quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

GASOLINA: Novo reajuste só virá no segundo semestre de 2013, a depender da inflação, segundo fontes

A Petrobras está numa sinuca. Para atender ao maior consumo de gasolina e diesel no mercado interno, a empresa precisa fazer investimentos em novas refinarias para ampliar a oferta de derivados e, assim, reduzir gastos com importação de combustíveis. E, para que os investimentos sejam executados, a empresa precisa aumentar a geração de caixa. No entanto, sua principal fonte de receita — a venda de derivados no Brasil — enfrenta restrições, já que seu acionista controlador, a União, não permite que os preços do diesel e da gasolina acompanhem a cotação do petróleo no mercado internacional, temendo o impacto sobre a inflação. Diante dessa situação, a alternativa que resta à empresa é se endividar mais, dizem analistas.
Na opinião do analista-chefe da Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa, e do analista de petróleo da corretora Bruno Piagentini, não haverá mais reajustes nos próximos seis meses. A cúpula da Petrobras compartilha da avaliação. Segundo fontes ligadas à estatal, a gasolina e o diesel só teriam o preço reajustado possivelmente no segundo semestre, a depender da inflação.
Semana passada, a Petrobras reajustou a gasolina em 6,6% e o diesel, em 5,4%, mas a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse ontem que a alta não foi suficiente para repor as perdas decorrentes da defasagem de preços em relação aos cobrados no exterior. A avaliação da direção da empresa é que a mistura do álcool na gasolina, a partir de maio, dará fôlego à petrolífera, mas que a produção “vai caminhar de lado” e que será difícil atravessar 2013.
— A situação da empresa é preocupante e o cobertor é curto — disse uma fonte.
União aparece como dupla vilã
Lucas Blender, analista de petróleo da Geração Futuro, sugere que o governo abra mão do PIS/Cofins que incide sobre o diesel e a gasolina, para anular efeitos na inflação de novos reajustes. Afinal, a União aparece como uma dupla vilã na encruzilhada em que se encontra a Petrobras. De um lado, incentiva o consumo nacional de combustíveis, com a redução do IPI para carros. Do outro, inibe o aumento no preço dos combustíveis.
— Contrair dívidas para financiar os projetos parece ser o único caminho a curto prazo — afirmou Blender.
Ainda que consiga se financiar e que outros reajustes sejam concedidos, o nó só começará a ser desatado de fato em novembro de 2014, quando entrará em operação a Refinaria do Nordeste (PE), avaliada em R$ 17 bilhões. Em abril de 2015, será a vez do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), orçado em mais de R$ 30 bilhões. Mas eles não resolverão o problema da oferta de combustíveis, pois não produzirão gasolina, que puxou as importações de derivados em 2012. A alta foi de 102%, e a do diesel, de 16%.

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