sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Alimentos: consumidor tem dificuldade para compreender tabela nutricional de rótulos



Divulgação da tabela nutricional em embalagens de alimentos e bebidas é obrigatória
Foto: Ricardo Gomes / Arquivo Agência O Globo
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com 807 mulheres, divulgada nesta quinta-feira, revela que 80% delas consideram importante a informação nutricional no momento da compra de alimentos. O levantamento, porém, destaca um dado preocupante: quase metade das entrevistadas (40%) admitiu não compreender totalmente o que consta nas tabelas impressas nos rótulos.
Segundo Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec e coordenadora da pesquisa, as consumidoras demonstram preocupação com a qualidade da alimentação, o que “é importante para frear o crescimento dos números de doenças crônicas". Mas, a informação da tabela nutricional ainda é usada de maneira restrita.
“A informação é valorizada, mas ainda utilizada de maneira restrita, porque as pessoas não conseguem compreendê-la totalmente. Surpreende o fato de as mulheres que têm doenças crônicas ou familiares nessa situação — e que teoricamente necessitam desse tipo de informação — não utilizarem mais a rotulagem que as demais”, destacou a nutricionista.
Dificuldade de leitura
Durante a pesquisa foram entrevistadas consumidoras saudáveis e mulheres com hipertensão, diabetes, colesterol elevado ou obesidade. Ana Paula Bortoletto ressaltou ainda o fato que menos da metade das entrevistadas, de todas as faixas de renda, saber que a rotulagem de alimentos é obrigatória por lei.
Entre outros aspectos, o estudo avaliou a facilidade de leitura e visualização —considerando o tamanho da letra e a sua localização na embalagem. Nesse aspecto, 34% das mulheres com doenças crônicas disseram ser muito difícil essa leitura. Entre as saudáveis, 23% tiveram a mesma opinião.
As complicações diminuem quando foi avaliada a presença de termos como “contém glúten”, “colorido artificialmente” e “contém soja transgênica”. Cerca de 40% das entrevistadas consideraram que essas informações influenciam na decisão de compra. Quase metade das consumidoras que participaram da pesquisa avaliaram ser fácil ou muito fácil a compreensão dessas mensagens.
Frases de alerta podem ajudar
A pesquisa destaca que quase todas as entrevistadas (96%) afirmaram que frases de alerta ajudariam na escolha por alimentos mais saudáveis. As frases analisadas foram do tipo: “Este produto contém muito sódio e, se consumido em grande quantidade, aumenta o risco de pressão alta e doenças do coração”.
Para o Idec, uma das soluções para melhorar o entendimento das informações seria usar o semáforo nutricional nas embalagens. Ou seja, incluir, na parte frontal das embalagens alimentares, um sinal como o de trânsito: verde para nutrientes que aparecem em quantidades baixas; amarelo para aqueles que estão em quantidades medianas; e vermelho para os que aparecem em quantidades altas no produto alimentício. É o que também acha a maioria das entrevistadas, 59% consideram que as marcações com cores nos rótulos nutricionais estimulariam uma mudança do seu hábito de consumo do alimento
Os rótulos do tipo semáforo nutricional são baseados em uma proposta da Agência de Regulação de Alimentos do Reino Unido. No país a rotulagem nutricional vem sendo discutida há muitos anos e recentemente foram obtidos avanços nessa questão. Em junho deste ano, a Ministra da Saúde do Reino Unido anunciou que grandes multinacionais irão adotar o semáforo, unindo-se a grandes varejistas que já usam esse tipo de rotulagem.
O Idec informou que procurou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para saber se o orgão tem avaliado meios de melhorar a rotulagem nutricional dos alimentos. Contudo, a agência não se pronunciou até o momento, segundo o instituto.
Fonte: O Globo - Online

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