A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na última semana uma nova indicação para a abiraterona, medicamento contra o câncer de próstata em metástase. A partir de agora, essa droga poderá ser usada em pacientes que deixaram de responder à terapia hormonal convencional — que é à base de remédios orais e é a primeira etapa do tratamento — e antes de iniciarem a quimioterapia. Assim, homens que sofrem com a doença terão mais uma opção para controlar o câncer antes de precisarem ser submetidos ao tratamento quimioterápico, que é muito mais agressivo por desencadear uma série de efeitos adversos.
Conforme explica José Augusto Rinck Junior, oncologista clínico do Hospital A. C. Camargo, o início do tratamento contra o câncer de próstata metastático consiste em reduzir os níveis de testosterona no organismo do paciente, já que o hormônio é fundamental para que os tumores consigam crescer e se proliferar. É o que faz a terapia hormonal, que, embora não promova a cura, controla a progressão da doença. “Porém, chega um momento em que o indivíduo se torna resistente a esse tratamento. E é aí que entramos com a quimioterapia”, disse o médico ao site de VEJA. Segundo ele, todo paciente com câncer de próstata que entra em metástase precisa, em algum momento, da quimioterapia.
O abiraterona, com a nova indicação de uso, funcionará como mais uma etapa antes de o paciente chegar ao tratamento quimioterápico. De acordo com Rinck Junior, essa droga também configura uma terapia hormonal, mas é diferente da convencional pois, em vez de agir somente na produção da testosterona nos testículos, também interfere na produção do hormônio pela glândula adrenal e pelo próprio tumor.
Aplicações — O abiraterona foi aprovado no Brasil em novembro de 2011. Até agora, ele era usado em pacientes com câncer de próstata metastático que já haviam deixado de responder à terapia hormonal e a uma primeira fase de quimioterapia, conforme explica José Augusto Rinck Junior, oncologista clínico do Hospital A. C. Camargo. “Esse medicamento funcionava bem para postergar a necessidade de uma etapa de quimioterapia mais agressiva que não oferece comprovadamente uma maior sobrevida ao paciente. Os médicos, então, pensaram: se funciona tão bem depois da primeira etapa de quimioterapia, por que não tentar usar a droga antes?”, disse o oncologista ao site de VEJA.
O estudo no qual a Anvisa se baseou para aprovar o novo uso de abiraterona foi feito com 1.088 homens com câncer de próstata metastático. Eles haviam deixado de responder ao tratamento hormonal padrão, mas não haviam sido submetidos à quimioterapia. De acordo com os resultados, a droga conseguiu retardar a evolução da doença e adiar em cerca de dez meses o início do tratamento quimioterápico. “Parece que o medicamento também aumenta a sobrevida global do paciente, mas esse dado do estudo ainda não está concretizado para afirmarmos com certeza”, diz Rinck Junior.
“Infelizmente, esse medicamento não vai curar o paciente, pois ele ainda precisará em algum momento da quimioterapia. Porém, ele adia o tratamento mais agressivo e os seus efeitos adversos e estende o tempo em que o paciente se trata apenas com remédios orais que podem ser tomados em casa”, disse o oncologista. “Mesmo assim, é mais uma ferramenta para dar sobrevida ao paciente, mesmo que o seu câncer já tenha entrado em metástase.”
Fonte: Veja - Online
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