pois não produzirão gasolina, que
puxou as importações de derivados em 2012. A alta foi de 102%, e a do
diesel, de 16%.
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