segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Classe média: a crescente categoria dos endividados

A classe média está crescendo no país, mas a nova situação de poder de compra de consumidores emergentes está criando uma situação alarmante: o superendividamento. Uma pesquisa realizada pelo pelo GuiaBolso.com, plataforma que auxilia na gestão financeira, confirma a falta de experiência do novo consumidor de classe média com novos elementos financeiros, como crédito.
“Números oficiais indicam que cerca de 35 milhões de brasileiros entraram na classe média nos últimos dez anos, tendo grande acesso ao crédito, mas sem o acompanhamento de uma educação financeira efetiva para eles”, afirma Thiago Alvarez, ex-consultor da McKinsey e cofundador do GuiaBolso.com.
Outro dado aponta que 31% dos integrantes da classe C gastam tudo aquilo que recebem, sem criar uma reserva que possa recorrer em casos inesperados, como doenças na família ou desemprego. “São pessoas potencialmente sujeitas a adquirir dívidas”, comenta Alvarez. Apenas 15% dos usuários da classe C possuem algum tipo de poupança, enquanto apenas 2% são realmente investidores, com reserva financeira superior a três meses de salário. 
No entanto, nas classes A e B os números não são muito diferentes, com 49% dos usuários com dívidas que comprometem um valor superior a um terço da receita mensal, enquanto outros 28% gastam tudo o que recebem. Por outro lado, as classes A e B têm um porcentual maior de poupadores e investidores, respectivamente 16% e 7%. “O aumento da inflação nos últimos tempos acabou por elevar o custo de vida desta pessoas, reduzindo ou até mesmo eliminando a reserva mensal que tinham”, explica Benjamin Gleason, norte-americano que vive há cinco anos no Brasil, ex-diretor do Grupon e cofundador do GuiaBolso.com. 
A parcela dos usuários que realmente chama a atenção é formada pelas classes D, E e F. Mesmo com a renda menor, apenas 36% deles têm dívidas superiores a um terço da receita mensal, enquanto 41% gastam tudo o que recebem mensalmente. Além disso, 21% já consegue uma economia mensal para montar uma pequena poupança.
Considerando toda a base, 55% dos usuários estão “em apuros”, ou seja, passam constantemente por falta de dinheiro e precisam quitar dívidas maiores que um terço da renda, enquanto 33% estão “no limite”, gastando tudo o que recebem.
Outra pesquisa, divulgada no mês de junho pelo Serasa Experian, revelou que sete em cada dez brasileiros não costumam poupar. Além não terem o hábito de guardar dinheiro para algum projeto ou imprevisto, o estudo revela que metade dos brasileiros desconhecem as vantagens de poupar. Pela pesquisa é possível concluir que a falta de interesse em aplicar quantias na poupança tem causa no desconhecimento desse sistema financeiro - e não apenas na falta de capital.

Descubra o seu perfil financeiro
Para determinar o próprio perfil financeiro e identificar se está entre os endividados ou não o consumidor deve analisar sua renda, despesas mensais, dívidas e parcelas já assumidas. Os perfis (e os caminhos indicados) pelo Guia são os seguintes:

Perfil: Em apuros e No Limite

Consistentemente falta dinheiro ao final do mês e ela precisa contrair mais dívidas para pagar as contas. O limítrofe gasta praticamente tudo que ganha e vem contraindo dívidas

O que devem fazer?

Virar um "negociador": junto com toda família, rever todo o orçamento mensal e não ter medo de tomar decisões difíceis, como vender alguns bens e cortar muitos gastos. Com novo orçamento em mãos, renegociar as dívidas com todas instituições financeiras. Adotar uma postura "controlada": prever no orçamento uma sobra mensal não negociável. Esse valor que será poupado deve ser tratado mentalmente como uma dívida ou uma conta muito importante que se paga no início de cada mês. Para sobrar esse dinheiro, uma revisão do orçamento será necessária.

Perfil: Poupador

Consegue economizar dinheiro, mas ainda não conseguiu montar uma reserva financeira de segurança

O que deve fazer?

O principal motivo de inadimplência é a perda de emprego ou doença. Por isso, é importante reservar dinheiro para esse tipo de situação. Em geral essa reserva deve ser suficiente para cobrir 3 a 6 meses sem trabalhar e ficar aplicada em investimentos com baixo risco.

Perfil: Investidor

Já tem uma reserva financeira que o permite ficar pelo menos três meses sem salário e constantemente aplica mais dinheiro em seus investimentos

O que fazer?

É incrível como mesmo investidores desperdiçam muito dinheiro à toa. Uma rápida revisão do orçamento pode trazer oportunidades interessantes. Do lado de investimento, nesse estágio já faz sentido começar a diversificar um pouco mais o portfólio, dada a reserva financeira de segurança já acumulada.
Fonte: Uol - Consumidor Moderno

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